segunda-feira, agosto 19, 2013

Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd - The Demon Barber of Fleet Street) 2007 – Mais um filme magnânimo do magnífico Tim Burton e sua trupe!

Dia 231

Imagine um filme com requintes do sombrio, da melancolia, ou seja, a estética gótica presente em um filme musical... tais elementos combinam? Para o diretor Tim Burton é possível sim, combinam de uma maneira perfeita e intrinsecamente ligadas a não perder nenhum elemento. Admito que filmes musicais não são muito minha praia, não tenho muita paciência para ficar ouvindo aquelas letrinhas meio chatinhas, além do mais se for aqueles de um romantismo super-ultra-mega meloso. Porém, pela primeira vez um musical me cativou de maneira absurda, na verdade nunca pensei que iria assistir e adorar e amar um filme musical. Claro que há motivos para isso, a começar pelo diretor do filme citado acima, Burton é um daqueles caras que sabem fazer cinema e escolheu uma trupe para formar filmes sensacionais. Então, let’s go!
Lhes apresento um filme de terror-musical: Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet é um filme americano do ano de 2007, dos gêneros suspense, terror e musical, um pouquinho de drama, dirigido por Tim Burton. É um roteiro adaptado de um musical da famosíssima Broadway por John Logan, as letras foram escrita por Stephen Sondhein e é estrelado por Johnny Depp, Helena Bonham Carter e Alan Rickman. Pelo título do filme e pela belíssima fotografia do pôster já podemos notar que a história aqui é bem excêntrica, um cara barbeiro que é denominado demoníaco por suas ações, mas por que o chamam assim para ganhar tal denominação; e claro temos a honra de ter mais uma vez Johnny Depp o rei da versatilidade no cinema.
A abertura do filme é composta por cenas bem interessantes, primeiramente vemos uma cidade enevoada aos tons de cinza devido à chuva, que no decorrer do filme mostra ser uma Londres em plena revolução industrial do século XIX. Após isso há uma casa escura, sozinha, os cômodos vão sendo mostrados, retratos antigos de parentes são expostos, diante disso a câmera vai seguindo até encontrar um filete de sangue ao chão que vai crescendo e procurando um caminho, é uma trilha de sangue para ser seguida pelo espectador. Aqui vemos o contraste com o dark do ambiente e o vermelho vívido de sangue. Tal sangue vai passando por pisos, carpetes, até encontrar peças de engrenagem de uma máquina que está moendo carne, então percebemos que este sangue deriva da carne que está sendo moída. Sinistro. 
Surge então a primeira pergunta: é carne humana ou animal? Simplesmente fica inevitável não pensarmos isso, devido a primeira impressão de terror quando assistimos o surgir de uma esteira que mistura sangue e leite, com o arremate de uma fornalha de tortas bem suculentas. Agora lhe pergunto: tortas feitas de quê? Se você pensou em várias opções, esclareceremos logo mais. Tudo isso ocorre enquanto surgem os letreiros na tela na cor branca cinzenta (um requinte a mais para arrematar o so dark) acompanhados pela música de fundo apropriadamente perversa, ou seja, aquele que originou aquele sangue, aquela carne, as tortinhas bonitinhas ao ver, se diverte com aquilo de maneira demoníaca. Os resquícios de sangue caem em alto mar, um mar gélido e escuro (aliás, tudo aqui é escuro), um navio se aproxima e dois homens surgem: Anthonny (Jamie Campbell) e Benjamin Barker (Johnny Depp) cantando a primeira canção do filme, aqui fica claro que a volta dele é por vingança por uma injustiça terrível que lhe impuseram.


Benjamin volta a uma Londres completamente diferente do que se lembrava, agora é uma cidade sombria, sem vida, vingativa. Enquanto o navio não desembarca Benjamin conta a Anthonny, um fiel escudeiro, o porquê de sua volta aquela cidade. Ao relembrar dos fatos, vemos que Benjamin era um homem feliz, era um barbeiro, considerado o melhor de toda Londres, tinha uma família linda, uma esposa belíssima que tinha uma beleza divinal, e uma filhinha recém-nascida. Só que havia um homem, o juiz corrupto Turpin (Alan Rickman) da corte londrina, que era apaixonado pela esposa de Benjamin, o juiz era insistente de todas as formas, mas ela recusou, pois amava seu marido, visto que não iria conseguir seu intento, Turpin prende e exila Benjamin na Austrália sob falsas acusações.
Tomado por uma visão vingativa e cego pela mesma, Benjamin Barker desembarca na cidade com outro nome, Sweeney Todd é sua nova alcunha, mostrando que mudou de maneira radical, de um homem puro e ingênuo a um homem injustiçado e quer somente uma coisa: vingança. Se despede de Anthonny, afirmando que lhe procure em seu novo endereço na Rua Fleet, onde colocará seu plano em prática. Ao chegar no local, Mr. Todd um pouco cansado, esfomeado e procurando um local para descansar, encontra uma loja de tortas da senhora Lovett (Helena Bonham Carter), a mesma oferece o andar de cima de sua loja para que ele possa atender os clientes, pois afinal és um barbeiro. Lovett uma cozinheira de tortas, que são consideradas as piores de Londres, descobre que Todd na verdade é Benjamin e o conta que enquanto ele estava exilado, o juiz Turpin violentou sua esposa, diante disso a mesma comete suicídio, e tomou a filha dele, a guardando a sete chaves para um futuro casamento! Um espécime de juiz super corrupto que não mede esforços para conseguir o que quer.
Ao saber disso Sweeney Todd, coloca seu plano de vingança em ação, começa a exercer novamente a profissão de barbeiro, para que possa um dia barbear o juiz e o degolar com suas amigas, essas amigas são suas navalhas de prata pura (belíssimas peças por sinal, brilham). Porém um outro barbeiro descobre novamente que Todd é Benjamin, com medo de que seu plano seja prejudicado Todd mata o infortúnio e a senhora Lovett tem a ideia (macabra) de se desfazer do corpo de maneira eficaz, para que não deixe rastros. Ela faz tortas, está falida, mata gatos para fazer o recheio das tortinhas, nas palavras dela: um corpo tão robusto como aquele ser jogado dessa maneira, que mal têm aproveitá-lo? Já sacaram? Pois é, a partir daí os clientes que vão se barbear, aqueles considerados insignificantes para a sociedade, são mortos por Todd para que se tornem os recheios de carne das tortas da senhora Lovett.  Logo mais suas tortas se tornam as mais deliciosas e as mais procuradas de Londres! Arrepiante! 


Ao decorrer daqui a história toma o rumo muito mais legal, só contei o aperitivo, literalmente exótico não? Tudo isso narrado de forma musical, e as músicas muito bem adaptadas, bastantes legais, afirmo, elas dão uma certa leveza a história de traições, assassinatos e vingança. O filme possui uma fotografia de tirar o folego, existe o tempo da iluminação quando Todd era feliz, coloridos, em que prevalecem a cor creme e mel, a doce e perfeita vida antiga do barbeiro assassino. E a enevoada cidade, em que prevalecem os sentimentos de vingança, roupas, maquiagem bem góticos. Apesar de ter cenas de mortes bem fortes o filme te gruda na tela. Tudo, bem a cara de Tim Burton.
Quem conhece seus filmes, sabe de sua predileção pelo gótico, é simplesmente adorável ver mais uma produção sua com aquela atmosfera e histórias surreais mas que tem um sentido lúdico. Sei três coisas sobre Tim Burton: a primeira é que ele é super fã do grande Edgar Allan Poe, a segunda é que considera Johnny Depp o cara certo para protagonizar seus personagens mais complexos e a terceira é que sua musa inspiradora é sua esposa, a talentosa Helena Bonham Carter. Burton é responsável por vários sucessos, tais como O Estranho Mundo de Jack, Edward-Mãos de Tesoura, A Noiva Cadáver, e muitos outros. Tim Burton é um dos meus diretores favoritos, porquê seus filmes de uma forma ou de outra sempre mostram os conflitos do ser humano, afinal quem não tem seus momentos sombrios?
Depp e Helena sempre estão em seus filmes, juntos ou não, em Sweeney Todd os dois atuam magicamente. Elenco cinco estrelas. Helena Bonham Carter é uma excelente atriz, um talento fora de série, a atuação dela no Discurso do Rei merecia um oscar, injustamente não indicada. Interpretou a maléfica bruxa Belatriz em Harry Potter e a Ordem da Fênix, sem falar de sua atuação em Clube da Luta, mais uma vez ótima e perfeita. Johnny Depp, o que falar dele? Excelente ator, excêntrico, bonito e absurdamente talentoso, como afirma a crítica, Depp é o ator mais versátil do cinema atualmente, vai do bonzinho ao maléfico, do deprimido a personagens complexos. Como sempre uma atuação digna de prêmios, excelente. Não podemos esquecer do grande Alan Rickman, interpreta o juiz de forma magistral, sem falar naquela voz dele, gutural, grave e arrastada, a maldade muito bem interpretada.


Sweeney Todd é um excelente filme, um filme que me mostrou que musicais podem ser muito interessantes quando bem elaborados, extirpando um pouco do preconceito que tinha em relação a tais filmes, aviso que não é um musical de letras felizes e bonitinhas. As canções possuem seu tom mais escuro, são o expoente de um personagem complexo e confuso que vê no limiar de sua razão quando lhe é imputado o senso de vingança. A vingança vale a pena? Em Sweeney Todd a vingança toma proporções descabidas, ao ponto de machucar quem menos se espera. É uma lição de moral diferente, com muito sangue, uma aviso de que não temos tudo planejado. Burton talvez nunca construiu uma história tão atraente e devastadora em todos os sentidos!


Devastadora quando Todd inicia a matança de pessoas inocentes por simples prazer de sadismo, devasta quando o mesmo escolhe suas navalhas como amigas, o cortar do pescoço, o som do jorrar do sangue se torna uma canção em seus ouvidos vingativos! Afinal, a revenge é o que respira, a vingança surge cada vez mais pulsante em cada pescoço degolado. Se quer passar longe de musical e sangue passe longe deste longa, mas confirmo que será um crime não assistir um futuro épico moderno! É como Todd afirma nas entrelinhas, somos seres desprezíveis, pobres, porque jogamos tudo fora por um simples desejo! Há um buraco no mundo como um grande poço negro, e ele está repleto de pessoas que não valem nada! E a ralé do mundo mora nesse lugar! – Mr. Todd


Bjooss! Janiê Maia




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