quinta-feira, julho 10, 2014

Halt and Catch Fire 2014 - Série - Piloto

A BATALHA PELO CONTROLE ESTÁ COMEÇANDO


Esta série dramática reconstrói ficcionalmente o lado obscuro da origem da tecnologia computacional. Halt and Catch Fire, "Congele e pegue fogo" na tradução do meu irmão Michel, é uma frase divertida com origem no inicio da era da computação digital.. É uma referencia a um código invisível e a uma serie de comandos que superaquecia a CPU e fazia "congelar" todo seu funcionamento normal, enquanto o Halt era o código que desviava todos os comando para o principal processador do núcleo. Para que isso servia, eu não estou certo, nem é o importante da série.


Com isso em mente, estamos no Texas em 1983 e somos apresentado a Joe MacMillan, um visionário, agressivo que se junta facilmente a lista de anti-heróis comercialmente bem sucedido. Lee Pace faz MacCmillan com a eletricidade que faz seu comportamento questionável se tornar muito atraente. Somos informado do seu objetivo logo no inicio: Fazer engenharia reversa de um computador da IBM e usar o código de inicialização obtido para, eventualmente, construir uma marca nova. A caracterização de MacMillan feita por Pace é uma parte Steve Jobs vivido atualmente por Noah Wyle na série Piratas do Vale do Silicio, da  HBO e uma parte de Sean Parker de Justin Timberlake no A Rede Social.

O episódio de estreia é dirigido por Juan Jose Campanella e é apropriadamente intitulado "I/O". Este é mais básico de todos os  códigos computacionais e descreve um comando on/off. Esta é uma grande apresentação, que com este episódio estabelece uma base clara no tema e narrativa para o resto da temporada. O jargão é limitado e acessível para o público em geral, mas tem momentos projetados para os mais esclarecidos em tecnologia. A cena de abertura tem MacMillan listando os novos campos da Engenharia da Computação de uma forma que um professor faria em uma aula de "a introdução à ciência da computação" em uma classe de alunos para esse curso. De repente ele é interrompido por uma aluna muito confiante, que o critica por não usar a linguagem correta para descrever um campo avançado. Eu vejo isso como uma prévia geral de como a série pretende tratar os aspectos mais técnico de cada episódio. Como um fã da era digital e como alguém que entrou nesse campo muito cedo, nos primórdios praticamente, estou satisfeito com a atenção nos detalhes não só dos computadores da IBM em exposição durante todo piloto, fora o processo tedioso e cansativo de engenharia reversa de tal maquina. A série oferece uma grande visão, que ajuda a afastar-se dos detalhes minuciosos de programação e designe e nos foca sobre o andamento de seus personagens.


Joe MacMillan é facilmente o homem mais inteligente na trama e faz um emparelhamento sólido com a definição do período de tempo. Nosso protagonista com seu carro High-Sport carrega as marcas do vendedor astuto dos anos 1980 disposto a corta os pulsos pelo sucesso, MacMillan desfila seu carisma e inteligência afiada quando negocia facilmente para entrar na Cardiff Elétric, a empresa de tecnologia fictícia de nível médio que servirá como campo de batalha para a guerra que se desenrolará entre MacMillan e a gigante conhecida como Big Blue, a IBM seu ex-empregador. Enquanto ele é aparentemente impulsivo em sua tomada de decisão, a atitude de confronto de MacMillan e sua personalidade destemida cria uma fantasia para os telespectadores que vão se simpatizar com sua luta e estabelecer comparações com seu próprio ambiente de trabalho. Halt and Catch Fire poderia facilmente ser classificada como uma história com sentimento vira-lata, mas com uma personalidade aristocrata "bondiana" graças a Joe MacMillan que torna o espetáculo muito mais complexo e intrigante, sobre a natureza pioneira em um mundo de negócios muitas vezes sombrio que podem incluir roubos de patentes e traição.


Voltando ao inicio, onde MacMillan se apresenta como orador convidado em uma classe de Engenharia da Computação,  e onde ele começa a recrutar Cameron Hower, a jovem aluna que o interpela inteligentemente no começo. Cameron, interpretada pela atriz canadense Mackenzie Davis é uma estudante do tipo rebelde cujo estilo e atitude cyber-punk lembra muito bem Lisbethe Salander, a protagonista da trilogia Millennium. Cameron está bem a frente da curva e parece bastante aborrecida com progresso em seu campo de estudos. MacMillan é imediatamente atraído por Cameron depois que ela prever o desenvolvimento de uma única rede que ligaria todos os computadores por meio de um protocolo padrão semelhante a uma linha telefônica. O que ela está dizendo, se estabelece como sendo a internet do nosso tempo, uma ideia que também estabelece Cameron como um "prodígio", bem como preenche as muitas ideias técnicas no espetáculo para o espectador no tempo presente.



Fiquei satisfeito inicialmente por ver um personagem coadjuvante feminino tomando forma no piloto, mas fui imediatamente jogado para fora por uma cena de sexo entre ela e MacMillan. Fui forçado ao voltar ao estado desconfortável e negar o proposito do que parecia ser um movimento progressivo dos roteirista de no que tange as mulheres em meio a produções que as retratam na companhia dos "engenheiros de garagem". Na maioria da vezes elas são usadas como dispositivos para contar histórias adversárias. Em Piratas do Vale do Silício por exemplo, há uma subtrama do conflito de Steve Job com sua namorada e a gravidez dela que é vista como um obstaculo para seu sucesso e não algo usado no desenvolvimento do seu carater. Em a Rede Social, as mulheres são usadas como objetos de sexo e causa de amargura de Mark Zuckerberg. As histórias verdadeiras desses eventos podem ser no mínimo discutível.

Imediatamente após desembarcar na Cardiff Eletric, Joe MacMillan se aproxima de um colega de trabalho e engenheiro que agora trabalha em um cúbiculo recebendo chamadas de vendas interpretado por Scoot McNairy, Gordon Clarke. Ele é o oposto de Joe. Ele vive no fundo de uma garrafa, chafurdando em seus fracassos do passado e os problemas financeiros atuais. Joe lhe mostra seu próprio artigo publicado no passado na revista Byte referindo-se ao ao progresso do que poderiam se tornar os computadores eventualmente. Esta visão é compartilhada por ambos os personagens e pode unir suas personalidades conflitantes. Sendo pais de dois filhos com uma hipoteca e um orçamento já esticado, Gordon inicialmente resiste ao plano de MacMillan de forma  ilegal  de decifrar uma maquina IBM. Clarke e sua mulher já haviam no passado construído o "Symphonic", um computador pessoal que MacMillan descreve como "à frente de seu tempo". O computador não conseguiu fazer sucesso no mercado por razões que não são explicadas, o que deixa sua esposa do lado da cautela quando descobre o plano de MacMillan. Trabalhando no campo ela mesma, também entende o risco e o investimento necessario para se ter sucesso em um projeto tão ambicioso.

Foi com surpresa e satisfação que vi a introdução de de Donna. Uma dona de casa mãe de dois filhos, cuja a carreira na industria de tecnologia desempenha o pano de fundo para sua familia e o sofrimento do marido. São feitas referências ao seu baixo salario e a incapacidade de fazer face as despesas. cada cena com Donna, retrata-a envolvida com alguma forma de luta para manter a família. Ela aparece no começo quando vai pegar o marido na delegacia local depois de uma noite de bebedeira. Penso que este pewrsonagem será um ponto forte para a série, uma vez que fundamenta a narrativa e faz com que a história possa ser algo relacionável as dificuldades para equilibrar a paixão pela tecnologia, carreira e vida familiar.



Com todas as peças se encaixando, Joe MacMillan tem uma última jogada a realizar para definir o seu plano. Para forçar a Cardiff Eletric a investir e abrigar a construção desta nova maquina, MacMillan vaza seu plano para a IBM e leva a um problema de legalidade entre as duas empresas. Após apertar o medo em torno dos diretores da companhia, MacMillan sugere a Cardiff que construa ela mesmo um computador que possa legalmente chamar de seu. Com isso ele pode finalmente trazer Cameron Hower ao projeto, uma estranha cuja as perspectivas e ideias frescas vão corroborar que o que eles estão fazendo é tão novo que nada tem a ver com os PCs da IBM.

A última cena é o mais importante quando se trata de estabelecer contra o que nosso visionário, o nosso engenheiro e nossa garota prodígio estão lutando. Um misto de medo e admiração é o que provoca a chegada do pessoal da IBM que tem sido sempre denominada como a "Big Blue", a gigante azul, ela não era apenas a maior companhia de tecnologia no mundo da época, mas o padrão para a industria desse ramo no planeta para maquinas de computação. Na série Mad Men, que gosta de mostrar marcos culturais, um exemplo disso é visto na instalação do computador mainframe IBM System/360-30 na Sterling Cooper & Partners em um de seus episódios, a maquina é retratada como enorme e arrogante por parte das pessoas que tem que competir com ela. Uma alegoria para a própria postura da IBM no mundo da tecnologia. Não ficamos sabendo ainda por por que motivo MacMillan abandonou a IBM e fica fora do mundo da industria por um ano, mas o mistério certamente vai nos manter engajado com a série por muito tempo.

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