domingo, junho 02, 2013

O Despertar

Dia 153 - Felipe Pereira 147
The Awakening - 2011
Dir: Nick Murphy
Elenco: Rebecca Hall, Dominic West, Imelda Staunton

No início dos anos 20 a britânica Florence Cathcart (Rebecca Hall (suspiro) de Homem de Ferro 3) ganha a vida desvendando falsos milagres e fantasmas fajutos e escrevendo livros sobre essas experiências. Quando ela retorna para casa após um “serviço” particularmente turbulento, se depara com Robert Mallory (Dominic West, de 300), um sujeito um tanto insolente e brusco que, tendo conhecimento que Florence ganha a vida destruindo fantasmas, oferece a ela a possibilidade de encontrar seu primeiro fantasma real.
Após muito relutar e até recusar, Florence volta atrás em sua decisão e aceita o trabalho de provar que o tal fantasma é tão real quanto qualquer um dos que ela desmascarou. O problema é que, diferente dos que ela desmascarou, esse já havia feito vítimas: um garoto órfão que vivia num internato para garotos num canto isolado da Inglaterra.
Florence e Robert se dirigem até o local supostamente assombrado e a moça se hospeda no local até que chegue o período das férias e todos os garotos se dirijam até suas respectivas residências.
Todos exceto um: Thomas (Isaac Hempstead Wright, Game of Thrones). Além dele ficam no local o próprio Robert Mallory e a governanta Maud (Imelda Staunton, a Dolores Umbridge de Harry Potter e A Ordem da Fênix) e um dos caseiros do local, Edward Judd (Joseph Mawle, nunca vi na vida, mas parece o Jackie Earle Haley, que por sua vez fez Watchmen (mas não tem nada a ver com o filme)).
Exceto por eles, o lugar está vazio.
Exceto por eles e pela presença que habita o lugar...
O Despertar não é um filme de sustos baratos, não é um O Grito, não se apoia em horror visual, é um daqueles que muito pouco do que assusta é realmente disposto em tela, daqueles que se apoiam em um clima mais trabalhado, em um ritmo crescente que vai se tornando meio opressivo e pesado com o passar do tempo.
E conforme o tempo vai passando, as crenças (e as descrenças) de Florence vão sendo contestadas mais e mais fortemente, ela vai ficando cada vez mais confusa e assustada, cada vez menos cética e orgulhosa. Chega a um ponto em que ela simplesmente não sabe mais no que acreditar e no que não acreditar, é como se houvesse sido jogada em uma realidade diferente onde nada do que ela acha conhecer faz sentido, onde os fantasmas são incrivelmente reais e tão perigosos quanto os vivos.

O Despertar não opta por uma história inovadora ou um roteiro surpreendente ao extremo, opta por contar bem uma história já conhecida de uma personagem já utilizada: a pessoa cética que tem sua crença posta a teste por algo que está além de sua compreensão. Roteiro surrado e desgastado mas executado com maestria pelo desconhecido Nick Murphy, um sujeito com uma mão certeira para atores e situações.

Rebecca Hall é competente (além de linda), Dominic West é um ator pouco utilizado, sem grandes coisas memoráveis no currículo, mas é exatamente o que se precisava para o papel do sobrevivente da guerra traumatizado e endurecido. Além dos dois há também a veterana Imelda Staunton, que consegue imprimir o que quiser a qualquer personagem que faça, e Isaac Hempstead Wright, cujo personagem se revela vital à trama e o jovem ator oscila, mas não desaponta.

O final de The Awakening é algo semelhante ao de Ilha do Medo, cheio de revelações, explicações detalhadas de algo que não é totalmente mostrado no decorrer da trama, pode soar forçado para alguns (e é), mas é funcional. E triste pra caramba. A grande revelação não é algo que foi (ao menos não explicitamente) construída durante a decorrer do filme, apesar de que algumas pistas foram dadas de modo a confundir o expectador. Ela tem um efeito interessante: ela não só dá as respostas que se esperava ter, ela cria dúvidas que não estavam lá antes. Isso é um mérito! Ele dá certezas de que algo realmente estava assombrando o local, ele diz e mostra e explica detalhadamente o que estava assombrando o local, ele conta as motivações desse ser e, por fim, origina perguntas que antes simplesmente não haviam sido levantadas.
Não faz questão nenhuma de duvidar da veracidade do ocorrido, mas põe em dúvida todo o resto que o rodeia. E isso é muito bacana.
Se você é do tipo que procura uma história bem construída com ótimos atores e um final questionador, eu certamente recomendo O Despertar. Porém se você é do tipo que quer finais fechados e respostas conclusivas, eu não recomendo.

PS: o filme quase não chegou aos cinemas nacionais, veio depois de meses da estreia lá fora e saiu em DVD poucas semanas depois disso (óbvio, já havia vazado na internet pelo menos quatro meses antes).

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