Dia 236
Vivemos em um mundo agressivo, brusco, veloz. Um mundo movido por escolhas que mudarão vidas para sempre. Há escolhas certas, escolhas dúbias, escolhas erradas, escolhas muito erradas, há Hiroshima e Nagasaki e há Ben Affleck como Batman.
Enfim, esse trecho não tem absolutamente nada a ver (é
assim que se escreve “a ver”, aprendam) com o que vem a seguir, mas eu queria
falar mal do Ben Affleck. Mesmo assim, não me aprofundarei no assunto.
Dan Auerbach é o vocalista e guitarrista do The Black
Keys, uma das minhas bandas favoritas nessa década. No ano de 2009, no qual o
TBK não lançou nada Auerbach liberou timidamente (marotamente até) o disco Keep
It Hid, sua única incursão em carreira solo.
O disco é simples: baladas calmas, rock sólido, um pouco
de blues e folk.
A sonoridade é um basicamente a mesma do TBK, um pouco
menos frenética e um pouco mais experimental, há até uma pitada de dubstep em
certo momento, mas nada que fuja muito à fórmula, o que é ótimo.
Isoladamente, sem se levar em consideração o trabalho do
sujeito no Keys, Keep it Hid é por si só um respiro de novidade, ainda que siga
as fórmulas do que é clássico, é verdadeira música para os ouvidos (jura?).
Auerbach é um cantor diferenciado e um compositor
talentoso. Todas as faixas de KIH
são contagiantes, daquelas de ficar sacudindo cabeça e batendo pé, batucando na
mesa, viajando nas guitarras, na voz rouca e arrastada do sujeito, é como estar
em uma sala de espera de cheia de fumaça, gente fumando cachimbos, tudo se
movendo em câmera lenta e, de repente, a Monica Belucci entra no lugar, com
aquele vestido branco do Matrix Reloaded (viajei...), movendo-se em sua direção...
Viajei bonito.
Mas escuta essa música, pensa na fotografia esverdeada de
Matrix e na Monica Belucci que você vai saber do que eu tô falando.
Todas as faixas do disco tem esse ritmo que evocam essa câmera lenta e nuvens de fumaça enquanto algo extremamente atraente se desloca diante de seus olhos.
Outra música que ilustra isso perfeitamente é When i Left
The Room:
Keep it Hid não traz grandes novidades. Para quem é fã do Keys vale como curiosidade, mais para entender que, aleluia, mesmo sozinho Auerbach é incapaz de sair da essência da banda.
Mesmo assim há novidade no disco, há boas sacadas e, o
mais importante, há muita música de qualidade.
É um disco, em suas proporções, viciante. Que vai se
tornando mais e mais intenso a cada faixa, até que chega em Street Walkin’ e quebra tudo!
Ouve aí:
E, para fechar as coisas de forma mais calma e pacífica, fique com a beleza da melancólica Goin' Home, da trilha sonora do filme Amor Sem Escalas:
Ouça Keep it Hid,seja fã ou não do Black Keys, com a calma necessária para apreciar a obra e, em algum momento, a música de Auerbach vai te conquistar.
Eu garanto.
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