quarta-feira, outubro 08, 2014

The Boxtrolls (2014)

Um filme para incivilizados de todos os tipos


O que existe de melhor nas comédias é que elas são subversivas por definição. E é por isso que o novo filme de animação The Boxtrolls é um grande sucesso - que rasga o tecido social alegremente, mostrando como são bobas e facilmente manipuláveis a maioria das pessoas ditas  "decentes". Ao longo do caminho no entanto, o filme fica meio pesado e um pouco feio
Eu acho que fiquei com a mente dividida em duas partes sobre Os Boxtrolls - admiro a sua mensagem e aprecio a grande quantidades de coisas insanas que ele possui, claramente inspiradas em Monty Python. Também o senti meio espancado pela afirmação de alguns que o filme tem uma estética grotesca. Definitivamente ele não vai na mesma linha de Paranorm a animação anterior do mesmo estúdio Laika.

Em Os Boxtrolls, a cidade de Cheesebridge tem uma população de criaturas estranhas que vivem debaixo dela - mas os Boxtrolls são inofensivos, sobrevivem da reciclagem que eles encontram no lixo da superfície e concertando aparelhos quebrados. Fiel ao seu nome, os Boxtrolls vestem-se com caixas, com seus nomes extraído das  etiquetas nas caixas que usam. Um dia eles adotam um bebê humano, que vive em uma caixa de ovos e seu nome se torna "Eggs", Ovos.

Quando Ovos cresce, ele acredita que é um Boxtrolls. Mas enquanto isso, todo mundo na parte de cima da cidade acredita quer os Boxtrolls roubaram e comeram o bebê (em vez de adotá-lo). Assim o ódio e o medo da cidade aos Boxtrolls são as razões que o sádico e alpinista social Snatcher (Ben Kingsley) precisa para capturara e exterminar os Boxtrolls.

Fofura e estranheza

A zona de conforto do filme é uma espécie de "cuteness" monstro exemplificado pelo próprios boxtrolls todas as qualidades que eles possuem para serem criaturas adoráveis:  1) Grandes rostos expressivos, 2) O modo de dialogarem engraçado e quase inexpressivo, 3) A inocuidade total e a incapacidade de lutar por si mesmos, 4) Carinho para os ovos que ficaram órfãos, e 5) Capacidade de construir lotes e lotes de dispositivos legais e elaborados. Sempre que estamos explorando o seu mundo ou passando algum tempo com os boxtrolls, o filme é muito doce.

Depois de Snatcher capturar a maior parte dos boxtrolls, Ovos (Issac Hemptead-Wrigth) é forçado a ir para a superfície por conta própria para tentar resolver as coisas - e é ai que ele conhece Winnie (Elle Fanning), a filha do prefeito da cidade.

Um monte de cenas muio bonitas no filme envolvem Ovos, Winnie e o mal entendido entre ambos. Winnie é obcecada e empolgada com a idéia de que os Boxtrolls são monstros horríveis e que comem pessoas, e Ovos acredita que ele é um Boxtroll apesar de todas as evidências em contrario.

Eventualmente Ovos tem que fingir ser um menino de verdade, enquanto Winnie tenta lhe mostrar como se encaixar numa sociedade civilizada - mas eles não entende as coisas básicas que ela lhe diz e ensina , como "apertar as mãos das pessoas" (e ele apenas balança as mãos no ar). E ele está cercado por idiotas insensíveis que acreditam em toda a propaganda anti-boxtrolls e são controlados pelo medo.

Quando este filme trás coisas bonitas com toques do grotesco, não é nada é particularmente revolucionário - mas é divertido e doce.

Uma alergia a queijos é revoltante

Infelizmente para as aspirações sociais de Snatcher, ele não apenas pertence a classe mais baixa e imunda para os que mandam na cidade, amantes de queijo, ele também é alérgico a queijos. Assim, sempre que Snatcher, tenta a provar a si mesmo que é digno de se unir aos que mandam, comendo queijo, como é tradição em Cheesebridge, ele infla como um balão vermelho e seu rosto explode em nojentas pústulas. Nesse ponto, seus asseclas tem que cobri-los com sanguessugas para aliviar o inchaço.

A metáfora é um pouco nojenta - em que Snatcher quer ser algo que ele é fisicamente incapaz de ser - e contrasta com a situação de Ovos, que acredita ser um boxtroll, mas é realmente um humano (e já não pode se esconder dentro de sua caixa como um verdadeiro boxtroll). Sem revelar o máximo do final do filme, a resolução do mesmo, depende de Ovos aprender a aceitar o fato de que ele é um ser humano que se identifica com os boxtrolls e a queda de Snatcher é em parte, devido ao fato que ele nunca poderá admitir que é incapaz de comer queijo.

E claro, Snatcher também possui seu alter-ego - ele se veste disfarçando-se em uma figura feminina que realiza números musicais exagerados sobre a ameaça dos boxtrolls. Todos os homens do filme morrem de amores pela figura feminina em que ele se disfarça, mesmo ela/ele desprezando a classe baixa a que pertencem em sua paródias dançantes. Num contexto de corrida social da narrativa, "pessoas tentando ser o que não são", é uma nota estranha para se bater, e posso ver que isso é apenas mais uma camada de exageros do tipo que fazia Monty Python em suas enquetes. É um filme cheio de lugares estranhos, mas também term uma medida de solidariedade com as pessoas que se encontram nesta situação "transfóbica" Em parte porque, como mulher, a feminilidade de Snatcher é apresentada como repulsiva. E isso  é especialmente estranho com tanto tempo gasto sobre a figura de Snatcher disfarçado em seu alter-ego, uma vez que este filme não tem outros grandes personagens femininos além de Winnie..

A cidade vertical = ascensão social literal

A outra coisa que vale a pena elogiar sobre boxtrolls é a sua abordagem única para o espaço, especialmente o espaço urbano.

O visual é especialmente uma espécie de miscelânea de imagens Steampunk/Dieselpunk/Gearpunk, com a cidade de Cheesebridge representada como um pastiche do século XIX, com lâmpadas e torradeiras. Mas a cidade em si é imaginada como uma cidade quase vertical, e não apenas construída no topo de uma peninsula montanhosa, mas com os edifícios empilhado uns em cima dos outros. A cidade vai direto para cima e para baixo, em todo caminho até o mar. E a parte de baixo da cidade é o mundo dos boxtrolls, que existem em um espaço cavernoso que também é totalmente vertical. A partir das lâmpadas que pendem do "teto" de sua caverna para o chão lá embaixo, os boxtrolls estão muito abaixo da cidade, e a descida para o seu mundo é dramatizada pela altura dos espaços. A abordagem do filme apara os espaços o arranjo de dormir preferido dos boxtrolls: empilhados dentro de suas caixas.

E muito das melhores partes de peças e piadas visuais do filme aproveitam a verticalidade das cidade e a profundeza do buraco dos boxtrolls. A câmera se desloca para cima e baixo na paisagem com vertiginosa alegria, e a fragilidade da sociedade humana é acentuada pela sensação de que os seres humanos estão no topo da pilha, literalmente.

A escalada social de Snatcher também é mostrada para ser uma escalada real - ele quer chegar ao topo de Cheesbridger, em vez de ser um alimentador inferior cujo trabalho tem ver com as criaturas das profundezas.

E essa abordagem vertical - coisas empilhadas em cima de coisas, até que começa a oscilar - não é uma coisa exclusiva para os boxtrolls. Este filme não sabe quando parar de acumular coisas, e isso leva as seus momentos mais agradável, bem como seus momentos mais irritantes. É como eu disse, uma sátira da sociedade humana - mostrando como a maioria dos adultos são facilmente manipuláveis - é fantástica essa leitura. O filme espera até os créditos finais para mostrar Eric Idle, cantando uma versão adaptada da música de Peter Seege, para nos contar sua mensagem final: Os Boxtrolls podem vestir-se com suas caixas de papelão, mas os seres humanos são os únicos  que vivem em caixas idênticas e dão suas individualidades para uma sociedade que constantemente os transforma em trolls.

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