quarta-feira, setembro 11, 2013

IV - Led Zeppelin, ou: Nomes, símbolos e escadarias para o Paraíso.

Dia 254.

"IV". Foi assim que a banda resolveu chamar o quarto disco. Ou melhor, resolveram não dar nome algum. "IV" é só o apelido deste álbum sem nome que é considerado até hoje um dos melhores discos de Rock de todos os tempos.



Era 1971, e os executivos achavam que lançar um álbum sem título era suicídio mercadológico. Daí eles disseram: dane-se. Mas não chorem, senhores fazedores de dinheiro, que vamos resolver isso pra vocês. Seguem nossos símbolos.


O disco começa tenso com "Black Dog". Pede suor, pede movimento, pede entrega a algo profano, úmido e escuro que dorme sob seus olhos e pulsa com seu sangue. Incrível trabalho de guitarra, baixo, bateria e Robert Plant em suas performances agudas e afinadas e afiadas. Clássica.

"The Battle Of Evermore" é levada pelo sentimento de "O Senhor dos Anéis". Pode muito bem tocar nos momentos em que Frodo e seus amigos fogem do Condado em direção a Bri, com os Cavaleiros Negros em seu encalço. Incrível! Jimmy Page faz do bandolim uma arma poderosa e eleva a música ao status de hino.

E há "Stairway To Heaven". Uma das melhores e das maiores músicas de todos os tempos. Um retrato sincero e meio cínico do preço que se paga - e do trecho escuro e pantanoso que se atravessa - para chegar até os primeiros degraus do Paraíso. E das tentações que se sofre. E dos medos que se enfrenta. E dos desejos que se abre mão.

"O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima".
O solo de guitarra de Page em "Stairway" é uma das coisas mais lindas do Rock. É impossível ficar impassível diante da beleza cruel e verdadeira desta música. (Faço uma louca - e talvez nem tanto - correspondência entre ela e "Metal Contra As Nuvens" da Legião. E elas casam muito, com o sentimento meio medieval e sanguíneo em chamas).



"Rock And Roll" soa rápida e "road". Sua melodia constante e a bateria dinâmica, numa levada bem elétrica de Blues, trazem-na diretamente para uma viagem em direção àquele lugar barulhento em que nos escondemos quando sorrimos por dentro.

John Bonham nos entrega sua performance mais perfeita em "Misty Mountain Hop". Cheia de distorções e sintetizadores, a música empolga e causa uma certa estranheza agradável. Lembra a sonoridade de um trem sempre em movimento. A viril "Four Sticks" segue uma linha semelhante, mas é mais sombria e pulsante. Igualmente fantástica.

"Going To California" é linda com seus violões e a paixão de Plant. Emocionante, simples, encantadora, poderosa. Só escutando pra perceber a lindeza dela.

E por fim, para encerrar como uma explosão ou estouro: "When The Levee Breaks". Cai como chuva forte de vento e temporal, com raios e trovões cruzando os céus ao ritmo da bateria de Bonham, nervosa, súbita, agressiva. As mudanças de ritmo, os cortes, cada tremor de terra, a gaita e a guitarra, a voz ensandecida de Plant, o baixo onipresente de John Paul Jones... é como se a música tivesse vida própria. É uma enchente que te carrega e te deixa exaurido após a tempestade, com nada nas mãos, nenhuma esperança.



Um disco perfeito.



Buenas. A gente se vê por aí, quando a represa estourar... nos primeiros degraus da escadaria.

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