quinta-feira, julho 04, 2013

Beijos e Tiros

Dia 181 Felipe Pereira 174
Kiss Kiss Bang Bang - 2005
Dir: Shane Black
Elenco: Robert Downey Jr., Val Kilmer, Michelle Monaghan.

Beijos e Tiros é o filme de estreia do, até então, roteirista Shane Black, além de ser o primeiro filme do Robert Downey Jr. depois de sair do fundo do poço.
A trama, bem maluca por sinal, é livremente baseada em um romance policial chamado “Bodies Are Where You Find Them” (algo como “corpos estão onde você os encontrou”), conta a história de Harry Lockhart (Robert Downey Jr.), um ladrão pé de chinelo que após um roubo mal sucedido (a uma loja de brinquedos) que culminou na morte do seu parceiro, acaba por virar uma estrela em ascensão em Hollywwod. Uma estrela de thriller policial. Parte do novo trabalho é se entrosar com os famosos, ir às festas, sair com mulheres e, a parte chata, fazer um estudo para o papel, um estudo que envolve espionagem, lições de detetive, essas coisas.
Mas antes de começar qualquer coisa, em uma dessas festas o cara encontra Harmony Faith Lane (Michelle Monaghan), uma antiga paixão do colégio que fugiu de casa para tentar a vida artística em LA.
O cara acaba indo pra cama com a melhor amiga dela (detalhe que a moça estava no quarto) e ela sai de cena (aparentemente) por um tempo. 
As coisas começam a acontecer quando Harry conhece Perry (Val Kilmer, absolutamente gay de doer), um agente de atores, o cara que vai ajudá-lo com as lições de detetive. Tudo acontece quando as tais lições começam, os dois vão para um lago no meio do nada investigar um caso qualquer quando presenciam um assassinato: um sujeito mata uma mulher, enfia ela no porta malas de um carro e o joga dentro do lago. Harry e Perry, vendo a cena, decidem agir (ainda sem saber que a mulher estava morta), entram no lago e a removem do carro, mas, sem querer, Perry acaba dando um tiro na cabeça da infeliz.
E aí começa a maluquice.
Primeiro por que, depois que se livram do corpo da falecida, os dois recebem a notícia de que Harmony se matou com um tiro. Depois Harry descobre que Harmony está viva e que a sua irmã que se matou com um tiro. O problema é que Harmony vai até Harry desesperada acreditando que o cara fosse um detetive (por que ele saiu contando pra tudo quanto era mulher na festa da noite passada que era um detetive) e implora que ele investigue a morte da irmã. E, movido a testosterona, afinal não é todo dia que a Michele Monaghan chega pra você nessa situação, o cara topa o serviço: investigar o que aconteceu à jovem e tresloucada irmã de Harmony Faith Lane.
Não fosse suficiente, lembra da mulher do lago? A morta do carro? Depois morta novamente com um tiro na cabeça? Essa mesmo! Ela aparece, ainda morta, no banheiro de Harry, que fica tão assustado que acaba mijando nela para, só depois, entrar em contato com Perry, explicando toda a situação e pedindo ajuda para resolver o caso da irmã de Harmony e, de tabela, da morta mijada no seu banheiro.
O grande barato (barato... Alguém usa essa gíria ainda? O que me faz lembrar que esse filme tem uma história bacana porque, no dia em que meu irmão e mestre Jedi, o colunista musical Michel Euclides, alugou Beijos e Tiros na locadora, ele quebrou um dente comendo rapadura. Não que tenha algo a ver uma coisa com a outra, mas toda vez que eu vejo BeT eu lembro da cena. E outra coisa, eu comprei esse filme anos depois por um real (e com frete grátis, obrigado estagiário) na finada loja Videolar, que deus a tenha)... Perdi o foco, não foi?

Como eu dizia, o barato de Beijos e Tiros é o climão noir que vai se instalando com o decorrer dos eventos, ao mesmo tempo em que o humor que o permeia por inteiro vai se tornando mais ácido e nonsense. A série de referências que o roteiro faz durante toda a projeção, a série de piadas e frases de efeitos clichê, as improvisações de última hora, os diálogos espertos...
Vale lembrar que Shane Black roteirizou os 4 Máquina Mortífera e dirigiu Homem de Ferro 3. Sabendo-se disso, repare que o filme segue sua fórmula habitual de dinâmica de dupla, repetida em toda sua obra. Nas mãos de Black isso sempre funciona muito bem. Ainda mais quando se tem no mesmo elenco Robert Downey Jr., completamente alucinado como de costume, e Val Kilmer em uma atuação completamente diferente de qualquer coisa relevante (a única coisa relevante na carreira dele foi o que, Batman?) em sua carreira.
Outra coisa bacana é a narração em off de Harry, que conversa com o expectador o tempo inteiro, comentando sua falta de habilidade em contar histórias, falando sobre amenidades da própria vida, divagando e saindo de foco.

Beijos e tiros é esquizofrênico, confuso, corrido e alucinado. Em certos pontos você simplesmente não faz ideia do que tá acontecendo naquela zona, mas no final tudo se encaixa.
O final de BeT, por sinal, é sensacional. Coisa de maluco, joga tudo o que foi construído pra cima, faz uma bagunça danada, faz piada de si mesmo, é uma zona. Uma zona!
Só vendo mesmo.
Paguei um real em Kiss Kiss Bang Bang e lhes asseguro: vale cada centavo!

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Um comentário:

  1. Esse é um dos filmes mais estranho que já vi, mas nem por isso ruim. Nem podia com o RDJ. Ele é o cara!

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