Dia 240
Religião
e ciência são duas vertentes que desde os primórdios dos tempos, desde que o
mundo é mundo e desde que descobrimos nossa capacidade de pensar, cogitar,
vivem em um debate acalorados sobre as mais variadas vertentes, assuntos,
teorias e questionamentos. Um destes assuntos que levanta hipóteses é sobre a possessão demoníaca. Será que existe?
Pode ser explicado cientificamente? Ou há dois planos espirituais? Bom, tais
perguntas requerem pessoas especializadas nas áreas afins, e estar fora da
minha alçada tais respostas, o que posso levantar são argumentos. Aí você me
pergunta, onde ela quer chegar? Bom, tal introdução é importante para a crítica
do filme de hoje, um filme bom e que nos deixa um pouco inquietos, O
Exorcismo de Emily Rose.
The
Exorcismo f Emily Rose (título original) é um filme
americano do ano de 2005, do gênero suspense, drama e com toques de terror, a
direção é de Scott Derrickson e
roteiro escrito pelo próprio diretor e Paul
H. Boardman. É estrelado por Jennifer
Carpenter, Laura Linney e Tom Wilkinson. O filme conta a história da jovem Emily Rose (Jennifer Carpenter), que
após um tempo afirmava estar possuída, e passou por uma série de exorcismos, o
longa é baseado na história verídica da jovem alemã Anneliese Michel, curiosidade a parte, conto daqui a pouquinho o que se
passava com ela. Os cineastas decidiram trocar o nome verdadeiro da exorcizada
e dos envolvidos para preservar a família. Mas a verdadeira história de Anneliese é bem conhecida e infelizmente
se trata de uma história triste, de uma garota que tinha sonhos e objetivos,
que se perderam.
O
filme todo se passa em um tribunal onde está sendo julgado o padre responsável
pelo exorcismo de Emily, ele foi
acusado de negligência que causou a morte da mesma, um homicídio culposo
(quando não há intenção de matar). Sendo o réu interrogado, a história da jovem é
contada como lembranças e as cenas de seus últimos e perturbadores dias são
mostradas em flash back. Emily Rose é uma jovem alegre, tinha
fé, amigos e um futuro brilhante, numa das primeiras cenas, mostra a moça
comemorando sua aprovação na universidade. Ela se muda de casa e vai morar no
campus universitário, lá é uma boa aluna, tem um relacionamento legal (tudo
isso nas entrelinhas do filme). Uma certa noite, Emily começa apresentar sinais de perturbação, sente cheiro de queimado,
fogo, enxofre (devil chegando), ela sente que há uma presença maligna,
resignada e amedrontada ela volta ao dormitório, onde enfrenta sua primeira
batalha, resiste fortemente a primeira tentativa de possessão, dá medo aquilo!
A
situação só piora, Emily é internada
e diagnosticada com epilepsia, que se tornou uma psicose, depois perturbação
mental, ou seja, nenhum dos diagnósticos médicos tinham chegado a um consenso.
Por que um dos especialistas, o médico que estava presente em um dos
exorcismos, afirmou que a jovem não era doente, não tinha perturbação mental
nenhuma. E aquilo o deixou de tal forma impressionado que estudava o caso
secretamente, porque tinha medo dos demônios. Emily piorando a cada dia, foi levada de volta à casa dos pais,
onde os seis demônios conseguem se apoderar de seu corpo de forma sinistra. A
partir daí tem cenas interessantes, vozes macabras, uma profusão de línguas
mortas pelos hóspedes malditos e as incansáveis tentativas de exorcismos do Padre Moore de tentar livrar Emily daquele infortúnio.
Para
nos localizarmos na base do roteiro, vou resumir um pouco da história real
utilizada como inspiração. Anneliese
Michel foi uma jovem alemã da cidade de Klingenberg, que acreditava estar possuída por seis demônios (no
filme sempre que há a presença maligna, uma voz conta 1,2,3,4,5,6.... Genial).
Dos 16 aos 23 anos, idade em que faleceu, ela apresentou distúrbios graves, sua
condição física e mental só piorava. Sem conseguir sucesso no tratamento
médico, pois as drogas que tomava em nada melhoravam seu estado; ela se
mutilava, comia insetos e contorcia todo seu corpo como se fosse quebrá-lo. Anneliese continuava afirmando que
estava possuída e não aceitava mais tratamento médico, pois a mesma afirmava
que seu destino estava traçado. A mesma veio a falecer no auge da juventude, e
quando sua condição mental a aprisionou, o que debilitou seu corpo a um estado de
desnutrição.
Anneliese Michel, a verdadeira jovem possuída. Degradação! |
O
mais legal do filme é que ele te rende bons sustos, daqueles que você coloca a
mão como peneira para se preparar para o pior, esta é a magia do suspense,
ótimo. E além do mais aqui não há apelação de suco de abacate vomitado, cabeças
dando giros completos, mostra somente uma jovem perturbada. E o que nos
perturba, o que me deixou com medo, é o olhar de Emily, aquelas pupilas dilatadas quando ela está possuída, é
simplesmente inevitável você não ficar um pouquinho receoso. O longa mescla
drama, mostra o sofrimento da jovem quando está livre por pouco tempo dos
possuidores, o medo constante que sente, e a resignada sapiência de saber que
seu destino é trágico. Na internet você encontra tudo sobre ela, até a gravação sinistra de seu exorcismo!
O
diretor Scott Derricksson soube
compor uma direção e roteiro bons, tem uns furos, mas compôs um filme que não
se torna apelativo. Seu intuito, creio, era apenas contar a história da
verdadeira possuída Anneliese Michel, e
conseguiu, o contou no tom certo, errou apenas na demora do início da
engrenagem da história. E também por se tornar um pouco repetitivo em certos
diálogos, principalmente naqueles do Padre
Moore. Fora isso Derrickson acertou
também na fotografia, sempre em tons crus, pastéis, tristes e sombrios, a
composição certa para o tema do filme. Outro acerto foi o recurso de usar
sombras e não os fantasmas pálidos, creio que aqui não caberia utilizar, pois
se trata de uma história de uma jovem possuída dentro do julgamento do réu, o padre.
O elenco faz bem seu trabalho, o veterano Tom Wilkinson interpreta um personagem
angustiado, que nem se preocupa se for condenado, pois sua consciência está
limpa, tem fé, era de se esperar de um padre. A advogada que defende o padre,
personificada pela ótima Laura Linney, dá
o tom certo para uma defensora agnóstica que começa a ter fé. Mas quem rouba a
cena é a excelente Jennifer Carpenter (a
irmã do Dexter – série show), está
perfeita, grita, corre, faz umas caras e trejeitos sinistros, dignas do coisa
ruim. Otimamente perturbadora!
Concluo
afirmando que O Exorcismo de Emily Rose não
é um filme religioso, não prega qualquer crença, ao contrário, mostra duas
vertentes da história, o lado da fé e da razão. No decorrer do longa você irá
ouvir os mais diversos argumentos, cabe a você escolher o lado, ou então fique
na dúvida como eu, no meio a meio! Ademais, é um ótimo filme, mas aviso não é
uma história de terror, é uma história única, singular com o seus apropriados questionamentos
que nos remetem sempre a duvidar! Claro que você uma vez ou outra vai pensar no sai daqui coisa ruim!!! Indico outro
filme também, Requiem, ano de 2006,
não confunda com aquele outro, é baseado também na história de Anneliese. – Só os loucos ignoram sua loucura,
Emily sabia de seu estado lúcido, não era louca! (Padre Moore)
Bjoos! Até mais!
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