A única coisa realmente errada com Manhattan é que o material de origem foi recauchutado muitas vezes. Não o Projeto Manhattan, em particular, mas a Segunda Guerra Mundial, a última guerra honrosa, lutada contra os Nazistas, os únicos caras não equivocadamente ruins. Aqui todo o conteúdo mais dramático da série sobre a guerra nos chega por meio das transmissões de radio listando o numero de mortos, o racionamento de alimentos os bonés vincados dos guardas do campus e os cartazes de guerra estranhamente alegre.
Os Estados Unidos tem tido um caso de amor com as narrativas sobre a Segunda Guerra, desde de muito antes de Manhattan e vai continuar a ter muito tempo depois da grandeza ou não de Manhattan, já que a série é um pouco desbotada pelo seu contexto.
Ainda assim, temos que reconhecer que provavelmente por isso, o Canal WGN tenha escolhido um roteiro dramático para sua segunda incursão no mundo das séries televisivas (a primeiro foi a fantasia de horror, Salem). É reconhecível. É fácil de entender, e é seguro. O espectador pode entender isso nos primeiros minutos e ao contrario de sua primeira série, esta tem um ar de sofisticação.
O que é encorajador, porém, é que Manhattan é mais do que apenas a sua definição, na verdade os dois primeiros episódios apresentados vão bem em sacudir a nossa noção do que é uma história da Segunda Guerra Mundial. Apesar de muitos clichês, a narrativa evita o obvio, este é um drama onde os personagem vem em primeiro lugar, é uma segunda história da guerra. Ou, para ser mais exato, é um drama de personagens usando a configuração de Los Alamos, no Novo México, o lugar do Projeto Manhattan para puxar-se a si mesmo por um espremedor.
E é ansioso para derrubar as convenções históricas da Segunda Guerra Mundial que faz os soldados dos Estados Unidos, fileiras após fileiras de homens brancos de rostos frescos dirigindo-se para a Europa movido por um ardente desejo de salvar os judeus das garras de Hitler, libertar o mundo da tirania, e plantar uma bandeira e uma torta de maça em solo Francês. Em vez disso Los Alamos é engajar-se em uma espécie de guerra que é agora a nossa especie mais comum de guerra conduzida por cientistas militares altamente remunerados e bem atrás das linhas de combate. Uma guerra altamente secreta para todas as esposas e famílias que foram arrastados para o meio do nada juntas com seus maridos. Elas não tem quase nenhuma ideia sobre o que seus maridos trabalham. Para falar a verdade, nem mesmo eles tem o escopo completo dos seus trabalhos fazendo-se um pouco mais atencioso por considerarem que um armamento nuclear poderia fazer parar a Segunda Guerra. Mas a maioria desejava e se fixava em tornar a vida de Hitler um inferno. Uma nobre, mas deprimente ilusão: A série começa em 1943, quando a Alemanha nazista ainda estava forte. Nenhum dos cientistas presentes poderiam prever que suas armas serão usadas contra o Japão, em seu lugar.
É esse tipo de ironia dramática que alimenta a história de Manhattan, uma história que o espectador sabe como termina, mas os cientistas ainda estão por descobrir isso. No centro da história está Frank Winter, interpretado por Benjamin Hickey. Salvo o choque caricatural dos cabelos brancos, ele é o protótipo do cientista louco, excêntrico, introspectivo, possuído por visões de um quase apocalipse, assombrado pelos números de mortos que que se amontoam nos combates e que ele escuta no rádio. Ele não é a única figura histórica real que aparece por aqui, também o notório Robert Oppenheimer, o cientista alemão responsável por todo o Projeto Manhattan, faz sua aparição. Frank é apresentado como o homem com a resposta para a Bomba-A, frustrado pela burocracia e com a pressão do tempo organizado entre eles. Nos dois primeiros episódios, ele é confrontado por outro cientista que chefia o outro grupo de pesquisadores, Reed Akley, interpretado por David Harbour. Para os dois o mundo disfuncional de Los Alamos, onde falta de tudo, inclusive tempo, é um laboratório fascinante, um mundo onde os cientistas trabalham com plutônio, mas não podem dizer as suas esposas que eles estão conspirando para destruir o mundo, onde nerds debatem sobre cálculos da aceleração gravitacional de Krypton, onde "os computadores" são mulheres com lápis e papel fazendo cálculos em massa em uma sala lotada.
Manhattan oferece o que se espera de uma produção de época para TV, animado com a visão suave e fluida de Thomas Schlame, que dirige os três primeiros episódios nesta temporada. As vezes, a ousadia visual entra em desacordo com a narrativa bastante simples, mas oferece uma sensação do que a série está tentando fazer.
Manhattan é uma criação de Sam Shaw, que trabalhou na configuração de Master of Sex e seus traços característicos dão as caras nessa nova produção. É uma história de intimidades no meio de uma maquina de guerra, e que leva a pequenas histórias; contos de amizades e de brotamento de relações tensas. Todos os casamentos são aqui posto a prova pelo sigilo e as provações da vida no meio do deserto, onde até o racionamento de água é uma realidade, pra não falar da comida. Em uma cena particularmente poderosa, Frank, então sob o peso dos segredos e de seus próprios medos da Bomba-A e do que ele esta trazendo para o mundo (A caixa de ferramentas do diabo), confessa a verdadeira natureza do seu trabalho com a empregada de língua espanhola, e que não entende uma palavra do que ele está dizendo.
Outra forma que a série derruba a tradicional narrativa da Segunda Guerra Mundial é o seu investimento nas populações marginais dos Estados Unidos em 1943: Los Alamos tem uma grande população de língua espanhola, mexicanos, e nativos indígenas, que testemunham a tomada de sua cidade rural pelo complexo industrial militar. Os protagonistas, em grande maioria brancos, raramente interagem com eles, exceto para lhes dar roupas usadas e comprar peyote, mas Shaw credita estas minorias a não apaga-las do contexto de sua produção quando teria sido fácil fazer. O subtexto de um cientista oriental em Los Alamos, apontado como um espião em potencial é intrigante por razões semelhantes. A motivação por trás da segmentação é ambígua - é o cientista uma vítima das circunstância, ou a maldade é própria de sua raça? - sem torná-la enfadonha. Manhattan atrai o espectador para os muitos desafios pessoais que vem a tona em uma guerra que é essencialmente a identidade dos Estados Unidos contra os bandidos, mas quem ou o quê se conta como americano em 1943?
Em última análise, um frisson de complicação faz Manhattan valer a pena ser assistido, as performances, escrita e premissa são boas, mas a complicação da nossa própria história é que é o "mojo" deste show
É esse tipo de ironia dramática que alimenta a história de Manhattan, uma história que o espectador sabe como termina, mas os cientistas ainda estão por descobrir isso. No centro da história está Frank Winter, interpretado por Benjamin Hickey. Salvo o choque caricatural dos cabelos brancos, ele é o protótipo do cientista louco, excêntrico, introspectivo, possuído por visões de um quase apocalipse, assombrado pelos números de mortos que que se amontoam nos combates e que ele escuta no rádio. Ele não é a única figura histórica real que aparece por aqui, também o notório Robert Oppenheimer, o cientista alemão responsável por todo o Projeto Manhattan, faz sua aparição. Frank é apresentado como o homem com a resposta para a Bomba-A, frustrado pela burocracia e com a pressão do tempo organizado entre eles. Nos dois primeiros episódios, ele é confrontado por outro cientista que chefia o outro grupo de pesquisadores, Reed Akley, interpretado por David Harbour. Para os dois o mundo disfuncional de Los Alamos, onde falta de tudo, inclusive tempo, é um laboratório fascinante, um mundo onde os cientistas trabalham com plutônio, mas não podem dizer as suas esposas que eles estão conspirando para destruir o mundo, onde nerds debatem sobre cálculos da aceleração gravitacional de Krypton, onde "os computadores" são mulheres com lápis e papel fazendo cálculos em massa em uma sala lotada.
Manhattan oferece o que se espera de uma produção de época para TV, animado com a visão suave e fluida de Thomas Schlame, que dirige os três primeiros episódios nesta temporada. As vezes, a ousadia visual entra em desacordo com a narrativa bastante simples, mas oferece uma sensação do que a série está tentando fazer.
Manhattan é uma criação de Sam Shaw, que trabalhou na configuração de Master of Sex e seus traços característicos dão as caras nessa nova produção. É uma história de intimidades no meio de uma maquina de guerra, e que leva a pequenas histórias; contos de amizades e de brotamento de relações tensas. Todos os casamentos são aqui posto a prova pelo sigilo e as provações da vida no meio do deserto, onde até o racionamento de água é uma realidade, pra não falar da comida. Em uma cena particularmente poderosa, Frank, então sob o peso dos segredos e de seus próprios medos da Bomba-A e do que ele esta trazendo para o mundo (A caixa de ferramentas do diabo), confessa a verdadeira natureza do seu trabalho com a empregada de língua espanhola, e que não entende uma palavra do que ele está dizendo.
Outra forma que a série derruba a tradicional narrativa da Segunda Guerra Mundial é o seu investimento nas populações marginais dos Estados Unidos em 1943: Los Alamos tem uma grande população de língua espanhola, mexicanos, e nativos indígenas, que testemunham a tomada de sua cidade rural pelo complexo industrial militar. Os protagonistas, em grande maioria brancos, raramente interagem com eles, exceto para lhes dar roupas usadas e comprar peyote, mas Shaw credita estas minorias a não apaga-las do contexto de sua produção quando teria sido fácil fazer. O subtexto de um cientista oriental em Los Alamos, apontado como um espião em potencial é intrigante por razões semelhantes. A motivação por trás da segmentação é ambígua - é o cientista uma vítima das circunstância, ou a maldade é própria de sua raça? - sem torná-la enfadonha. Manhattan atrai o espectador para os muitos desafios pessoais que vem a tona em uma guerra que é essencialmente a identidade dos Estados Unidos contra os bandidos, mas quem ou o quê se conta como americano em 1943?
Em última análise, um frisson de complicação faz Manhattan valer a pena ser assistido, as performances, escrita e premissa são boas, mas a complicação da nossa própria história é que é o "mojo" deste show
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