Dia 287.
Enfim... o que isso tem a ver com o disco de hoje?
Clarice Falcão. Sob a aparente doçura destes olhos azuis há uma língua ferina e meio cínica. Muito sarcástica. Muito agradável. Muito fora dos padrões irritantes da "bonequinha" produzida pela mídia.
Clarice fala o que pensa e peita até "deputados". Clarice não acredita em mitologias ultrapassadas. Clarice compõe suas próprias músicas. Ela está fora dos padrões - nem é a "princesinha", muito menos aquela coisa-clichê da música brasileira. Clarice surpreende pela beleza clássica e pela coragem de expor seus sentimentos de maneira tão aberta em suas canções.
Usa rimas simples e músicas encantadoras, ou versos mais complexos e harmonias mais complexas, mas no fim o resultado é um só: Clarice vicia. É como se ela viesse preencher uma lacuna da música brasileira que ficou meio oca depois que o Los Hermanos se retirou da cena musical - mas com um diferencial: Clarice fala de si, de suas experiências, de seus amores - de maneira quase literal. Sua poesia é uma trovoada, uma ventania, e ao mesmo tempo brisa e chuvinha de fim de tarde.
Clarice é - como já deu para perceber - dificílima de se definir. Como toda experiência, precisa ser provada. Tocada. Ouvida.
Clarice precisa ser compartilhada.
Num mundo lotado de clichês e cantores retocados pelo Auto-tune, Clarice Falcão é uma agradável surpresa que - creio! - veio para ficar. E de presente nos trouxe uma imagem nova: a mulher inteligente, forte e inteligente, que sabe beber e se divertir. Mais que uma princesa a ser salva, torna-se companheira de bar e de vida.
Boas noites.
P.S.: Flavia Matos, Leticia Silva e Cristiane Cavalcante, minhas queridas ex-alunas e amigas: essa é para vocês.
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