quinta-feira, setembro 12, 2013

Le Magasin des Suicides/A Loja dos Suicidios

Dia 255

Filme: Le Magasins des Suicides / A Loja dos Suicidios (2012) - IMDb 5,9
Diretor: Patrice Leconte
Roteiro: Patrice Leconte, Jean Teulé (Romance)
Atores/Vozes: Bernad Alane, Isabelle Spade, Kacey Motet Klein e mais

“Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma questão fundamental de filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou dez categorias, vem depois. São apenas jogos: primeiro é necessário responder.”
- Albert Camus –

Um pouco por preconceito tendemos a achar que filmes de animação contenham sempre temas infantis. A animação francesa em particular, na ultima década, tem colocado bons temas adultos para a animação, como Les Triplettes de Belleviles/As Bicicletas de Beleville (2003) e Le Chat Du Rabbin/O Gato do Rabino (2011)  para citar apenas dois deles.


A Loja dos Suicídios é a estreia do diretor em filmes de animação nesta obra que pode ser considerado um produto cultural reflexo da Europa atual, imerso numa crise econômica sem fim. A história se passa numa cidade triste e depressiva onde ninguém mais se diverte. As ruas cinzentas cheias de congestionamentos, cercadas de prédios com pequenas janelas e calçadas cheias de pessoas que se arrastam sem animo pela vida. Algumas se atiram debaixo do primeiro carro que vê, ou se lançam do alto dos prédios. O pior de tudo: o suicídio não é permitido pelo estado, pelo menos não se pode comete-los em lugares públicos. Quem se mata em via publica recebe imediatamente um recibo de multa que é afixado no seu corpo. A família pagará a multa ou o próprio, se o suicídio não for bem sucedido.


Nesse clima de depressão extrema, apenas um negocio prospera e vai a todo vapor, a loja de artigos para suicídios que promete 100% de sucesso. "Uma morte requintada" ou "Ajuda-lo a morrer é a nossa felicidade", são os lemas desse estranho negocio em franca expansão nos dias que se seguem na cidade.


"Se sua vida foi um fracasso, pelo menos a morte será um sucesso" diz o Sr Mishima Tuvachi, o chefe da família que administra a loja junto com demais membros, dois adolescentes e a mulher grávida. Logo o novo membro da família que estar para chegar, irá mudar um pouco as coisas e a rotina dos negócios. Allan é uma criança que sorrir. A cidade não sorrir, a família também não, e ter dentro do negocio uma criatura com o sorriso permanente no rosto é ruim para se continuar fazendo sucesso no ramo de ajudar as pessoas a deixar o mundo espontaneamente. Seu pai tudo fará para contaminar alegria de Allan, mas ao crescer e ir para escola logo se juntará a um grupo de crianças também minoritariamente sorridente. Alan traçará com eles um plano anárquico para mudar o deprimente estado de coisas e lembrar a família e os espectadores que a vida não deveria ser tão levada a serio.

A Loja dos suicídios é repleto de humor negro e de coisas que alguns chamariam de politicamente incorreto, mas com uma forte mensagem ideológica que tenta nos mostrar que os momentos de crises são os momentos maiores de empreendedorismo e de oportunidades, mas podemos ver também assim: o empreendedorismo do Sr Tuvachi é a exploração do consumismo mesmo na hora derradeira do cliente. E ai fica patente que nem um assunto delicado e tabu, como o do suicídio não pode ficar de fora da logica do consumo.

Vi pessoas que se sentiram ofendida, por um tema delicado ter sido colocado em tom tão sarcástico e de fato ele pode ofender alguns mais sensíveis, mas é obvio que outra abordagem o tornaria apenas mais uma comédia de humor negro. Por outro lado o sorriso franco de All an e sua certeza que ele pode fazer algo de bom pára família, especialmente por sua irmã é um contraponto interessante.

Na verdade o que incomoda aqui mesmo, e não deveria, é a morte.




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