“Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana. ” (Marguerite de Crayencour)
No último fim de semana chegou ao cinemas americanos o filme The Giver/O Doador, uma adaptação do livro de mesmo nome, de Lois Lowry. Um filme que muito de nós tem estado à espera desde de nossos anos de adolescência. Como uma preparação para isso, acho que quem o leu, como eu, nesse estagio da vida, seria bom revisita-lo agora que ele ganha a tela grande. Em um mundo de Jogos Vorazes, Divergente e muitos romances/filmes de aventura adolescente populares e novos gostaria de escrever sobre o porquê desse livro um pouco mais velho ainda ser importante.
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| A bela capa do original americano | 
Para aqueles de vocês que não sabem, O Doador é ambientado em um futuro distante, onde o partido governante eliminou todas as diferenças e os aspectos emocionais da sociedade. Esta sociedade do futuro reverencia a mesmice e amortece as emoções do publico com medicação. Ninguém experimenta a dor real, ou o amor, ou a tristeza ou qualquer emoção em tudo, porque tudo que é desagradável (assim como a simpatia pelo assunto), foi desbastado nessa nova sociedade. A história gira em torno de Jonas um menino que é o escolhido para ser "o Receptor", uma posição de honra dentro da sociedade. Seu professor seria o "o Doador". Juntos, eles passariam as memórias que continham atributos menos que desejável para a sociedade futura possuir. Naturalmente as coisas desmoronam.
Você é um adulto
Na minha memória embaçada de adulto uma leitura do meu passado e de alguns livros que li, nenhum habilitou melhor o meu cérebro jovem do que O Doador. O protagonista é um garoto que acaba de completar 12 anos, e ainda assim ele é um individuo brilhante que pode farejar problemas muito rápido. Com certeza, sua vida tem sido muito manipulada pelo governo, por isso leva algum tempo, mas ele pegar as coisas muito rapidamente.
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| Cartaz do filme | 
Nós somos o nosso pior inimigo
O mote da atual literatura para jovens-adultos é o adulto grande e mau contra a criança teimosa. Presidente Snow (Jogos Vorazes), Janine Matthews (Divergente), Serafine Duchannes (Beatiful Creatures) são todos adultos ambiciosos e motivados pelo desejo de poder. Eles são o problema, e cabe ao jovem protagonista derruba-los. Não existe essa figura de vilão em O Doador. Não há nenhum vilão distorcendo as coisas, puxando cordas tentando atirar Jonas em um penhasco ou o impedindo de crescer. Na verdade, a sociedade só incentiva Jonas a ter sucesso em seu trabalho como receptor para que possa viver em seu mundo incolor e inconsciente. A instituição é o problema. Jonas deve questionar o próprio mundo em que vive e os valores em que ele foi criado para acreditar em tudo por conta própria. O Doador confere-lhe poderes para questionar a sociedade em que vive, não a cabeça flutuante e imaginária de algum assistente. Omitir um protagonista físico torna os civis inconsciente e entes queridos de Jonas para o mesmo problema que o nosso personagem terá que enfrentar. É como se a narrativa nos informasse que, enquanto jovem, devemos questionar o mesmo sistema que estamos disposto a participar e que os problemas nem sempre vem com uma careta adulta. O problema pode ser também um ideal em que seus próprios pais o inscreveram.
Adulto "Stirrings"(?)
O Livro lida brevemente com o florescimento dos impulsos sexuais dos jovens de uma forma interessante. O livro chama esses sentimentos de "stirrings". O primeiro encontro de Jonas com suas próprias agitações sexuais são compartilhada com o leitor em um sonho: "eu queria que ela tirasse a roupa e entrasse na banheira". Jonas se esforça para nomear a emoção que ele esta sentindo, mas ele não pode descrever o seu real desejo. Depois de revelar suas agitações, ele toma uma pílula que suprime sua sexualidade nascente. E é isso.
Como logo fica patente no livro, este estilo de vida censurado não é uma maneira boa e saudável para se viver. É uma vida sem cor, sem paixão profunda ou emoções fortes. E com a distribuição de pílulas para suprimir os impulsos sexuais, o romance está afirmando que a sexualidade é uma parte importante da vida. É como uma afirmação de que isso é algo natural para os jovens adultos que tem seus hormônios em ebulição nessa fase da vida. Com certeza o livro não gasta muito do seu tempo explorando as profundezas da sexualidade adolescente, o que nós lemos e tudo do ponto de vista de Jonas, mas é o suficiente como afirmação de que seja algo que não se deve suprimir, e isso é uma grande ajuda para uma mente jovem.
A Rede Neural
O conceito de rede neural criado por Lois Lowry é um elemento scify maravilhoso que nunca foi totalmente concretizado nos livros (exceto em Neuromancer, de Gibson), mas inspirou muitos a pensar um pouco sobre o potencial de conexões telepáticas. O escritor e editor Dave Gonzales compartilha o que a rede neural significa para ele:
Um portal para romances scify
O Doador não foi o primeiro livro sobre uma distopia já escrito, mas como você pode ver, ele foi o primeiro livro de ficção cientifica de muitos leitores. Não era bem o meu primeiro romance de ficção científica, mas foi o meu primeiro flerte para uma distopia. O Doador me levou a outros romances como Brave New World, 1984 e outros autores como K. Dick. Foi um incêndio inicial para outras leituras scify, e foi escrito de uma forma acessível apara abrir a mente dos mais jovens e que se ramifica em outras leituras do gênero.
O Doador pode ter sido publicado há mais 30 anos, mas os temas presentes em sua narrativa ainda são importante hoje. E consegue tudo isso sem ter que matar um bando de crianças em uma ilha ou injetar nele um triangulo amoroso. É um virar de paginas implacável do inicio ao fim que leva o leitores mais jovem a questionar a sua própria existência e seu lugar nesse mundo.
Se você simplesmente ler O Doador até o seu final ainda não saberá o que acontece com Jonas. Sua conclusão está em aberto. Talvez ele estivesse apenas imaginando esse novo mundo até morrer em meio a neve. Não foi lhe dito o que pensar antes disso, esse era o ponto. Então vá em frente e brigue por isso.
"Era a primeira vez, como jovem fã de ficção científica, que eu contemplava uma história com uma ideia da população humana conectada por uma rede neural. Se jonas e o doador são capazes de armazenar e compartilhar memórias, memórias que precisavam ser catalogadas e armazenadas, teria que ser um grau inacreditável de telepatia na evolução futura da raça humana, ou - um experimento mental mais divertido - com a população humana dominando a rede neural, e os "The Elders" usando dispositivos de escuta nas casa por causa disso. Provavelmente não seja uma rede neural de acesso remoto, mas para controlar a população no nível desejado, seria muito mais fácil se você pudesse vigiar ao redor, os sistemas de pensamento de cada membro não liberado da sociedade. E se a rede ficasse "bugada"? qual o resultado disso? Eu pensei tanto nisso, que cheguei a William Gibson com seu Neuromancer e um cara chamado Keannu Reaves/Neo/Johnny Mneonic expandindo meu pensamento para uma rede neural no Matrix de 1999"
Um portal para romances scify
O Doador não foi o primeiro livro sobre uma distopia já escrito, mas como você pode ver, ele foi o primeiro livro de ficção cientifica de muitos leitores. Não era bem o meu primeiro romance de ficção científica, mas foi o meu primeiro flerte para uma distopia. O Doador me levou a outros romances como Brave New World, 1984 e outros autores como K. Dick. Foi um incêndio inicial para outras leituras scify, e foi escrito de uma forma acessível apara abrir a mente dos mais jovens e que se ramifica em outras leituras do gênero.
O Doador pode ter sido publicado há mais 30 anos, mas os temas presentes em sua narrativa ainda são importante hoje. E consegue tudo isso sem ter que matar um bando de crianças em uma ilha ou injetar nele um triangulo amoroso. É um virar de paginas implacável do inicio ao fim que leva o leitores mais jovem a questionar a sua própria existência e seu lugar nesse mundo.
Se você simplesmente ler O Doador até o seu final ainda não saberá o que acontece com Jonas. Sua conclusão está em aberto. Talvez ele estivesse apenas imaginando esse novo mundo até morrer em meio a neve. Não foi lhe dito o que pensar antes disso, esse era o ponto. Então vá em frente e brigue por isso.



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