THE GIRLS NEXT DOOR/A VIZINHA
Direção: Gregory Wilson
Roteiro: Phillip Nutman e Daniel Farrands
Elenco: Blythe Auffarth, Blancher baker, Daniel Mance
Aqui temos um filme verdadeiramente aterrorizante, ainda que não seja uma película de terror. Tente não ficar chocado ao assisti-lo. Duvido que você consiga.
Uma produção de 2007 baseado no romance de Jack Ketchum que é também baseado parcialmente em um assassinato de uma garota americana chamada Sylvia Likens.
O filme nos é apresentado em forma de narração do já adulto David Moran que nos conta os fatos que ele viveu no verão de 1958. David tem uma paixão de infância por uma garota chamada Megan que acaba de se mudar para casa ao lado junto com sua irmã paraplégica, Susan. Os pais das duas morreram em um trágico acidente de carro, e elas foram enviadas para morar com a sua Tia, Ruth Chandler e os três primos. Aparentemente Ruth é uma pessoa divertida e um tanto liberal com seus filhos e os amigos deles. Chegar a ser esquisito o seu hábito de oferecer cigarros e cerveja a todas aqueles adolescentes. Ela deixa todos a vontade qualquer hora do dia e da noite e se diverte incentivando os jogos dos garotos e garotas, alguns bem sádicos pra falar a verdade.
No entanto a forma como ela trata os três filhos e os outros garotos do bairro, é o completo oposto de como ela trata Megan e sua irmã mais nova; ela abusa física e verbalmente das duas na frente dos filhos e dos outro garotos. Tudo começa de uma forma suave, ainda que a certa altura é possível perceber que há alho doentio em Ruth, que rompe os limites de uma disciplina e que culmina com algo realmente muito, muito chocante mesmo.
Essa é de fato a família mais disfuncional que eu já vi em um filme. Ruth Chandler é definitivamente o personagem mais desprezível, sádico e mal que chega a ser difícil pensar que uma pessoa humana assim possa ter existido. De fato ela existiu e se chamava Gertrude Baniszewski. Eu estou absolutamente espantado, depois de pesquisar sobre ela, que esta mulher não tenha sido apenas condenada a morte no Estado de Indiana, mas como conseguiu ficar em liberdade condicional após cometer esses crimes horríveis e chocantes.
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| Gertrude Baniszewky, a verdadeira Ruth |
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| A desprezível e sádica Ruth |
A Atriz que fez Ruth chama-se Blanche Baker, e uma coisa fantástica sobre seu desempenho é como ela conseguiu ficar indiferente ao que ela estava interpretando. Ruth estava cometendo os crimes mais graves que se possa imaginar para uma criança, na frente de outras crianças e nem se preocupava em ser pega porque sua frieza e segurança deviam lhe assegurar que nunca seria pega. Seu ódio por Megan e os crimes que ela comete contras as duas irmãs parecem totalmente desmotivado e injustificável do ponto de vista de quem assiste. Nada os justifica, talvez apenas a beleza e juventude de Megan fosse o seu motivador, tanto que ela não lhe inflige apenas dor e sofrimento, mas deseja lhe mutilar, e o faz.
A bela atriz que faz Megan é Blythe Auffarth, e este não é um papel fácil para se interpretar num nível em que a mesma é torturada e abusada, ainda que ela me pareça um tanto velha demais para o papel (ela tinha 22 anos quando o fez), sua interpretação é muito convincente. Silvia Links, a vitima real de Gertrude, tinha 16 anos quando sofreu os crimes. Algo que me faz pensar sobre que talvez, ninguém na produção do filme gostaria de ter envolvido uma criança de fato, em coisas tão perturbadoras, o que justifica um atriz mais velha para o papel. Talvez tenha tido o mesmo motivo Stanley Kubrick, por exemplo, ao escolher Malcom McDowell, a época com 28 anos, para fazer o adolescente de 15 anos Alex DeLarge de Laranja Mecânica, um personagem não menos pertubador no contexto do filme. O resto das crianças de "A Vizinha, tem entre 10 e 15 anos.
Temos ainda o jovem David Moran. David tem de lidar com uma série de questões difíceis e decisões, talvez mais adequada para um adulto. Os adultos de sua família a quem ele pede ajuda a uma certa altura e sem revelar o que realmente se passava na casa dos Chandler's, infelizmente não lhe dão a ajuda que ele precisa para tomar suas decisões e ele tem que lidar com tudo sozinho. David é colocado em uma situação em que poucos adultos serão colocados na vida, e apesar do trauma visível ele conseguiu criar uma personalidade de quem se importa com os outros. Uma cena no começo do filme deixa isso claro, quando ele salva da morte um mendigo vitima de um atropelamento num ambiente em que as demais pessoas ficam indiferentes. A história de David também é trágica ele deseja ajudar Megan e liberta-la do seu sofrimento, mas não faz por que tem um medo que não ficamos sabendo a causa. Você só conseguira perdoa-lo na sua impotência se o vê-lo como uma criança que não pode fazer a coisa certa se não contar com a ajuda de algum adulto. Ele tenta, mas quando o faz, só causa mais dor e sofrimentos para as garotas.
Além dos grandes personagens, é uma história aterrorizante. O filme também oferece uma reflexão sobre pretensiosas "normas sociais" A Primeira vez que ele testemunha Megan sendo "disciplinada" pela Sra. Chandler, lhe é dito que aquilo é um assunto "domestico" e portanto não lhe diz respeito. É realmente triste que algo assim seja considerado de fórum intimo por acontecer em ambiente familiar. Algo que só incentiva a existência de coisas bizarras e doentia que os membros da mesma família infligem uns aos outros.
A ajuda não vem de fora, Megan é vista em uma cena conversando com o policial, e fica claro que ela está a pedir ajuda. David também tenta, mas tudo que ele consegue é que Megan seja surrada pelos primos enquanto sua Tia pondera sobre um castigo mais severo que não se enquadre em um crime. Ver como ninguém em uma posição de autoridade tenta deter Ruth e seus filhos antes que seja tarde demais é quase tão assustador quanto os crimes cometidos por eles.
Para finalizar, assista, mas esteja preparado para o que vai ver, por que não é algo fácil de digerir.
TRAILER





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Tem outro filme sobre esse mesmo crime. Se chama Um Crime Americano, do diretor Tommy O'Haver, com a Ellen Page.
ResponderExcluirConheço. Poderia ter tê-lo visto antes, mas algo me dizia que este que comentei seria melhor.Sabia do romance e não gostava do titulo "Um crime Americano". Me fez imaginar que até na hora de cometerem atrocidades contra si mesmo, eles (os americanos) se julgam melhores. Pretendo vê-lo agora. Mas continuo achando este melhor. Ah! e o comentário do King também teve seu efeito sobre minha escolha.
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