quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Her (2013) - Um filme existencial sobre singularidade e videogames

Dia 36 Ano II

Filme: Her (2013) - IMDb 8,4
Diretor: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze
Atores: Joaquin Phoenix, Amy Adams, Scarlett Johansson |

Tendo finamente visto Her (Ela), estou surpreso que ele tenha provocado tão pouca discussão ente os fãs do gênero. Este filme tem um olhar existencial na (potencial? inevitável?) singularidade e mostra a quem lhe assiste o futuro dos videogames.


A singularidade como material presente na história

Her é anunciado como um drama peculiar, em que Joaquin Phoenix interpreta um cara solitário, nada social, que se distancia dos outros e tem dificuldade de lidar com as emoções humanas. Ele acaba por se apaixonar por um caráter incrivelmente atraente interpretada por Scarlet Johansson, que na verdade não aparece no filme. porque ela essencialmente reproduz a voz de um siri super avançado (Ok, ScarJo para ficar mais quente). 


Na realidade, porem, este é um filme sobre singularidade, com uma trama romântica principal servindo como atrativo para o publico, se movendo junto com temas de inteligência artificial (IA). De certo modo o que temos aqui é uma trama inversa a que Spike Jonze fez em um curta chamado "I'm Here", que usa um mundo pós-singularidade como cenário de fundo para uma trama romântica.
Como seria uma "pessoa" dotada de IA? Como ela reagiria a nós e como se encaixaria na sociedade? O que significa ser uma "pessoa" com IA, seria alguém que valeria a pena ser? Quão rápido vai evoluir a inteligência artificial e como isso afetará as nossas vidas.
Todas essas estas questões são abordadas na história de Theodore (Joaquin Phoenix), tentando encontrar o amor.
O filme não é tímido sobre sua jornada em um atoleiro existencialista, Ele ainda oferece algumas reflexões sobre o pensamento de Alan Watts no contexto dos anos 1960. Porque o existencialismo é um tema tão central no filme, não há abordagens sobre questões jurídicas sobre IA ou sobre proteção de IP, assim como eu me peguei pensando, "o que os tribunais teriam a dizer sobre um personagem advogado que aceita Samantha/Johansson como uma pessoa real sem nem pensar duas vezes" Pode haver questões legais sobre isso, mas não vamos nos preocupar com isso agora.

O futuro dos videogames - você vai querer isso.

A outra coisa que os fãs de tecnologia e ficção cientifica podem notar de imediato é o estado onipresente-mas-não-ostensivo dos videogames neste filme situado a 15 minutos do futuro. Qualquer personagem neste filme, quando se apresenta com o tema jogo, o faz do mesmo modo que alguém faria hoje, ao falar de filmes e de TV, o que quer dizer, que é ao mesmo tempo universais e aceitos. O mesmo caráter ridiculamente quente para Olivia Wilde ouvindo atentamente a descrição de Theodore de sua última sessão de jogo, que reage com intenso interesse, risos e anedotas relevantes. Quando foi a última vez que você descreveu um game para alguém que nunca o tinha jogado e ele reagiu com esse tipo de atenção?


Outro personagem trabalha no design de um game, e mostra um RPG casual sobre tentar ser a melhor mãe do mundo de um certo distrito escolar. "Pontos Mom" são concedidos para fazer coisas como controlar o comportamento do seu filho, cortar a fila de espera para entregar seu filho na escola antes de todo mundo, subornar o corpo docente com assados e guloseimas - tudo num esforço para fazer as outras mãe morrerem de inveja de suas habilidades de mãe louca. Me arrisco a dizer que isso seriam um jogo que as pessoas iriam jogar e iria matar a pau no mercado de portáteis.

Há ainda um game principal no filme que usa Kinect para controlar um jogo exploratório de mundo aberto que utiliza um IA enganosamente simples para desafiar os jogadores a pensar fora do jogo. Os personagens não jogáveis, os chamados NPCs reagem por meio de IA as interações que você faz gerando comentários pertinentes e imagens de um sentimento real ao jogador (algo que qualquer jogador de Skyrim, iria dar um dedo para joga-lo).

Além do avanço geral da tecnologia de games, há uma enfase crescente na escrita e design mundial, e como cada geração que passa, e é exposta a jogos cada vez mais, tendendo  a uma mais ampla aceitação deles como algo mais que simples entretenimento.

Para resumir

Para quem não conhece o conceito de singularidade tecnológica, ele sustenta que em algum ponto a tenologia vai evoluir além da nossa capacidade de compreende-la, e isso é exatamente o que acontece com os personagens humanos no final. Eles não podem sequer conceber "onde" os sistemas operacionais estavam indo ou por que, e quando quando Samantha tentou explica-lo, ela percebeu que não havia palavras humanas para descrever seus pensamentos. A singularidade como todo mundo parece estar dizendo é que o universo é muito simples, e não há como o surgimento de superinteligências computacionais não balançar o mundo e o o seu equilíbrio. Quando isso acontecer surgirão, novas invenções, novas moralidades, protestos, lutas de poder, a cobertura diária de noticias, cartazes, pichações, motins, religiões, de modo que a imutável natureza da coisas não poderá ser a mesma. Her, não é apenas uma escolha de estilo, é um sinal de que estamos vivendo uma fábula.

Her é um grande filme, mas mais importante, ele tem coisas interessantes a dizer sobre onde a tecnologia pode nos levar, como uma sociedade, e coisas divertidas para dizer sobre para onde os videogames estão indo.


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