Isso porque, em sua turnê atual, Lenine trás um repertório quase que totalmente embasado no seu novo trabalho. Uma de suas apresentações mais recentes, na Virada Cultural, só trouxe meia dúzia das canções conhecidas e aclamadas pelo público. Entre elas Do It e a já religiosa Paciência, a qual o artista já nem mais se dá ao trabalho de cantar.
Durante uns 20 minutos de apresentação, no primeiro show do cara que tive a oportunidade de ver, fiquei com a sensação incômoda de não conhecer nada do repertorio. Só então me dei conta de que o erro foi meu de ter procrastinado tanto a audição de Carbono.
O fato é que com um trabalho tão rico e poderoso em mãos, o cara não precisa e nem deve ficar martelando em canções aclamadas. Carbono é um disco tão completo e tão cheio de poder, com uma sonoridade tão inovadora dentro dos padrões do artista, que este não se dá ao trabalho de se repetir em suas apresentações.
Tanto que saí do show sedento de Carbono. Eu precisava, ansiava por ouvir aquelas músicas novamente. Nem sequer sabia seus nomes ou sabia cantá-las, mas precisava delas. Estavam entranhadas em meu cérebro. E
Carbono provavelmente seja o disco mais sonoramente violento de Lenine. Guitarras estridentes, percussão agressiva, milhares de vozes cantando ao mesmo tempo e, ainda assim rebuscado, sensível (e sensibilizado) e apaixonado. Lenine canta sobre o universo, sobre ciência, sobre desigualdade e sobre a igualdade na miséria. Sobre como o mundo se torna, lentamente, um grande Nordeste enquanto seus recursos se evaporam.
Carbono já é meu disco favorito do Lenine. Já trás ao menos 3 das minhas músicas favoritas do cantor: Castanho (que inicia e encerra seu show), Cupim de Ferro (que fica ainda mais poderosa e inebriante quando tocada ao vivo, com suas guitarras e tambores furiosos) e a belíssima Simples Assim.
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