Guardians of The Galaxy - 2014
Dir: James Gunn
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Lee Pace.
Antes de ler esse texto, você precisa saber algumas
informações:
1- Esse texto foi escrito ao som de Hooked On a Feeling.
Não faz diferença, mas talvez isso explique algumas coisas.
2- Talvez haja alguns spoiles, leves, nada demais. Mas se
você não gostaria de descobrir alguns detalhezinhos antes da hora, vá ao cinema
e volte aqui depois. Capisce? ;).
3- Eu ainda estou meio elétrico, então aguenta aí.
Ontem, 09/08/2014, vi Guardiões da Galáxia dublado e a
dublagem tá bem bacana. É claro que tinham que pegar um dublador bem foda pro
Rocket Raccoon, e assim o fizeram:
Mckeidy Lisita (que não tem muita coisa no currículo, mas já dublou uma
animação mais recente do Scooby Doo) fez um trabalho excelente, divertido,
emocionado e casca grossa, como deve ser o guaxinim mais badass das galáxias.
Vin Diesel tem, oficialmente, duas frases ao todo. Uma delas é ”Eu sou Groot”,
repetida à exaustão em centenas de entonações diferentes. Mesmo assim, o cara
dublou em português as próprias falas (além de em mais uma cacetada de idiomas,
como pode ser visto no vídeo no fim dessa postagem) e isso faz com que valha
muito a pena ver o filme dublado. Além de que o trabalho da dublagem brasileira
sempre merece ser prestigiado. Temos também a sempre excelente dublagem do
Mauro Ramos (um dos trabalhos mais memoráveis do cara é o Gordon da trilogia
TDK) como Drax, Raphael Rossatto (em seu primeiro grande trabalho) como Peter
Quill, Priscila Amorim (a Mulher Maravilha do desenho animado da Liga da
Justiça) como Gamora e o onipresente Guilherme Briggs fazendo uma participação
especial ~peculiar~ na cena pós créditos. O trabalho de dublagem mereceu um
parágrafo inteiro de elogios, mas também tenho uma pequena crítica a fazer: o
personagem Yondu Udonta, vivido pelo ator Michael Rooker, parceiro do diretor
James Gunn e Merle Dixon em The Walking Dead, é dublado por Luiz Sérgio Vieira,
um ótimo dublador, completamente deslocado no personagem. É, no mínimo, escroto
ver um brucutu azul, de dentes tortos e cara de sádico/psicopata falando com a
voz do Tai do Digimon o filme todo. E como o cara tem uma participação não
muito grande, fazendo aparições pontuais por todo o longa, você NUNCA se
acostuma àquela voz de menino de doze anos saindo da boca dele.
26 anos depois, Quill é (des)conhecido como Senhor das
Estrelas (que parece codinome de cafetão, Star Lord é muito mais sonoro, é
quase tão sonoro quanto Skywalker), um fora da lei que ganha a vida fazendo
roubos por encomenda, entre outros trabalhos que um filme PG13 da Disney não
permitiria mencionar. Quill é o típico garanhão abobado espacial, é uma mistura
de Han Solo e Johnny Storm. Se Johnny Storm fosse enviado ao espaço e criado
pelo Han Solo, ele se tornaria Peter Quill.
O cara é contratado para roubar e entregar um orbe
misterioso em um planeta alienígena, mas ao levar o orbe ao seu comprador, o
cara se vê em meio a uma caçada onde ele acaba por se tornar a caça principal,
colocam a cabeça do sujeito a prêmio e tudo o mais. Eis que, em meio à
confusão, Peter é preso junto de um guaxinim falante (Rocket Raccoon, dublado
originalmente pelo ator Bradlay Cooper), uma árvore meio falante (O grandalhão
Groot, dublado por Vin Diesel) e uma assassina alienígena adotada por Thanos, o
grande vilão por trás de todo o universo MARVEL (atualmente) (Gamora, vivida
por Zoe Saldana) e, por fim, dentro da prisão, os quatro conhecem Drax (o
lutador Dave Bautista), um sujeito que teve a família assassinada pelo vilão
Ronan e almeja vingança.
Na prisão, os cinco bolam um plano mirabolante para fugir
e vão em busca do misterioso orbe, que acabou sendo roubado e dão de cara com a
maior e mais perigosa aventura de suas vidas.
Guardiões da Galáxia é o filme mais diferentão da MARVEL
e o mais corajoso também.
Vemos aqui algo tão arriscado e inovador quanto o
primeiro Homem de Ferro, aquele flerte descompromissado com a ficção científica
(extrapolado à milésima potência), aquele espírito de aventura inabalável, aquela
sensação de novidade! Você sai do cinema se sentindo incrível!
Tudo é incrível em Guardiões da Galáxia, a maquiagem dos
personagens, o visual, os cenários alienígenas, os planetas desolados, os super
populosos, as centenas de raças alienígenas bizarras! E tem a trilha sonora
absolutamente fantástica, quase um personagem do filme, algo que liga
emocionalmente o público ao longa, mas o Michel fala sobre isso.
Não fosse isso suficiente, James Gunn (diretor do absurdo
e fantástico Seres Rastejantes) dá um ritmo anárquico ao longa, fazendo algo
que Joss Whedon não conseguiu (ou nem tentou) fazer a Vingadores: ele quebra o
conceito de protagonista. Peter Quill não é o protagonista de Guardiões da
Galáxia, a equipe é. Afinal o título se refere à equipe como um todo, não é?
Isso me incomodou um bocado no começo, enquanto eu não peguei essa ideia, eu
não engatei na aventura por completo. Até porque Quill é o primeiro a ser
apresentado, é o único a ter suas origens formalmente contadas, diferente dos
outros, que vão sendo explicados no decorrer do longa (e diferente de Groot,
que não explica porra nenhuma, ele apenas é o Groot).
GdG é anárquico, engraçado, vibrante, mas também é
emocionado, sério, bem desenvolvido, bem dosado, tem suas piadas abundantes,
mas tem um coração enorme. Seja na relação de Quill com a mãe (que vai sendo
esmiuçada no decorrer do longa), seja no bromance de Groot e Rocket Raccoon, no
desejo de vingança de Drax, na relação de Gamora e seu “pai”, Thanos e sua irmã
adotiva, a vilã Nebula (Karen Gillan, visualmente fantástica), em sua trilha
sonora acertadamente nostálgica (Quill saiu da terra levando apenas seu walkman
e sua Awesome Mixtape, a qual carrega para os quatro cantos da galáxia).
GdG tem seus problemas, claro. Alguns são bem graves e,
pra mim, erra exatamente onde não poderia errar: o vilão, Ronan – O destruídor.
Lee Pace tem se tornado um dos meus atores favoritos, o cara é foda demais e eu
estou virando um grande fã do sujeito. Mas Ronan não convence completamente. A
motivação do cara é ok, ele é um terrorista, fanático e psicótico, quer tocar o
terror na porra toda, afinal é isso o que fazem os terroristas, mas o
personagem foi sabotado pela fidelidade ao visual da HQ. Há muita maquiagem, há
muita fantasia e o cara é um histérico. Não dá pra atuar com aquele monte de
maquiagem na cara, não dá pra mover o pescoço com aquela armadura e, por mais
que aquele marretão seja muito irado, Ronan não é o vilão que um filme do porte
de Guardiões, onde tudo é tão bem encaixado, merece. O cara é bom, mas... Em um
universo onde há um Loki tão foda quanto o Loki de Tom Hiddleston, o mínimo que
se pede é que Ronan seja ao menos um vilão legal, que te faça temer pela vida
dos heróis.
Por outro lado, o quinteto principal é tão certeiro que
chega a minimizar esse problema. A química entre Groot e Rocket é tão perfeita
que os dois levariam, muito facilmente, um longa solo sem grandes problemas.
Drax é um personagem tão bem desenvolvido que surpreende e Dave Bautista,
lutador profissional de WWE, dá um pequeno show no papel. Peter Quill é
carismático e engraçado, tem um senso heróico que se manifesta uma vez ou
outra, mas em geral é um canalha. O amadurecimento do personagem é muito sutil,
mas muito verdadeiro. E Gamora dispensa comentários. Ela é vivida por Zoe
Saldana, tudo o que a atriz faz é com um empenho fantástico, não esperaria
menos dela. E a maquiagem dela é uma coisa de maluco.
Uma vez o Assis Oliveira, o gigante que tá carregando o
01Pd nas costas, disse que quando eu gosto de um filme, eu escrevo muito. Acho
que já deu pra sacar que eu gostei de Guardiões, né?
Vin Diesel em 3 idiomas.
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