The Lego Movie - 2014
Dir: Phil Lord e Christopher Miller
Elenco: Will Arnett, Elizabeth Banks, Craig Berry.
Dizem que genialidade e loucura andam de mãos dadas. E a dupla Phil Lord e Christopher Miller estão aí pra provar que isso é verdade.
Eu fico me perguntando como deve ser o processo de
criação desses dois, como devem proceder os produtores de um filme dirigido por
esses lunáticos. Devem trancá-los em um porão durante um mês e só voltar para
ver se ainda estão vivos. Esses caras são PIRADOS! ALUCINADOS!
Já dava para ver isso em Tá Chovendo Hambúrguer, animação
que eles dirigiram para a Sony em 2009. Se a quantidade de nonsense e
insanidade na aventura protagonizada pelo cientista Flint Lockwood já era
inebriante, vocês precisam correr para o cinema e ver a nova empreitada de Lord
e Miller: o surtado Uma Aventura Lego.
Então você pega os dois diretores mais psicóticos da
atualidade, dá a eles o brinquedo mais emblemático de todos os tempos e diz:
brilhem.
O resultado é simplesmente genial. Mas não aquele genial
genérico que eu uso para descrever qualquer coisa. Eu acho que disse que
Sharknado era genial, mas Lego é genial no nível genial mesmo! É um clássico,
uma das animações mais bacanas já feitas, é um negócio absurdo!
A história é aquela de sempre: um zé ninguém que salvará
o mundo ao cumprir uma missão que todos consideram impossível. O que me fez
pensar no quanto a Warner gosta desse tipo de história e o quanto ela investe
nisso. E o filme pega todos esses filmes e faz um mash up inacreditável, uma
gigantesca paródia que conta todas as histórias ao mesmo tempo. Na pele amarela
do protagonista, Emmet, vemos Neo, Harry Potter, Frodo, todos os heróis do
cinema que ganharam vida nas telas pelas mãos da Warner. Não só de monstros
vivem os grandes estúdios, mas também de heróis. E Emmet é, assim como eles, um
derrotado, um perdedor que, por um capricho do destino, salvará o mundo. Mas
ele não estará sozinho pois terá a companhia de todos os maiores heróis da
Terra (ou pelo menos aqueles sobre os quais a Warner possui os direitos). Aparece
elenco do Harry Potter, Senhor dos Anéis, a Liga da Justiça inteira (o Batman
até aparece como um dos coadjuvantes da aventura)... Putz, é um negócio
fantástico.
A missão do bonequinho amarelo é, nada mais, nada menos,
a de salvar o mundo das garras do tirânico Senhor Negócio (Will Farrell em seu
segundo melhor papel), um inescrupuloso e megalomaníaco empresário que planeja
espalhar pelo mundo uma substância capaz de paralisar toda a população. A Cluca
(Cola Maluca).
Personagens incríveis (todos fantasticamente malucos),
vilões espetaculares (o policial com dupla personalidade, um é o policial bom e
o outro é o policial mau, dublado por Liam Neeson é incrível) e situações
absolutamente sem sentido fazem valer a experiência, mas é seu desdobramento
que justifica a existência de algo tão megalomaníaco.
Uma Aventura Lego é uma zoação sem tamanho, mas tem uma
ideia brilhante, uma carga emocional enorme! Você está lá, completamente envolvido
por aquela maluquice, aquele absurdo visual (esteticamente falando, Lego é
PERFEITO), aquela trama... Sabe quando um filme tem um ritmo tão constante de
absurdo e insanidade ou quando ele tem tanta ação que você tá desligado, apenas
assistindo, de boca aberta e inclinado pra frente? Lego é isso. Enquanto a
trama se desdobra diante dos seus olhos, você nem mesmo pisca.
É quando a grande surpresa final se revela e... Por um
segundo se tem a sensação de que ela vai automaticamente anular tudo o que foi
construído no decorrer do longa, vai anular toda a história que foi contada até
agora. Mas não. É feito de uma maneira tão inteligente, tão bem sacada que só
engrandece mais! É simplesmente inesperado, mas eles dão uma justificativa para
a existência do “universo Lego”, eles dão uma explicação para a existência de
uma forma de vida Lego e não fica ridículo, não fica tosco. E isso adiciona uma
carga emocional ao longa tão inesperada que chega a ser surpreendente. Sem
aquilo o filme já seria grandioso, mas aquela ideia, aquele lapso de
genialidade, aquele detalhezinho de nada que só é revelado no finalzinho...
Aquilo é a cereja do bolo.
O Michel Euclides inclusive fez uma justíssima comparação
a Toy Story.
Uma Aventura Lego é um filme fantástico, dá aquela
sensação boa de sair do cinema após um filmaço. Além disso, é uma deliciosa
bagunça, uma zoação sem fim, tira sarro de Transformers, homenageia os grandes
heróis da DC, sacaneia violentamente o Lanterna Verde do Ryan Reynolds (colocam o Jonah Hill pra dublar o coitado!),
avacalha o Michael Bay o tempo inteiro, faz referência a Clube da Luta (você
não é um floquinho de neve especial) e, por fim, monta uma aventura
espetacular.
Não trata criança feito idiota, respeita o público
adulto... putz! A Pixar vai ter que se esforçar MUITO pra bater a Warner esse
ano.
Lego é um filme onde tudo é incrível.
Vale também um elogio ao trabalho de dublagem que ficou
excelente, apenas perdendo algumas piadas, mas nada muito grave. Se você
entender a origem das adaptações linguísticas (a cena do “Liberem a Cluca”,
fazendo menção ao Release The Kraken do temível Fúria de Titãs), vai se
divertir tanto quanto com a língua original.
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PS: http://sigfigcreator.thelegomovie.com/
É um filme divertido, tem muitos pontos positivos sobre o gênero de animação, criatividade e originalidade, mas não conseguiu captar a minha atenção em tudo. Se eu estava interessado porque envolvia o ator Will Arnett que começará a ver em filmes de outras crianças. Em suma, é um bom filme.
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