Dia 262 (dependendo da versão da Matrix)
Logo ao primeiro riff de Hubcap Music, ao som de Down on
The Farm, você se vê fazendo cara de Barack Obama, sabe como é? Aquele “Not Bad”?
Quando você ouve a voz de Seasick Steve pela primeira vez, já arregala os
olhos, começa a sacudir a cabeça, fecha os olhos... O som do cara é contagiante,
a voz é sensacional, uma das linhas de guitarra soa estranha e interessante e,
lá por volta da terceira música, você está se perguntando: mas quem diabos é
Seasick Steve?
Aí vem o grande choque porque o sujeito é um velhinho de
72 anos com a maior cara de lavrador americano, saca? Caipirão mesmo. Tem uma
barba branca iradíssima, usa aqueles macacões jeans e toca banjo! Pois é,
aquela guitarra estranha e interessante... É um banjo!
Mas não é um banjo qualquer, dá uma olhada no negócio:
É Quase uma arma mitológica!
Feita essa descoberta, Hubcap se torna algo surpreendente
e assustador. Isso porque Steve tem 72 anos e o fôlego e a voz de um cara de
30, no máximo.
Aí você pensa: nunca ouvi falar desse maluco na vida. Nem
eu, mas ele tá lá, já gravou seis discos, tem uma legião cativa de fãs (e
acredito que a reação de todos eles tenha sido semelhante à minha) e tem uma
voz poderosa e uma barba mítica!
O som do cara é uma mistura incrível de country, rock, folk
e blues, algo bem próximo do The Black Keys. As músicas são empolgantes pra
caramba, som meio pesado, guitarras/banjos alucinados e a já citada voz de
Steve são uma combinação inacreditável.
Cara, sério, você não tá em tendendo: a voz desse sujeito
é um negócio maluco! Sabe na primeira vez que você ouve Johnny Cash? O cara tem
aquela voz intimidante, fantástica, empostada, mas você saca logo de cara que
ele é um senhor de idade, que tem muita carga nos ombros, que já deve ter
cruzado o planeta a pés (afinal de contas ele já esteve em todo lugar) e você entende
logo qual o lance do cara, que ele é algo acima de qualquer artista.
O Steve é diferente, você não consegue atribuir aquela
voz aquele rosto!
Certo, sem comparação, a música dos dois não tem nada a
ver e Cash é um monstro sagrado da música, parafraseando Fausto Silva.
Eu tô saindo de foco (e eu nunca faço isso), então é
melhor parar por aqui.
Eu quero que você vá agora, AGORA, ouvir Hubcap Music ou
qualquer outro trabalho desse sujeito surpreendente, desse caipira fantástico
que eu conheci hoje revirando as centenas de músicas que o meu irmão (e mestre)
Michel Euclides me indica toda semana.
A sensação ao fim da audição é a de ter levado uma
pedrada na cabeça.
A sensação de ter sido atingido em cheio por algo que não se
sabe o que é nem de onde vem, mas foi intenso e te deixou meio tonto.
Hubcap é um disco deliciosamente viciante, música de
qualidade!
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