O Pequeno Príncipe - Um breve comentário.

É desnecessário narrar a estória do pequeno príncipe. Irei me ater as minhas impressões. Primeiro gostaria de parabenizar a mim mesmo por ler um livro depois de 20 anos :). Impressionado até agora com a simplicidade, o jogo de metáforas, com a roupagem infantil dentro de um tema tão adulto, universal e atemporal.

Cada diálogo transmite uma ideia, uma mensagem, um recado, que nos pega desarmados pela leveza da linguagem. Vai vindo os personagens de nossa vida, as passagens que se assemelham ao dito no livro. Ficamos pensando nos conselhos que não seguimos, na beleza de cultivar relacionamentos. Pensamos na forma superficial que a industrialização dos sentimentos nos traz, na descartabilidade que infelizmente não ficou apenas nos refrigerantes e copos de plástico que usamos.
A ideia de dar valor à algo vem a nossa mente. A ideia da construção das relações, da sensibilidade pelo outro, do cultivo do cuidado, da dedicação, do doar-se. O autor fez um paralelo entre o ter e o ser, entre a essência e o superficial, entre o imediatismo e construtivismo.  A beleza estar em ver as amizades e os nossos vínculos em geral como coisas especiais a partir do momento em que semeamos, aguamos e nos dedicamos àquilo. Nós alimentamos essas ligações, mas elas também nos alimentam. Gastamos energia com ela, recebemos de volta, e isso torna precioso, eterniza nosso brilho no olhar e então as torna preciosa também.
Muito constante a efemeridade da vida, das sensações, a necessidade da busca por conhecer-se. A inevitabilidade de voltar de onde viemos. A percepção dos ciclos da vida. Em cada planeta vai narrando as nossas doenças, e ao chegar na terra percebe e vê o quanto somos ricos, porém angustiados, carentes, por sermos tanto nosso predador como nossa própria presa e nossa indignação diante disso, nosso eterno sonho de cativarmos uns aos outros e de sermos como o pequeno príncipe... puro e perspicaz.