quarta-feira, junho 05, 2013

Na Mira do Chefe

Dia 155 - Felipe Pereira 150
In Bruges  - 2008
Dir: Martin McDonagh
Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Ralph Fienes.

Na Mira do Chefe começa lento, se arrasta um bocado e depois explode na tela!
Dois caras desembarcam em Bruges sem nenhuma razão aparente. Bruges é a cidade medieval mais bem preservada da Bélgica, um verdadeiro túnel do tempo. Ainda há castelos lá e há história para se ver em cada esquina.
Um deles é Ken (Brendan Gleeson), deslumbrado com a cidade, com sua beleza cansada, com seu ritmo e seu tempo parado. Ken é velho e experiente em seja lá o que ele faça, um cara que senta por horas frente a uma pintura e a observa como se fosse a coisa mais deslumbrante da face da terra.
O outro é Ray (Colin Farrel), irritado e hiperativo, não sabe por que está em Bruges, não sabe o que fazer enquanto estiver lá, não quer estar lá, só que ir embora daquele lugar e não se impressiona com torres e prédios velhos. “História é só um monte de coisas que já aconteceu”.
Os dois estão lá por que Harry mandou que eles fossem pra lá até a segunda ordem.
E lá eles ficaram.
Ray se entedia, não aguenta ficar parado, passa a maior parte do tempo de cara cheia, reclama o tempo todo e despreza o lugar do fundo de sua alma.
E eles ficam lá por dias sem receber nenhuma instrução significativa e sem revelar ao certo a razão de estarem ali até que ela se revela: Ken e Ray são assassinos de aluguel. Seu último serviço terminou de forma trágica quando Ray acidentalmente assassinou um garoto dentro de uma igreja e ficou meio perturbado por conta disso.
Harry, o “chefe” dos dois ficou sabendo do caso e mandou-os para um lugar esquecido no tempo, onde os dois ficariam longe de encrenca e onde ele, Harry, saberia onde iria encontra-los para que pudesse matar Ray.
Nos dias que precedem a chegada de Harry os dois aproveitam Bruges como podem, Ken faz um tour que dura dias e Ray se envolve com uma traficante de drogas e um anão drogado astro do cinema belga. Não é (apesar de parecer PRA CACETE) o Peter Dinklage.
Infelizmente.
As coisas vão relativamente bem, Ray até se acostuma à cidade, mas então, Harry chega... E ele é ninguém menos que Ralph Fienes, mas não o Ralph Fienes habitual, um bem mais louco e surtado e boca suja, um “fucking” alguma coisa a cada três palavras, berrando feito um alucinado.
Harry ordena que Ken mate Ray, mas o cara não consegue, em tão Harry decide matar os dois.

Na Mira do Chefe é uma comédia criminal dramática, uma coisa bem específica e bem diferente. O que mais agrada é o ritmo e o elenco. São três atores excelentes (Colin Farrel surpreende sempre em papeis pouco comuns) e um diretor com um timing perfeito para cada gênero que atribui à sua trama. Seu nome é Martin McDonagh, irmão de John Michael McDonagh, diretor de O Guarda. Os dois costumam trabalhar juntos de uma forma ou de outra, acabam imprimindo um aspecto meio Irmãos Cohen de comédia de erro a seu trabalhos. Aquele bom e velho talento de família.

In Bruges é uma comédia sutil com doses de drama pesado que várias vezes descamba para a violência crua e agressiva, explodindo em sangue e fúria de uma forma totalmente inesperada. Uma história que não se fecha por completo, tem um final daqueles que te deixam com vontade de ver mais, de saber o que acontece depois, mas todo mundo sabe que não podia terminar melhor.


Quem não conhece, vá atrás que vale muito a pena.

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