domingo, maio 24, 2015

Garota Exemplar (2014), de David Fincher: O quão perfeita é sua vida?, ou: Sobre o casamento.



Quando penso em minha esposa, sempre penso na parte de trás de sua cabeça. Imagino-me quebrando seu adorável crânio, tirando seu cérebro lá de dentro, tentando achar respostas. As questões primordiais de um casamento: Em que você está pensando? Como você está se sentindo? O que fizemos um ao outro? O que faremos?



David Fincher é um gênio. Não li o livro de Gillian Flynn, mas após assistir a "Garota Exemplar" (Gone Girl, 2014), senti-me tentado a ver se o clima trazido/traduzido por Fincher neste filme é o mesmo, ou se apenas o filme é espetacular.


Sim, ele é.

Absurdamente simples em sua proposta e extremamente intrigante em sua composição. Peças de um quebra cabeças, pensado por um gênio matemático que compreende, acima de tudo, as agruras desta que é considerada a empresa mais difícil entre dois seres humanos: o casamento.

Não se engane pensando que este é um filme de suspense. Não é. Desde o início fica claro que esta película trata sobre o amor dentro desta instituição analógica. Sobre confiança, respeito, sobre estereótipos, sobre subestimar o efeito da passagem do tempo no outro.

Sobre esquecermos quem é o outro e quem vendemos para ele no início.

Ah, o início... no fim, a culpa sempre é dele.


Nick Dunne (interpretado pelo sempre subestimado Ben Affleck - e aqui desmerecidamente) é alguém que tem uma vida perfeita: vive bem, mora bem, e é casado com Amy (estupidamente linda e extremamente perfeita Rosamund Pike), a Garota Exemplar do título - a queridinha da América, personagem real de uma série de livros baseados em sua infância e adolescência. Todos amam Amy, mas na manhã de seu quinto aniversário de casamento ela simplesmente some.


Não demora e todos começam a suspeitar de Nick, que tem sua vida devassada pela mídia voraz e pela polícia - que crê nele cada vez menos à medida em que vão surgindo pistas que o incriminam.

E o filme é cheio de reviravoltas. E não vou soltar spoilers, apesar de assisti-lo com um ano de atraso.

Precisa ser visto com calma, com atenção e com cuidado. É um filme muito verossímil. Podia ser comigo.


Podia ser com você.

Como você tem tratado seu marido? Sua esposa? Sua amante?

Quem é sua família?

O quão perfeita é sua vida?

Seus esqueletos estão todos bem guardados no armário?

David Fincher, senhoras e senhores, provando a todos que não há herois nem vilões. Somos eu e vocês. E o amor pode matar tanto quanto sua falta.

Boas noites e bom filme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar no 01Pd! Seja bem vindo e volte sempre!