Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros

Jurassic World, 2015
Dir: Colin Trevorrow
Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas-Howard, Ty Simpkins, Nick Robinson




Existia algo no cinema dos anos 80 e 90 que ficou perdido e dificilmente poderá ser recuperado. Uma coisa que alguns diretores conseguiam realizar com maestria e outros conseguiam emular com competência mas que, nos dias atuais, simplesmente inexiste. Um elemento muito simples e muito eficiente que era responsável por prender as pessoas na borda da cadeira, com os olhos grudados na tela, atentas a cada movimento, a cada detalhe e completamente imersas no universo que estivesse sendo retratado. Um elemento que fazia com que até mesmo crianças pequenas ficassem focadas em uma tela de cinema por duas horas seguidas, sem espernear nem pedir para ir embora: a aventura. Ou, mais especificamente, a sensação de aventura! Aquela sensação que se tem ao assistir um filme do Indiana Jones, ao se ver Goonies, E.T. ou Star Wars. E, por alguma razão que a ciência não explica, havia um sujeito que era capaz de imprimir essa sensação a uma obra de uma forma que nenhum outro roteirista ou diretor jamais foi capaz de fazê-lo. Seu nome era Steven Spielberg e, mesmo que ainda viva e trabalhe nos dias atuais, o próprio Spielberg já não mais é capaz de imprimir a sensação de aventura a suas obras mais recentes.

E se havia algo que o primeiroJurassic Park sabia evocar era a sensação de aventura no coração e no estômago do expectador. Algo que os filmes seguintes tentaram, a todo custo, repetir e falharam miseravelmente, transformando algo que poderia ser uma franquia impecável em um filme excelente com algumas sequências bem ruins. Uma das especialidades dos anos noventa, aliás. Por muito tempo pareceu que a franquia Jurassic Park estava morta e enterrada mas, eis que, 14 anos depois de seu terceiro e mais falho, cretino e escroto... Espécime? Eis que 14 anos depois de JP3, estreia Jurassic World, um projeto que nasceu com aquela sensação de "agora vai".
Quer dizer... Conseguiram ressuscitar Missão: Impossível, qual a dificuldade de fazer Jurassic Park dar certo?

Para cumprir essa missão quase impossível, chamaram o novato Colin Trevorrow para assumir as rédeas do projeto. E para ter certeza de que, se tudo o mais desse errado, pelo menos alguma coisa se salvasse, chamaram o Chris Pratt para protagonizar o longa.
Na história, o parque dos dinossauros finalmente abriu e está em pleno funcionamento há alguns anos. Tudo ocorre com segurança total e o número de problemas relacionados aos animais é mínimo, nada parece abalar a segurança do parque e daqueles que o visitam.
Até que uma nova atração começa a ser testada: o Indominus Rex, um dinossauro criado e manipulado geneticamente para ser maior, mais assustador e mais impressionante com o objetivo de atrair ainda mais pessoas para o parque e de fazer com que mais investidores se interessem pelo projeto. Dá merda, o Indominus foge e põe em risco a segurança e a vida de todos os que estão na ilha... Sejam eles humanos ou não.
Em Jurassic World o diretor não tenta emular a aventura do primeiro longa, tenta dar a ele sua própria identidade, fazendo com que este seja não só uma continuação tentando se igualar ao original, mas o primeiro de uma nova franquia, um modelo a ser seguido nas novas sequências. O que não o impede de prestar diversas homenagens ao longa original, mas não o torna algo repetitivo. JW não aposta nas fórmulas já usadas na série, apesar de trazer de volta diversos elementos que já foram vistos antes. Aposta em algo bem óbvio, que estava lá o tempo todo e que ninguém deu atenção: o terror.
Se você prestar bem atenção, JW é um terror de monstros, como Godzilla deveria ter sido, calcado em tensão e suspense. Todo o longa se apoia quase que exclusivamente nesses dois elementos, fazendo com o expectador algo parecido com que o filme de 1993 havia feito. E, no fim, essa é a principal diferença entre os dois longas: a mudança do gênero.

JW acerta muito onde seus dois antecessores erraram feio, e isso é muito bom de se ver. Apesar de ter um roteiro fraco em vários pontos (a fuga do Indominus é patética!), o longa acerta mais do que erra nesse aspecto. Os personagens também são bem mais relevantes que os dos outros dois longas, o que faz com que você realmente se importe com eles, por mais que pouco seja mostrado. JW é visualmente quase tão convincente quanto Jurassic Park, o que ainda é um absurdo porque já se passaram 22 anos e ainda não conseguem fazer dinossauros tão realistas quanto no original.

Mas o filme é bom? Sinceramente? Muito! Não há muito com o que competir na franquia, mas JW não fica abaixo das porcarias que vieram entes dele, fica abaixo apenas do seu original, o que já é um mérito e tanto! Empolgante, divertido e assustador! Não tem a mesma sensação de aventura, mas já cumpre muito com as expectativas!