Dia 165. Michel 150.
Há muita fúria em "In Your Honor", do Foo Fighters. O tipo de fúria que chega junto com o suor, as lágrimas e a exaustão. Aquela raiva meio cega e surda que insiste em sair pelas mãos em forma de socos contra a pobre parede que nada fez para te ofender.
Há também muito de amor, daqueles solitários, lamentosos, sofridos, amargurados e frustrados. Aquela ressaca de amores platônicos e/ou impossíveis, aquela chance perdida, aquele beijo que você não deu...
Há muito nas profundezas do que canta Dave Ghrol. Entre guitarras distorcidas e raivosas e solos tranquilos, é como andar sobre um lago congelado, ou sobre lava recém-resfriada. Camadas e camadas de texturas, percepções, experiências... cada acontecimento significando uma e muitas coisas ao mesmo tempo.
A pequenez dos nossos dias: perder o referencial do espelho, do outro, de si mesmo. Deixar de acreditar, abraçar-se à dor, agarrar-se às lembranças. Às vezes nem isso... às vezes só isso...
Há muita revolta também. Angústia, desespero, ansiedade... um rock pesado, imenso, intenso, cheio: te ofende, te incomoda: reverbera. Harmonias ou desarmonias, chuva forte no telhado enquanto dormimos, rajadas de vento e poeira, cheiro de sangue.
Isso é Foo Fighters.
"In Your Honor" é como eu: dividido em dois. Amor e fúria, suavidade e corrosão. Um disco extenso, mas nunca cansativo - embora exigente. Pede mais do que dá: pede entrega, identificação, empatia. E você passa a fazer parte do álbum, integrante da história, parte da tripulação. Mas há o preço a se pagar, e nem sempre temos em caixa o suficiente.
Para ouvir este disco temos de dar o melhor de nós. Sem trocadilhos, sem piadas dúbias: tirar de si aquilo que em inglês se diz "core", o núcleo, a essência verdadeira. Dar de nós o nosso melhor. De você, o seu melhor. "Best Of You".
Com o fogo de dez mil sóis, um dos melhores discos de uma das melhores bandas de todos os tempos. Partindo o dia em dois, tentando fazer a noite ser mais forte que a exaustão, ficam o desejo e a dica de que você escute/sinta/assimile essas músicas.
Que a Música esteja com vocês.
P.S.: Hoje eu tentei podar um dos caras que eu mais admiro no mundo, por medo de vê-lo fazendo besteira. Eu fiz besteira. Ele, que eu considero como a um filho, me ouviu e me levou a sério. Ele foi mais sábio do que eu. Irmão, dê sempre o seu melhor.
Felipe Pereira, essa é para você.



É pra isso que servimos, irmão!
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