quarta-feira, junho 24, 2015

Humans - Episódio 1




A série HUMANS, do Canal 4 Britânico quer nos fazer a seguinte pergunta: seria os Synths (seres sintéticos) mais humanos que nós? E aqui está nossa opinião sobre essa nova série.

Provavelmente é tudo uma questão de tempo. Talvez seja algo a ver com cruzar a fronteira artificial do milênio. Talvez sejam todos os produtos spin-off da internet que são tão comuns, que quase não pensamos neles como inovações, mesmo que eles ainda possam nos causar algum nível de maravilhamento ocasionalmente com o seu poder. Seja o que for, você não tem a sensação de que estamos vivendo no futuro? Ou, pelo menos, um dos possíveis futuros que foram mapeados  durante as últimas décadas?


Agora, não podemos (ainda) nos colocar em carros flutuantes que podem decolar, ou (ainda) ingerir pilulas de proteínas como toda nossa  alimentação diária, mas há várias adições a nossa rotina de vida que oferecem uma acentuada mudança em relação ao já passado século XX. Nós podemos, se assim escolhermos, desfrutar de comunicações instantâneas com pessoas em quase qualquer lugar do planetas por menos do preço de um cafezinho, estamos cada vez mais se servindo em lojas, estações de trens, aeroportos e etc por maquinas obedientes e temos acesso fácil a grande parte da informação do mundo. Para muitos de nós, o acesso as dispositivos bonitos que nos acompanham em todos os lugares e alguns deles até se chamam mesmo "androids".

Esse sentimento de futuro que vivemos todos os dias, com todas essa inovações está tão enraizado em HUMANS, que nos levam a uma conclusão logica singular. O cenário é tão crucial para as ideias mostradas na série que seus escritores se referem ao mundo como um "presente paralelo", ao invés de um futuro fictício. É um truque que faz com que HUMANS esteja mais perto de Black Mirror do que de Blade Runner e um dispositivo que é tão eficaz quanto chocante. O mundo retratado na série é reconhecido como o nosso com a única exceção para a existência da população de sintéticos (Os Synthers), que funcionam como uma espécie de assistente para todos os fins do mesmo modo que um usuário configura um smartphone.

O mundo da série funciona para a narrativa na medida que evita as de distrações de outras inovações (tai como colonias espaciais ou carros voadores) e deixando os escritores com a liberdade para se concentrar exclusivamente nos replicantes sintéticos que eles criaram. A presença dos sintéticos oferece tantas intrigantes avenidas temática (entre elas a natureza da consciência, a auto-determinação, a finalidade do trabalho, a experiencia das emoções, entre tantas) que um dos desafios que a série devera enfrentar é a forma de desenvolvê-los todos de forma adequado no espaço de oito episódios. Há indícios de que eles vão tentar apenas isso. É uma jogada ousada.

O contraste dessa ousadia de ideias com seres humanos comuns está marcada. Na verdade, a maior parte desta série é a sua mundanidade aplicada. Os Hawkins formam uma família tão comum que é quase "siticomesca" em sua estrutura que não se perde tempo em se construir a sua familiaridade. É ocasionalmente um pouco desajeitada (como mostra a utilização gratuita da palavra "besteira" e o cinismo adolescente bem trabalhado por Mathilda), mas deixa muito espaço para explorar a preocupação central de suas diferentes reações a Anita, a nova replicante da família de Joe. É uma mistura eficaz de matinê de cinema e filosofia sci-fi. As farpas de longa datas do casamento de Joel e Laura são expostas através da chegada de Anita na família; a questão de saber se ela está aqui para apoia-los ou substitui-los, está na forma como ela cumpre eficazmente as tarefas mais entendiantes do dia-a-adia, ou nas maneira que os olhos de Joe distraidamente são atraídos para o traseiro de Anita.

A resposta de Laura é a mais interessante; suas objeções iniciais são agradavelmente simples; para ela, o synths é um aparelho muito longe, muito caro e não é estritamente necessário. Laura é apresentada como uma mulher que não está interessada em possuir um determinado item de equipamento, e não alguém com uma animosidade de longa data com o principio dos sintéticos. Essa antipatia, ao que parece, deve ser conquistada.

Das possibilidades dramática é que há poucas duvidas. As histórias paralelas do synth liberationist, Leo, e o caçador de Synths da Tecnology Taske Force Special, Hobb, sugerem que já há algo terrivelmente errado por trás da tecnologia dos Synths e sua relação com os seres humanos de carne e osso. Questões interessantes são colocadas, incluindo o direito e a responsabilidade pela experiência sensorial (os Synths, ao que parecem, podem desligar a sensação de dor) e da própria consciência. Este último ponto é muito ordenadamente expresso em uma breve troca de hub de consciência: "como podemos saber se eles não estão apenas simulando não possuir uma consciência?" Diz alguém em certo momento.


O temor de que os Synths possam ser mais humano do que pensamos, ou mais tentadoramente, que simplesmente provar que somo menos humanos do que pensamos, é explorado no enredo comovente de George Millican (William Hurt). A relação entre George e o seu Synth, Odi explora o tema da memória e da identidade de uma maneira tão inteligente e carinhosa que é difícil vê-la terminar bem. O valor que Odi tem de George como companheiro e um repositório de memórias que vem através de uma amizade genuina e emocionalmente intima, ainda que forjada tristemente. George um viúvo solitário com uma memória falha, usa Odi para ajudar a preservar os detalhes de sua vida antes que ele seja levado para ser desconstruído devido a obsolescência da série D de Shynts a que ele pertence, ele precisa ajudá-lo a lembrar disso também.

Foi quase insuportável ver Odi monotonamente e vacilante em suas lembranças, repetindo os fatos, em uma cena que habilmente trocou os papeis esperados de cuidador e paciente e lembra tantos dramas de lutas contra a doença de Alzheimer. Neste momento, o ser humano sintético parecia nada mais do que uma pessoa real, lutando com as falhas mentais da idade, enquanto seu mestre humano parecia desesperado para evitar uma separação inevitável de seu companheiro. O problema com os sintéticos, não é que eles sejam capazes de sentir, mas nós somos.



Em outros lugares, as sugestões de algo além da mera maquina de pensar se depara com um prenuncio sinistro, em vez de tocar em lembranças. O desempenho de Gemma Chan como a sintética Anita foi a nota perfeita, uma maquina carregada de medos que beiram a humanidade. É uma coisa curiosa notar que para um Synth como Anita o sinistro é conduzido pelos flashes de humanidade que ela exibe, enquanto para outros, como vera, ainda em silêncio, é a ausência de vida que os torna tão assustadores. As diferenças entre os Synths, quer entre os modelos individuais ou os de série, sugere a possibilidade de conflitos entre eles. Os atores que interpretam os Synths usam maneirismos semelhantes para retratar uma espécie de linha de montagem universal; os seres humanos estão destinados a considerar os Synths como sendo todos essencialmente os mesmos, mas o que poderia sem mais humano do que ser essencialmente único?

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