Dia 233
Leaves of Grass - 2009
Dir: Tim Blake Nelson
Elenco: Edward Norton, Keri Russell, Henry Max Nelson
Primeiro conhecemos Bill Kincaid, professor de filosofia em
uma universidade de renome, com uma carreira bem traçada e um futuro promissor.
Depois conhecemos Brady Kincaid, um caipira maconheiro que se sustenta vendendo
a maconha que ele mesmo produz, a mais pura da região, orgulha-se Brady. Dois
sujeitos com quase absolutamente nada em comum além do fato de serem irmãos e
de um pequeno detalhe: os dois são donos do mesmo rosto. O rosto de Edward
Norton.
Leaves of Grass
conta a história dos irmãos Kincaid, um professor renomado que se envergonha de
suas origens caipiras e um maconheiro sem futuro que só quer saber de vender
sua erva e viver sua vidinha pacífica. Cada um na sua, protegidos por centenas
de quilômetros de distância. Aquela é a situação na qual os dois se sentem bem
e, ao menos esse é o plano, é assim que eles pretendem passar o resto de suas
vidas.
E nada faria Bill voltar à sua cidade natal,
absolutamente nada. Pelo menos era o que ele achava, até o dia em que recebeu a
notícia de que seu irmão gêmeo foi assassinado a flechadas. Isso aliado ao
possível escândalo de assédio sexual no qual ele se envolveu involuntariamente
com uma de suas alunas. O cara percebe que voltar para casa depois de
praticamente ter fugido de lá, em um momento como esses, é a decisão
diplomática mais adequada a se tomar.
E é exatamente isso o que ele faz, volta para sua cidade.
O problema é que, ao chegar lá, ele descobre que Brady não está morto e que seu
retorno era parte de um plano do irmão para dar cabo de um chefão do tráfico
local que quer obriga-lo a vender drogas mais pesadas que maconha, o que vai
contra a ética chapada do sujeito (que não confia em nada que você tenha de
cozinhar em colheres e injetar no braço). O plano de Brady é usar Bill como
álibi enquanto ele e seu parceiro nos negócios, Bolger (Tim Blake Nelson,
diretor do filme) davam um jeito no cara que quer obriga-los a partir para o “lado
negro” do tráfico.
É inusitado, mas essa maluquice toda só serve de plano de
fundo para a trama principal: o reencontro de Bill com as próprias origens, as
pessoas que ele conheceu na infância e não vê há anos, o irmão problemático do
qual ele faz questão de se diferenciar a todo custo, a mãe (a sempre linda
Susan Sarandon) que está em um hospital psiquiátrico e, por fim, uma garota por
quem se acaba se apaixonando.
A verdadeira trama do filme em si é bem básica, aquela
história de se reaproximar da família, rever pessoas do passado e, no passado,
encontrar o pedaço que faltava de si. Coisa contada e recontada, há dezenas de filmes
assim. O que há de diferente em ‘LOG’, além
da subtrama surtada, é que seu protagonista é o sempre excelente (até quando
não precisa) Edward Norton, fazendo dois papeis absurdamente diferentes, um
mais bacana que o outro. Outra coisa que chama atenção no longa é o humor
negro, por vezes doentio, que o diretor imprime ao roteiro, piadas absurdas que
pouquíssimas pessoas teriam coragem de fazer, como a da suástica pintada na
parede, ou o próprio chefão do tráfico da cidade, um judeu que enriqueceu
explorando traficantes menores, como Brady, ou ainda as situações que vão
ficando cada vez mais absurdas até chegarem a um clímax violentíssimo e bastante
inesperado.
Isso tudo unido a um elenco afiado, com dois Edward
Nortons excelentes e, entre outros bons atores (o dentista psicótico vivido por
Josh Pais é ótimo), Susan Sarandon em um apequena participação.
Leaves of Grass é um filme tranquilo de se ver, nem
espetacular, nem razoável, é o que nós costumávamos chamar de “um bom filme” em
tempos mais antigos, mais puros, coisa que não se vê hoje em dia, em tempos em
que tudo se resume a extremos. É um filme correto com um final muito acima da
média, onde tudo o que pode acontecer de errado se dá em 20 minutos.
Veja sem grandes expectativas ou preconceitos: ‘LOG’ pode até surpreender, mas não tem pretensão
disso.
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