Dia 225
Dan in Real Life
Dir: Peter Hedges
Elenco: Steve Carell, Juliette Binoche, Dane Cook
Steve Carell é Dan Burns: jornalista, quarentão, viúvo,
pai de três filhas e que nunca esteve com ninguém desde que a esposa morreu.
Todo ano Dan e as filhas viajam para o interior a fim de passar um tempo com a
família e este ano será igual.
E é exatamente o que acontece, a contragosto de uma das
filhas, que está perdidamente apaixonada por um garoto que conheceu há 3
semanas e não quer viajar de maneira nenhuma: Dan e as três vão na tal viagem
anual.
E, chegando à casa da família, aquela insanidade, aquela
coisa de sempre, monte de novidades, dezenas de pessoas, rostos conhecidos,
rostos desconhecidos, apresentações, gente com filho novo, mulheres grávidas,
aquela coisa bem reencontro de família da novela do Manoel Carlos, Dan fica
completamente perdido e decide ir até a cidade, perto do mar, respirar e
esfriar a cabeça.
E é na cidade, mais especificamente em uma biblioteca,
que ele encontra alguém. Uma mulher promissora, uma perfeita desconhecida,
aquela que poderia tirá-lo do limbo, do molho: a encantadora Marie (Juliette
Binoche, que só fica mais linda a cada ano que se passa).
Já deve ter acontecido com todo mundo de esbarrar naquela
pessoa que parece ter absolutamente tudo em comum com você, que você decide
imediatamente que quer passar o resto dos seus dias com aquela pessoa, você
elabora uma vida inteira em questão de segundos com aquela estranha (dentro da
sua cabeça).
Você se lembra de como foi decepcionante descobrir que
aquela pessoa era comprometida?
Agora veja a situação de Dan: desgraça nunca é suficiente
para alguns tipos de pessoas.
Marie não só é comprometida, como é comprometida com Mitch
(Dane Cook), um conhecido de Dan. Mais especificamente o irmão mais novo de Dan.
Daí vem o título nacional: óbvio e cretino como de costume.
E aí começa o drama da coisa: Dan está enlouquecidamente
apaixonado por Marie, que está balançada por Dan, mas é namorada de Mitch, que
confia no irmão mais do que em todos na vida. E estão os três dentro da mesma
casa: Mitch sem saber de nada e aquela tensão rolando entre Dan e Marie, sob os
olhares atentos da família que não tarda a desconfiar de que algo de anormal
está acontecendo entre os dois.
E, como já dito, para alguns tipos de pessoas, desgraça
nunca é suficiente, Dan vai se embrenhando cada vez mais em uma espiral
destrutiva de desgraça, involuntariamente cada vez ficando mais próximo de
Marie, que fica cada vez mais balançada pelo cunhado até que o inevitável
acontece.
Dan In Real Life narra uma situação desgraçada, cheia de
momentos cômicos muito bem amarrados (com Carell no elenco, não há como não ser
engraçado), cheia de momentos extremamente bregas de vergonha alheia extremamente
bem elaborados para causar um facepalm em qualquer um que presencie. Mas o
filme não descamba pra comédia de constrangimento, nem pro romancezinho barato,
a coisa toda tem um peso, tem conteúdo.
Além disso Carell mostra uma das suas facetas menos exploradas:
a de ator dramático. Certo que ultimamente ele tem mostrado bem mais disso, mas
até aquele momento o cara era um comediante puro, não tinha dado grandes
demonstrações de talento dramático. E aqui ele mostra a cara, mostra a que
veio, que não é só um clone genérico do Jim Carrey ou do Will Farrell.
E o resultado final é uma dramédia despretensiosa e
deliciosa de se assistir, que vai do cômico ao dramático de forma extremamente
simples, sem ficar leve nem pesada demais.
Apesar do final safado (quem assistir saberá do que estou
falando) o filme tem uma levada e um ritmo muito corretos, atuações excelentes
e a direção competente de Peter Hedges.
Aqui deveria ter um clímax, mas eu tô cansado demais para pensar nele, então vá ver o filme, ok? ;)
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