domingo, setembro 15, 2013

Damien Rice - 9, 2006

Dia 258

Damien Rice causou um estardalhaço notável em seu disco de estreia, O, lançado em 2002, com o hit The Blower’s Daughter e graças a esse trabalho ganhou projeção mundial e gerou ânsia e expectativa para seu próximo álbum.
O era sofrido, deprimido, sangrento e expressivo. Evocava paixões dolorosas, frustrações mortais e corações partidos, além de um sentimento de solidão angustiante. Reprisar esse sentimento era uma tarefa difícil, talvez até impossível.
Em 2006 Rice lançou 9, seu segundo trabalho de estúdio e, dadas as expectativas acerca dele, sua repercussão foi tímida, não teve metade da projeção esperada, não foi exatamente um estouro e não teve sequer um grande hit.
O que não desqualifica 9 em absolutamente nada.
A ideia de 9 é diferente da de O. Ele realmente não é tão dramático quanto seu antecessor, não tem o mesmo peso e não concentra esforços em lançar um hit poderoso como aconteceu com The Blower’s Daughter.
9 traz um Damien Rice mais conformado com o mundo desgraçado no qual vive, um cara que percebeu que chorar as mágoas é bom, mas não por muito tempo. É um sujeito decidido a dar um primeiro passo adiante, superar o passado, seguir em frente. Amores se foram, paixões dilacerantes diluíram-se em vinho e água fria e a dor simplesmente começou a passar. O Damien Rice de 9 é um cara que sente mais raiva do que tristeza, mas que está disposto a dar um rumo à própria desgraça. Que olha pro passado, para os amores que lhe viraram as costas e manda um belo foda-se. Foda-se! Você e tudo o que passamos juntos!
No fim das contas 9 é mais empolgado que deprimido. Não renega à tristeza, não perde a chance de se torturar, mas que sabe se levantar quando cai e sabe bater de volta quando apanha.
O é um disco belíssimo em todas as nuances da tristeza que atinge, todos os tons de cinza nos quais se pinta, em toda a bela destruição que causa. É um disco perfeito com um sentimento de fim caso, uma sensação arrasadora de abandono.
9 é o passo adiante.
E essa é a razão pela qual sua repercussão não foi tão grande quanto a de seu antecessor: é melhor sofrer que seguir em frente.
Além disso o disco não é perfeito, mas atingir a perfeição duas vezes seguidas é impossível. Então 9 é fantástico dentro de sua imperfeição violenta e em sua resolução de seguir adiante.
E sigamos adiante!
Feito para se ouvir na íntegra, sem saltar faixas, 9 é o tipo de disco que você deixa guardado durante anos, sem ouvir, pela sua simples incapacidade de seguir em frente. Porque, como eu disse antes em uma postagem há muito perdida, sofrimento dá barato. Sofrer é bom pra caramba! E seguir em frente é um saco.

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