domingo, março 01, 2015

Celular - Stephen King - Livro e Filme



Porque a demora de nove anos para adaptar o livro o torna um filme importante....


Em um primeiro olhar para a próxima adaptação cinematográfica do romance Celular de Sthepen King, o livro se destaca como o primeiro e único romance longo do Rei, até a data, que conta uma história de zumbis (Claro, antes ele já havia feito uma incursão no tema no conto Home Delivery presente em Nightmares & Dreamscapes), e você ainda poderia incluir os mutantes da saga Torre Negra no universo das criaturas zumbis. Mas é em Celular que um surto zumbi - um que você menos espera ver um dia do lado de fora das páginas da ficção - realmente ocupa a frente e o centro da história.

Embora não seja a minha história favorita do Rei - ele se alonga um pouco demais no geral, na minha opinião - eu admiro a forma como ele pensa o mundo dessas criaturas na sua cabeça, com base em temas da tecnofobia e paternidade (você encontrará muito desse último nos livros do Rei) para criar uma narrativa alastrando-se como uma predição de fanatismo colmeia em direção a mídia social que temos hoje. E claro, o romance foi escrito em 2006, há época ferramentas sociais como Facebook e MySpace estavam em franca ascensão. É mais como se o Rei desse uma espiada em uma realidade alternativa onde esses confortos digitais assumindo o controle total de nossas vidas, transformando-nos em cascas alimentadas por  um comportamento de grupo com fome no celular, e o Rei pergunta: E se for ele contra nós?

O "nós" são pessoas como o protagonista do romance, o artista de quadrinhos Clay Riddell, que é um dos poucos sobreviventes do surto inicial. E o surto, que é de longe a parte mais original desse romance sombrio sobre zumbis. Em um evento conhecido como "The Pulse", um misterioso sinal enviado através da rede global transforma todos os usuários de telefone celulares em assassinos enlouquecidos. Na primeira onda do pulso, os zumbis, que são chamados de "Phoners" no livro, atacam todos, inclusive um ao outro, em um frenesi maniaco. Mas depois de um tempo, os Phoners começam a desenvolver uma especie de colmeia, agrupando-se em bandos e ajudando uns aos outros a procurar comida.


A medida que o romance avança, os personagens principais, que também são Tom McCourt e a adolescente Alice Maxwell, assistem aos Phoners se organizar para esta horda hiper-inteligente que visa converter os humanos restantes em sua fileiras explodido-os com o Pulso. Eles também desenvolvem poderes psíquicos, que usam para forçar grupos indesejados de pessoas a cometerem suicídio. Alimentados pelo sinal estranho, que continua a ser transmitido de uma fonte desconhecida, os Phoners continua a ganhar mais força e poder.

Em meio a tudo isso, Clay, que está em Boston no momento em que toda merda bate no ventilador, tem que voltar ao Maine para se encontrar com seu filho, cujo o destino é incerto até o final do livro. Ao longo do caminho, Clay e seus companheiros que juntam-se a caminhada, tem que travar uma guerra contra a colmeia e seu líder, um cara chamado Man Raggedy, ou o Homem Esfragalhado (um dos 10 maiores vilões sobrenaturais do Rei.Veja aqui), um Phoner especial que assombra os sonhos dos personagens.


Celular é um romance ambicioso, com uma sensibilidade de filme B que evoca um retorno aos clássicos filmes de zumbis de George Romero (os dois são bons amigos) em seu sangue, violência e mensagem filosófica. Sempre, na parte de trás da mente do escritor, está o pensamento de que talvez os mortos-vivos estejam certos, talvez o nosso tempo de domínio na terra esteja chegando ao fim e que é hora de deixar o espaço aberto para uma nova especie. Mesmo quando os Phoners crescem em números, os seres humanos continuam a cometer atrocidades contra si mesmo. Os verdadeiros monstros tem andado na terra desde o inicio do tempo.

Em 2006, o livro de King fez exatamente o que precisava fazer: entrar em um crescente cânone dos contos zumbis no momento em que a tendencia especifica de Hollywood tinha atingido  o seu pico. Afinal 2002 foi o ano em que o brilhante Extermínio (28 Days Later) elevou o nível dos filmes de zumbis moderno, e em três curtos anos, veríamos um remake fantástico de Daw of The Dead e um novo capitulo na série de mortos vivos de Romero (que na verdade tem muito em comum com o conceito de comportamento colmeia do romance de King). Mas o rei acrescentou seu próprio elemento sci-fi único de techno-guerra que fez sua opinião particular sobre o gênero zumbi muito especial. Não demoraria para que uma empresa de cinema olhasse para a promessa do conceito de King, e tudo que Celular poderia fazer para os filmes de zumbis original da era moderna.

Então, quando foi anunciado alguns meses apenas de sua publicação que a Dimension Films havia escolhido o romance para uma adaptação, parecia a melhor decisão já feita. E nas mão de seu diretor de horror visionário, Eli Roth (Cabin Ferver/Cabine do Inferno (2002) e Hostel/O Albergue (2005)) Celular já nasceu obrigado a ser uma das maiores entradas em filmes do cânone zumbi. O anuncio foi feito em 2009.

Agora é 2015 e muitas coisas mudaram. O filme saiu das mãos da Dimension Films que foi incorporada a The Weinstein Company em 2005 e agora é dirigido pela mesmas mãos do diretor  de Atividade Paranormal 2, Tod Williams à partir de um roteiro de Adam Alleca de A Ultima Casa a Esquerda, e do próprio Rei.

Muito de tudo soava como se Roth estivesse indo mais para criação de um blockbuster épico que não era tão fiel ao livro e era preciso um pouco mais de calma. Claro que mesmo assim as coisas irão cagar em Boston e haverá um monte de coisas acontecendo segundo alguns repórteres especializados que já deram uma olhada no que está sendo produzido, incluindo uma linha de cena em que um Phoner enlouquecido. correndo, "balançava o pau de um lado pro outro como um pendulo de relógio em alta velocidade " nas palavras de um repórter. Depois do surto inicial as coisas vão mais lentas e se assemelham mais a um conto de sobrevivência com um tom de algo como The Walking Dead.

O romance apresentou-se como uma oportunidade para um diretor fazer um filme pesado sobre sobrevivência ao longo das linhas que transcendem o gênero como visto em Extermínio, ainda mantendo as coisas um tanto macabra e divertida. O "ultra-violento" Roth parecia abraçar a sua opinião certa de fazer dinheiro, no entanto, ignorando-o, em termos de romance e outros filmes de zumbis há época, especialmente Land of The Dead/Terra dos Mortos, que contem algumas das melhores coisas  na história de filmes de zumbi.

Depois da faísca inicial da excitação de Roth, a coisa pareceu parar. Em 2007, o processo de escrita estava em curso, com as canetas de Scot Alexander e Larry Karaszewski, que também escreveu 1408, outra adaptação do Rei da Dimension Films. Roth estava ocupado trabalhando em O Albergue: Parte 2 na época e disse varias vezes que não trabalharia em Celular até que conclui-se seu trabalho atual, e que o roteiro fosse finalizado. Seu trabalho foi concluído, mas o roteiro nunca terminado. A coisa chegou esfriou até que em 2009, o próprio Roth sugeriu Tod para o projeto.

Felizmente, Celular ressuscitou dentre os mortos vivos muito rapidamente, graças ao novo roteiro escrito por King. Ele próprio revelou em uma sessão de autógrafos em Maryland pouco meses depois de Roth deixar o projeto.

Com a saída da Dimension o filme foi para Saperstein - que também produziu 1408 do rei - que pegou os direitos e decidiu empurrar o filme para frente.

Em 2012, seis anos após o anuncio oficial de que Celular seria transformado em filme, chegava John Cusack para o papel principal. Em 2013,William foi escolhido para a direção. Samuel L. Jackson, Stacy Keach e Isabela Funhram arrendondaram o elenco

E é assim que Celular, um romance best-seller americano de 2006, morreu e voltou a vida. Esperamos que, agora que é norma mostrar zumbi na TV na industria de entretenimento (The Walking Dead e seu proximo spinoff, Z nation, Izombie), celular ainda seja capaz de causar a enorme impressão que ele teria feito em 2009 - um ano antes de qualquer uma dessas séries sequer existir. Pelo menos esse leitor fiel espera que sim.

Por agora teremos que esperara um pouco mais. Celular será lançado em 2015, embora nenhuma data oficial tenha sido definida



3 comentários:

  1. Eu acho que o filme faria mais sucesso alguns anos atrás, mas mesmo com tantos zumbis hoje em dia, a maior parte está na tv, e a maioria dos filmes feitos vão direto pra dvd, então talvez ele se dê bem nos cinemas.

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  2. Que aproveitem a boa fase de The Walking Dead e The Strain series da tv que tem uma história meio que parecida com a desse filme.

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  3. Leio Stephen King há mais de 10 anos, já li mais da metade de suas obras e Celular acabei de lê-lo agora, e como sempre nos trabalhos do Rei, o final é impressionante e inesperado! Vejamos agora se o filme será fiel ao livro e se vai causar tanta emoção (e também frustração, como a morte de um dos personagens), já que a maioria dos filmes adaptados das obras de King deixa a desejar! É óbvio dizer, mas nunca é demais lembrar que os livros, a história original é milhões de vezes bem melhor do que a adaptação cinematográfica!

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