domingo, agosto 10, 2014

Guardiões da Galáxia

Guardians of The Galaxy - 2014
Dir: James Gunn
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Lee Pace.


Antes de ler esse texto, você precisa saber algumas informações:
1- Esse texto foi escrito ao som de Hooked On a Feeling. Não faz diferença, mas talvez isso explique algumas coisas.
2- Talvez haja alguns spoiles, leves, nada demais. Mas se você não gostaria de descobrir alguns detalhezinhos antes da hora, vá ao cinema e volte aqui depois. Capisce? ;).
3- Eu ainda estou meio elétrico, então aguenta aí.

Ontem, 09/08/2014, vi Guardiões da Galáxia dublado e a dublagem tá bem bacana. É claro que tinham que pegar um dublador bem foda pro Rocket Raccoon, e assim o fizeram:  Mckeidy Lisita (que não tem muita coisa no currículo, mas já dublou uma animação mais recente do Scooby Doo) fez um trabalho excelente, divertido, emocionado e casca grossa, como deve ser o guaxinim mais badass das galáxias. Vin Diesel tem, oficialmente, duas frases ao todo. Uma delas é ”Eu sou Groot”, repetida à exaustão em centenas de entonações diferentes. Mesmo assim, o cara dublou em português as próprias falas (além de em mais uma cacetada de idiomas, como pode ser visto no vídeo no fim dessa postagem) e isso faz com que valha muito a pena ver o filme dublado. Além de que o trabalho da dublagem brasileira sempre merece ser prestigiado. Temos também a sempre excelente dublagem do Mauro Ramos (um dos trabalhos mais memoráveis do cara é o Gordon da trilogia TDK) como Drax, Raphael Rossatto (em seu primeiro grande trabalho) como Peter Quill, Priscila Amorim (a Mulher Maravilha do desenho animado da Liga da Justiça) como Gamora e o onipresente Guilherme Briggs fazendo uma participação especial ~peculiar~ na cena pós créditos. O trabalho de dublagem mereceu um parágrafo inteiro de elogios, mas também tenho uma pequena crítica a fazer: o personagem Yondu Udonta, vivido pelo ator Michael Rooker, parceiro do diretor James Gunn e Merle Dixon em The Walking Dead, é dublado por Luiz Sérgio Vieira, um ótimo dublador, completamente deslocado no personagem. É, no mínimo, escroto ver um brucutu azul, de dentes tortos e cara de sádico/psicopata falando com a voz do Tai do Digimon o filme todo. E como o cara tem uma participação não muito grande, fazendo aparições pontuais por todo o longa, você NUNCA se acostuma àquela voz de menino de doze anos saindo da boca dele.

GdG já começa botando pra quebrar, mostrando-se o mais diferente filme da MARVEL. Na primeira cena, vemos o jovem Peter Quill sofrendo ao som de I’m Not In Love enquanto sua mãe morre de câncer em um leito de hospital. Na cena seguinte o jovem é abduzido por uma nave alienígena e conduzido para o espaço rumo ao desconhecido.
26 anos depois, Quill é (des)conhecido como Senhor das Estrelas (que parece codinome de cafetão, Star Lord é muito mais sonoro, é quase tão sonoro quanto Skywalker), um fora da lei que ganha a vida fazendo roubos por encomenda, entre outros trabalhos que um filme PG13 da Disney não permitiria mencionar. Quill é o típico garanhão abobado espacial, é uma mistura de Han Solo e Johnny Storm. Se Johnny Storm fosse enviado ao espaço e criado pelo Han Solo, ele se tornaria Peter Quill.
O cara é contratado para roubar e entregar um orbe misterioso em um planeta alienígena, mas ao levar o orbe ao seu comprador, o cara se vê em meio a uma caçada onde ele acaba por se tornar a caça principal, colocam a cabeça do sujeito a prêmio e tudo o mais. Eis que, em meio à confusão, Peter é preso junto de um guaxinim falante (Rocket Raccoon, dublado originalmente pelo ator Bradlay Cooper), uma árvore meio falante (O grandalhão Groot, dublado por Vin Diesel) e uma assassina alienígena adotada por Thanos, o grande vilão por trás de todo o universo MARVEL (atualmente) (Gamora, vivida por Zoe Saldana) e, por fim, dentro da prisão, os quatro conhecem Drax (o lutador Dave Bautista), um sujeito que teve a família assassinada pelo vilão Ronan e almeja vingança.
Na prisão, os cinco bolam um plano mirabolante para fugir e vão em busca do misterioso orbe, que acabou sendo roubado e dão de cara com a maior e mais perigosa aventura de suas vidas.
Guardiões da Galáxia é o filme mais diferentão da MARVEL e o mais corajoso também.
Vemos aqui algo tão arriscado e inovador quanto o primeiro Homem de Ferro, aquele flerte descompromissado com a ficção científica (extrapolado à milésima potência), aquele espírito de aventura inabalável, aquela sensação de novidade! Você sai do cinema se sentindo incrível!
Tudo é incrível em Guardiões da Galáxia, a maquiagem dos personagens, o visual, os cenários alienígenas, os planetas desolados, os super populosos, as centenas de raças alienígenas bizarras! E tem a trilha sonora absolutamente fantástica, quase um personagem do filme, algo que liga emocionalmente o público ao longa, mas o Michel fala sobre isso.
Não fosse isso suficiente, James Gunn (diretor do absurdo e fantástico Seres Rastejantes) dá um ritmo anárquico ao longa, fazendo algo que Joss Whedon não conseguiu (ou nem tentou) fazer a Vingadores: ele quebra o conceito de protagonista. Peter Quill não é o protagonista de Guardiões da Galáxia, a equipe é. Afinal o título se refere à equipe como um todo, não é? Isso me incomodou um bocado no começo, enquanto eu não peguei essa ideia, eu não engatei na aventura por completo. Até porque Quill é o primeiro a ser apresentado, é o único a ter suas origens formalmente contadas, diferente dos outros, que vão sendo explicados no decorrer do longa (e diferente de Groot, que não explica porra nenhuma, ele apenas é o Groot).
GdG é anárquico, engraçado, vibrante, mas também é emocionado, sério, bem desenvolvido, bem dosado, tem suas piadas abundantes, mas tem um coração enorme. Seja na relação de Quill com a mãe (que vai sendo esmiuçada no decorrer do longa), seja no bromance de Groot e Rocket Raccoon, no desejo de vingança de Drax, na relação de Gamora e seu “pai”, Thanos e sua irmã adotiva, a vilã Nebula (Karen Gillan, visualmente fantástica), em sua trilha sonora acertadamente nostálgica (Quill saiu da terra levando apenas seu walkman e sua Awesome Mixtape, a qual carrega para os quatro cantos da galáxia).
GdG tem seus problemas, claro. Alguns são bem graves e, pra mim, erra exatamente onde não poderia errar: o vilão, Ronan – O destruídor. Lee Pace tem se tornado um dos meus atores favoritos, o cara é foda demais e eu estou virando um grande fã do sujeito. Mas Ronan não convence completamente. A motivação do cara é ok, ele é um terrorista, fanático e psicótico, quer tocar o terror na porra toda, afinal é isso o que fazem os terroristas, mas o personagem foi sabotado pela fidelidade ao visual da HQ. Há muita maquiagem, há muita fantasia e o cara é um histérico. Não dá pra atuar com aquele monte de maquiagem na cara, não dá pra mover o pescoço com aquela armadura e, por mais que aquele marretão seja muito irado, Ronan não é o vilão que um filme do porte de Guardiões, onde tudo é tão bem encaixado, merece. O cara é bom, mas... Em um universo onde há um Loki tão foda quanto o Loki de Tom Hiddleston, o mínimo que se pede é que Ronan seja ao menos um vilão legal, que te faça temer pela vida dos heróis.

Por outro lado, o quinteto principal é tão certeiro que chega a minimizar esse problema. A química entre Groot e Rocket é tão perfeita que os dois levariam, muito facilmente, um longa solo sem grandes problemas. Drax é um personagem tão bem desenvolvido que surpreende e Dave Bautista, lutador profissional de WWE, dá um pequeno show no papel. Peter Quill é carismático e engraçado, tem um senso heróico que se manifesta uma vez ou outra, mas em geral é um canalha. O amadurecimento do personagem é muito sutil, mas muito verdadeiro. E Gamora dispensa comentários. Ela é vivida por Zoe Saldana, tudo o que a atriz faz é com um empenho fantástico, não esperaria menos dela. E a maquiagem dela é uma coisa de maluco.
Uma vez o Assis Oliveira, o gigante que tá carregando o 01Pd nas costas, disse que quando eu gosto de um filme, eu escrevo muito. Acho que já deu pra sacar que eu gostei de Guardiões, né?

Vin Diesel em 3 idiomas.

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