segunda-feira, agosto 12, 2013

Zodíaco

Dia 224
Zodiac - 2007
Dir: David Fincher
Elenco: Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr., Brian Cox.

Quero informar um duplo assassinato. Vá um quilômetro e meio para leste na Avenida Columbus.
Em um parque público, tem dois garotos em um carro marrom.Atiraram neles com uma Luger 9 milímetros.
Também matei os garotos do ano passado.
Adeus.

O Assassino do Zodíaco foi um serial killer americano que fez pelo menos 5 vítimas confirmadas entre dezembro de 1968 e outubro de 1969. Suas vítimas eram em geral jovens em lugares pouco movimentados, seus alvos eram casais sozinhos em lugares escondidos. Seus crimes em si não foram dos mais notórios: cinco vítimas confirmadas, duas sob forte suspeita e mais algumas das quais havia certa desconfiança. Outros serial killers com certeza metiam, em questão de números, muito mais medo que o Zodíaco. Suas ações eram bruscas, algumas simplesmente não surtiram o efeito desejado, duas vítimas sobreviveram aos seus ataques e seus atos criminosos sequer chegaram a evoluir tanto assim. O que fez do Zodíaco um assassino tão instigante a ponto de ganhar um livro para contar sua história e, mais adiante um filme pelas mãos do diretor David ‘fucking’ Fincher (segundo melhor diretor do mundo), foi seu modus operandi... peculiar. O sujeito era o que se podia chamar de terrorista doméstico.
Zodíaco, de 2007 dirigido pelo já mencionado Fincher, conta a história desse assassino peculiar, um homem misterioso que matava suas vítimas e enviava cartas e mensagens para a polícia e para jornais contando de suas façanhas e fazendo ameaças. Um de assassino que, por cometer crimes em vários pontos dos EUA, pôs uma nação inteira em pânico no início dos anos 70, quando esse tipo de ação só era divulgada por meio de noticiários e a informação sofria para chegar à casa das pessoas. A comunidade americana, amedrontada por boatos que apenas pioravam a situação como um todo, escondia-se em casa, vivia sob toque de recolher, olhando para os lados...
Outro detalhe interessante sobre o assassino é que as cartas que ele enviava à polícia e aos jornais eram codificadas, cartas escritas com símbolos que mesclavam a escrita de várias culturas: Grego, código Morse, metáfora naval, senhas astrológicas... O cara não estava de brincadeira (ou estava, quem saberá?). O jogo começou a virar quando o cartunista Robert Graysmith (interpretado pelo, aqui excelente, Jake Gyllenhaal) conseguiu sacar os códigos, interpretou a loucura do Zodíaco e, em conjunto com um professor de história que enviou as respostas para o jornal onde o cara trabalhava, decifrou os códigos do sujeito e deu uma luz no caso, o que só acabou por gerar mais paranoia e incerteza.
O fato é que (não sei se deu pra sacar, mas o filme é baseado em uma história real) o assassino NUNCA foi preso, nunca foi descoberto e talvez nunca tenha se chegado nem perto de sua pessoa. Até hoje não se faz ideia de quem é o Zodíaco ou qual era seu objetivo. Houveram dúzias de suspeitos, a polícia investigou de perto cada um deles mas, até os dias atuais, a verdadeira identidade do misterioso assassino nunca veio à tona.
O filme tem um elenco estelar: Jake Gyllenhaal no papel do protagonista Robert Graysmith; Mark Ruffalo como o inspetor de polícia David Toschi; Robert Downey Jr. (0/) como o jornalista Paul Avery; Brian Cox, Elias Koteas, Dermot Mulroney...
E que elenco fantástico o Fincher conseguiu reunir num set sem que um ficasse sufocando o papel do outro (ainda mais arriscando-se com Jake Gyllenhaal no papel principal, um ator que só atua realmente bem quando guiado por grandes diretores (ainda mais arriscado é ter Robert Downey Jr como coadjuvante num filme em que o Gyllenhaal protagoniza)). Obviamente, dos envolvidos no caso Zodíaco (todos os citados acima) Downey Jr. é o um dos que mais chamam atenção, com seu jornalista autodestrutivo que encontra tesão no trabalho ao ver o circo pegar fogo. O cara chega ao ponto de divulgar em sua coluna que o assassino é homossexual (uma ofensa gravíssima na época) só para ver a reação do mesmo, fazê-lo dar sinais de vida.
Tecnicamente fantástico! Vemos aqui uma nova incursão de Fincher nos cenários criados digitalmente, assim como em vários momentos de Clube da Luta e em O Curioso Caso de Benjamin Button. Sendo que aqui ele faz uso desse recurso de forma muito mais sutil, camuflando-o na fotografia impecavelmente nítida de
Harris Savides (Um Lugar Qualquer). Além disso ainda há a trilha sonora implacável de David Shire, repleta de músicas da época (os anos 60/70), como na fantástica cena de abertura, na qual o assassino faz suas duas primeiras vítimas ao som de Hurdy Gurdy Man, do cantor Donovan. Não fosse suficiente, toda a recriação da época é belíssima: carros, roupas, cenários (grande parte digital, mas muito reconstruído em set)...
Além disso ainda há o recurso constante da passagem de tempo (a história se desdobra por quase quinze anos) sem que isso fique repetitivo, cansativo ou superficial.
Em resumo, o que se pode dizer de um sujeito que conseguiu dirigir Clube da Luta na FOX? O cara só pode ser um dos diretores mais poderosos do mundo atualmente. Poucos caras tem poder de escolha e respeito por parte dos estúdios como David Fincher. Poucos caras vivos, pelo menos.
Sujeito foi sacaneado como foi pelo estúdio (que não conhece a novela Alien 3, sai debaixo da pedra) e recebeu como pedido de desculpas DA FOX a carta branca para dirigir um dos maiores clássicos modernos como bem entendesse! E hoje temos o que temos: Clube da Luta, páreo duro com Pulp Fiction no quesito melhor filme da história.
Zodíaco é extremamente visual, mas sem ser espalhafatoso, que conta uma história intrigante, mas sem ficar extremamente exagerada e que conta com um elenco poderoso, mas sem excessos por parte de ninguém. É uma obra de diretor, não de estúdio.
Apesar disso tudo o filme acabou passando meio despercebido nos cinemas. Não gastou muito, não arrecadou muito e acabou por não ser um prejuízo assim tão grande mas, definitivamente, merece ser apreciado.
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