Dia 267
Oblivion - 2013
Dir: Joseph Kosinski
Elenco: Tom Cruise, Tom Cruise, Morgan Freeman e Olga Kurylenko.
“Que melhor forma de um homem morrer que enfrentar as terríveis
desafios, pelas cinzas de seus pais e os templos de seus deuses?”
Oblivion é complicado de se falar, é um daqueles filmes
que sustentam o mistério até seus últimos minutos e, mesmo assim, não dão todas
as respostas facilmente.
O filme se passa anos após a última grande guerra lutada
pela humanidade. Uma raça alienígena foi o oponente. Todas as nações se uniram
em um último grande esforço para vencer essa guerra e, no processo, acabaram
por destruir o planeta. O que sobrou de nós se mudou para Titã, a lua de
Saturno.
Na Terra devastada pela guerra acompanhamos aqui Jack
Harper (Tom Cruise) e sua parceira Victoria Olsen (Andrea Riseborough), que foram
designados a ficar no planeta tomando conta da manutenção de drones que são
responsáveis por enviar relatórios diariamente a respeito da situação do
planeta para a base espacial do programa responsável por monitorar as
atividades na superfície da Terra em busca de soluções para os problemas
gerados pela última guerra.
Essa é a parte Wall-e de Oblivion.
Após a guerra o planeta se tornou inabitável,
principalmente por conta da destruição da lua pela raça alienígena, que acabou
causando a morte de quase toda a espécie humana, tornando o planeta habitado
apenas pelos próprios aliens e por Jack e Victoria. A rotina de Jack consistem
em rondar pelos arredores do lugar onde vive com Victoria, fazendo varreduras, consertando
os drones e tentando sobreviver à ameaça alienígena que mata e destruí tudo o
que se mova sobre a terra.
Jack e a parceira tiveram suas memórias apagadas como
medida de segurança, tudo o que eles deveriam lembrar é o que aconteceu desde o
dia em que foram ativados no programa, o que na prática não acontece. Jack tem
sonhos, todos iguais e todos assombrados por uma lembrança fragmentada e
repetitiva: uma mulher.
E quando um objeto não identificado despenca do espaço em
um dos quadrantes cobertos por Jack e dentro desse objeto ele encontra a mulher
que via em seus sonhos, verdades começam a vir à tona e Jack descobre que as
coisas que ele sabe, tudo o que lhe foi contado até então e todas as lembranças
que ele achava que não tinha, podem não ser exatamente verdade.
Tenho que confessar que minhas expectativas com Oblivion
era muito baixas. Mais uma vez gostaria de agradecer aos críticos de cinema
pelo ótimo trabalho em baixar minhas expectativas em filmes que me surpreendem.
E Oblivion me surpreendeu, e como surpreendeu. Por uma série de fatores, mas o
principal foi a notável evolução e amadurecimento técnico do diretor Joseph
Kosinski desde seu último (e único) trabalho, Tron – O Legado. A evolução mais
absurda foi no ritmo de um filme para o outro. Enquanto Tron é totalmente
irregular, Oblivion opta por manter um passo constante e, mesmo cheio de
reviravoltas, extremamente moderado, o que dá um charme imenso à produção.
Outra boa surpresa foi o visual, as referências visuais que o longa faz. Há
menções muito claras ao game Portal (os drones são extremamemte parecidos com
os turrets do jogo da Valve, até mesmo nos sons que produzem. Além disso o
figurino e a fotografia lembram muito o game) e a Half Life (também da Valve,
cujas referências refletem nas cenas de ação e na movimentação dos drones). Além
disso há referências claras a 2001, Wall-e e Moon, algumas ideias parecem
realmente ter sido roubadas descaradamente destes mesmos citados. Certas
referências acabam por tornar Oblivion um tanto quanto obvion demais
(tudumpish!), realmente previsível. O que não diminui os méritos do longa
porque, onde ele acerta ele acerta em cheio.
Tecnicamente o filme é belíssimo, sua fotografia hora
azulada, hora cinzenta é charmosa, seu ritmo é correto e as atuações são
comedidas, além de um uso extremamente sóbrio de efeitos visuais que nunca se
sobrepõe ao roteiro ou mesmo às paisagens que compõe o cenário. Cruise é um
ator confiável, raramente passa dos limites ou fica abaixo da média. Aqui ele
está confortável, meio automático, já começa o filme sorrindo, mas não
desaponta. O longa ainda conta com as atuações competentes da russa Olga Kurylenko
no papel da mulher que surge nos sonhos de Jack, e de Morgan Freeman como...
Melhor não comentar o papel do Freeman.
Resumindo, Oblivion é uma ficção científica complexa que
pincela em dezenas de temas interessantes com naturalidade (o que acaba
tornando-o superficial em certos aspectos) e tomando rumos, ainda que um pouco
previsíveis, corretos. É um filme, veja só, agradável de se assistir. Levanta
questões, nunca dá as respostas mastigadas e faz o expectador refletir.
Cumpre o que promete e vai um pouco além.
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