sexta-feira, junho 07, 2013

Tim Buckley - Tim Buckley, ou: O Ressoar Poderoso Do Sangue

Dia 156. Michel Euclides, 141.

Tim Buckley não é meramente alguém que possa - ou deva - ser lembrado como "O Pai do Jeff Buckley", da mesma maneira que eu não quero ser lembrado como "O pai do Nicholas e da Julia". Antes, Jeff deve se lembrado como filho de Tim, sem nenhum demérito para um ou outro: é assim que as coisas são.


As vozes, o jeito de cantar, o talento com as cordas, o idealismo, o amor desemesurado, o romantismo, o desespero, a morte prematura e trágica... está tudo ali, as ligações entre ambos. Além das aparências, os Buckley pai e filho compartilhavam o talento e o amor pela música.

"Tim Buckley" (1966) é um álbum muito bonito, meio atemporal, meio fora do tempo. A influência de Bob Dylan é clara, mas é apenas isso. Tim tem sua própria marca, seu charme, sua mensagem: "Estou aqui, venha me ouvir, tenho algo a dizer. Pode ser que isto seja importante para você, ou não, mas... venha assim mesmo".


O disco oscila entre o alegre e o triste, o ardente e o nostálgico, mármore e fogo. A conexão com a música medieval e os menestréis é clara: amor, magia, honra... tudo isso presente em sua música, entre agudos belíssimos e graves bem colocados.

O domínio vocal de Tim Buckley é incrível. E é humanamente impossível não conectá-lo a Jeff.


Suas músicas nos levam a castelos e a donzelas, à ameaça de dragões e magos poderosos e perigosos, embates de guerreiros em pesadas armaduras de metal, banquetes em enormes mesas, reis, rainhas e princesas brancas como a lua.

Tim Buckley te deixa facilmente sem fôlego.


A influência dos anos 1960 - como não poderia deixar de ser - também está lá, na estética que, décadas depois, tornar-se-ia no que se chama hoje - pejorativamente - de indie music.

Tim Buckley tinha também um flerte com a grandiosidade. Suas músicas eram maiores que ele. Sua voz era maior que o universo. Sua mensagem era necessária e urgente, apesar de ser cantada em palavras muito bem explicadas e de maneira paciente. Tim Buckley era, para sua época, o mais próximo que se podia chegar de um bardo.

Vou dormir feliz hoje mais uma vez: posso dizer que agora conheço o alfa e o ômega. O que se iniciou com o pai, o filho terminou: o legado dos Buckley é uma música feita de sangue, passada daquele que se foi antes para o que partiu depois - ambos antes da hora.


"Tim Buckley" é um álbum sem o qual ninguém pode viver, e nem o perdão da ignorância pode salvar os desconhecedores deste disco que te conduz às lágrimas sem esforço.


Até amanhã e bom fim de semana.

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