segunda-feira, novembro 25, 2013

La Fille de Nulle Part / A Garota de Lugar Nenhum

Dia 329

Filme: La Fille de Nulle Part / A Garota de Lugar Nenhum (2012) - IMDb 6,1
Diretor: Jean-Claude Brisseau
Roteiro: Jean-Claude Brisseau

Elenco: Virginie Legeay, Claude Morel, Lise Bellynck

Protagonista de A Garota de Lugar Nenhum, o professor de matemática aposentado, há tempos viúvo, Michel Deviliers (Jean-Claude Brisseau, também diretor e roteirista do filme) tem sua maçante rotina diária interrompida quando se depara com a jovem Dora (Virginie Legeay) sendo brutalmente surrada na escada do prédio onde ele mora. (Sinopse).


Um filme Francês com um toque de surrealismo, sobrenatural e realismo fantástico. A história de um velho professor de matemática, com uma tendência a melancolia filosófica que há 29 anos fechou a portas de seus sentimentos depois da perda da esposa. Auto-confinado em seu apartamento desde então, ele passa todo tempo dedicando-se a escrita do seu ensaio sobre a ilusão/desilusão e seus efeitos na alma humana.

Quando Dora entra na vida de Michel, parecendo uma simples delinquente de rua seus sentimentos irão rapidamente mudar ainda que carregado de platonismo. Dora tem uma aura mistica e se revela uma médium ao perceber que forças misteriosas, e todas femininas, habitam o apartamento de Michel. Não pense no entanto, que você esta diante de uma narrativa com a intensão de causar medo e pavor. Não é está a proposta do filme. Ele na verdade possui várias camadas e permitem algumas leituras diversas. O relacionamento de Michel e Dora é idealizado e casto em sua condição, quando percebe o interesse de Dora pelo apartamento e seus livros, em especial pela leitura de seu trabalho, Michel vê nisso uma maneira de mantê-la em sua companhia e a convida para ajudar na escrita de seus ensaio.

Enquanto Dora demonstra seus poderes mediúnicos, Michel, sem hesitar, externa com intensidade o seu agnosticismo e logo a discussão sobre a existência ou não de Deus toma lugar no filme como uma de suas camadas de leitura. A relação com o aspecto sobrenatural vai mas além do que as belas cenas em que as personagens femininas aparecem, - uma delas se parece com a morte - pontuado com o modo cômico com o qual Michel lida com as visões. Há muitos sentimentos envolvidos aqui e não apenas o amor platônico que Michel nutre por Dora. A certa altura, como um amor filial e o desejo de cuidar de Dora, ele resolve ainda em vida, torná-la sua única herdeira, algo que ela recusa firmemente, em nome de sua liberdade e seu desejo de não se unir a ninguém.

Nos poucos 90 minutos de sua duração abre-se espaço para discussões tão intimistas - reforçados pela sensação de proximidade da locação toda se limitar ao apartamento de Michel - quanto universais. De uma maneira corajosa, temáticas controversas que envolvem preceitos religiosos, espiritualidade, morte, vida e até reencarnação. Argumentos desmistificadores de práticas que remontam a era medieval, mas que também abrem espaço para justificar tais dogmas. Argumentação e contra-argumentação dão o tom da narrativa e de quebra introduz uma sensualidade única de rara beleza, que aponta para a liberdade incondicional do ser humano. Nunca se pode encontrar uma reposta definitiva para os dilemas retratados na trama, mas não é difícil se sentir tocado ao seu final.


Um certo amigo me confrontou afirmando que eu resenhava demais filmes franceses e que segundo ele ainda, muitos dos filmes que eu resenhava, nunca chegariam aos cinemas brasileiros. Foi preciso lembra para o meu infeliz amigo que ele não teria que esperar que isso acontecesse, bastava garimpar pela rede o filme que lhe interessasse. Espero que isto não sirva pra você. Eu continuarei resenhando coisas, não apenas de Hollywood.



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