Dia 181 Felipe Pereira 174
Kiss Kiss Bang Bang - 2005
Dir: Shane Black
Elenco: Robert Downey Jr., Val Kilmer, Michelle Monaghan.
Beijos e Tiros é o filme de estreia do, até então,
roteirista Shane Black, além de ser o primeiro filme do Robert Downey Jr.
depois de sair do fundo do poço.
A trama, bem maluca por sinal, é livremente baseada em um
romance policial chamado “Bodies Are Where You Find Them” (algo como “corpos
estão onde você os encontrou”), conta a história de Harry Lockhart (Robert
Downey Jr.), um ladrão pé de chinelo que após um roubo mal sucedido (a uma loja
de brinquedos) que culminou na morte do seu parceiro, acaba por virar uma
estrela em ascensão em Hollywwod. Uma estrela de thriller policial. Parte do
novo trabalho é se entrosar com os famosos, ir às festas, sair com mulheres e,
a parte chata, fazer um estudo para o papel, um estudo que envolve espionagem,
lições de detetive, essas coisas.
Mas antes de começar qualquer coisa, em uma dessas festas
o cara encontra Harmony Faith Lane (Michelle Monaghan), uma antiga paixão do
colégio que fugiu de casa para tentar a vida artística em LA.

As coisas começam a acontecer quando Harry conhece Perry
(Val Kilmer, absolutamente gay de doer), um agente de atores, o cara que vai ajudá-lo
com as lições de detetive. Tudo acontece quando as tais lições começam, os dois
vão para um lago no meio do nada investigar um caso qualquer quando presenciam
um assassinato: um sujeito mata uma mulher, enfia ela no porta malas de um
carro e o joga dentro do lago. Harry e Perry, vendo a cena, decidem agir (ainda
sem saber que a mulher estava morta), entram no lago e a removem do carro, mas,
sem querer, Perry acaba dando um tiro na cabeça da infeliz.
E aí começa a maluquice.
Primeiro por que, depois que se livram do corpo da
falecida, os dois recebem a notícia de que Harmony se matou com um tiro. Depois
Harry descobre que Harmony está viva e que a sua irmã que se matou com um tiro.
O problema é que Harmony vai até Harry desesperada acreditando que o cara fosse
um detetive (por que ele saiu contando pra tudo quanto era mulher na festa da
noite passada que era um detetive) e implora que ele investigue a morte da
irmã. E, movido a testosterona, afinal não é todo dia que a Michele Monaghan
chega pra você nessa situação, o cara topa o serviço: investigar o que aconteceu
à jovem e tresloucada irmã de Harmony Faith Lane.
Não fosse suficiente, lembra da mulher do lago? A morta
do carro? Depois morta novamente com um tiro na cabeça? Essa mesmo! Ela
aparece, ainda morta, no banheiro de Harry, que fica tão assustado que acaba
mijando nela para, só depois, entrar em contato com Perry, explicando toda a
situação e pedindo ajuda para resolver o caso da irmã de Harmony e, de tabela,
da morta mijada no seu banheiro.
O grande barato (barato... Alguém usa essa gíria ainda? O
que me faz lembrar que esse filme tem uma história bacana porque, no dia em que
meu irmão e mestre Jedi, o colunista musical Michel Euclides, alugou Beijos e
Tiros na locadora, ele quebrou um dente comendo rapadura. Não que tenha algo a
ver uma coisa com a outra, mas toda vez que eu vejo BeT eu lembro da cena. E
outra coisa, eu comprei esse filme anos depois por um real (e com frete grátis,
obrigado estagiário) na finada loja Videolar, que deus a tenha)... Perdi o
foco, não foi?
Como eu dizia, o barato de Beijos e Tiros é o climão noir que
vai se instalando com o decorrer dos eventos, ao mesmo tempo em que o humor que
o permeia por inteiro vai se tornando mais ácido e nonsense. A série de
referências que o roteiro faz durante toda a projeção, a série de piadas e
frases de efeitos clichê, as improvisações de última hora, os diálogos
espertos...
Vale lembrar que Shane Black roteirizou os 4 Máquina
Mortífera e dirigiu Homem de Ferro 3. Sabendo-se disso, repare que o filme
segue sua fórmula habitual de dinâmica de dupla, repetida em toda sua obra. Nas mãos de Black isso sempre funciona muito bem. Ainda
mais quando se tem no mesmo elenco Robert Downey Jr., completamente alucinado
como de costume, e Val Kilmer em uma atuação completamente diferente de
qualquer coisa relevante (a única coisa relevante na carreira dele foi o que,
Batman?) em sua carreira.
Outra coisa bacana é a narração em off de Harry, que
conversa com o expectador o tempo inteiro, comentando sua falta de habilidade
em contar histórias, falando sobre amenidades da própria vida, divagando e saindo
de foco.
Beijos e tiros é esquizofrênico, confuso, corrido e
alucinado. Em certos pontos você simplesmente não faz ideia do que tá acontecendo
naquela zona, mas no final tudo se encaixa.
O final de BeT, por sinal, é sensacional. Coisa de
maluco, joga tudo o que foi construído pra cima, faz uma bagunça danada, faz
piada de si mesmo, é uma zona. Uma zona!
Só vendo mesmo.




Esse é um dos filmes mais estranho que já vi, mas nem por isso ruim. Nem podia com o RDJ. Ele é o cara!
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