sábado, setembro 14, 2013

Eternas Ondas - Fagner, ou: O amigo vento e suas vozes eternas

Dia 257.

Qualquer disco que inicie com uma versão clássica de uma música clássica do Zé Ramalho não pode dar certo. Assim é, pois, com "Eternas Ondas", álbum lançado em 1980 pelo "muezim que berra arroios", Raimundo Fagner.






Este é um daqueles discos inesquecíveis cantado pelas duas vozes de Fagner. Aqui ele aparece no seu melhor estilo, com um violão nervoso e cheio de fúria. Sua música mistura o clássico e o nordestino de maneira a criar algo completamente novo e original. "Eternas Ondas" afigura-se como um trabalho sensível e vanguardista, ditando tendência para os artistas nordestinos durante a década de 1980 - e até prevendo como seria a carreira de Fagner deste ponto em diante.



Eternas Ondas (Zé Ramalho)


Quanto tempo temos antes de voltarem aquelas ondas

Que vieram como gotas em silêncio tão furioso;

Derrubando homens entre outros animais,
Devastando a sede desses matagais; (bis)

Devorando árvores, pensamentos seguindo
A linha do que foi escrito pelo mesmo lábio tão furioso.

E se teu amigo vento não te procurar
É porque multidões ele foi arrastar. (bis)

Os três momentos mais marcantes do disco são: a primeira faixa, que dá nome ao disco, composição de Zé Ramalho; a faixa de número 06, "Oh, My Love", versão da música de John Lennon (e ouvir Fagner cantando em inglês já vale o disco inteiro... e ele leva suas vozes ao máximo, numa de suas melhores performances.); A última faixa, "Vaca Estrela, Boi Fubá", versão musicada do poema do Pássaro do Sertão, Patativa do Assaré.



As outras faixas também são muito boas, não deixando a desejar quanto à qualidade que vinha sendo impressa à obra deste cearense tão importante para a música brasileira.



No mês de setembro, em que o vento tem nos procurado com tanta violência e intensidade, nada como dormir ao som das vozes devastadora de Fagner.

Obrigado e boa noite. Bom domingo.

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