Dia 159. Michel e Euclides, 143.
Seu nome era - É - Nina Simone dona de sua voz, música e essência.
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"I Put A Spell On You" é um disco de 1965. Não há muito o que dizer: é uma obra prima. Nina nos subleva, eleva, enleva. Sua voz grave e sedosa, cheia de nuances e texturas, nos conduz através de um país desconhecido onde mesmo as mais bizarras tristezas nos conduzem a um tipo de sabedoria irônica, afiada, letal e extremamente desinteressada.
Nina nos mostra uma faceta nossa sobre amar que raramente enxergamos: nosso egoísmo, o oportunismo, o "fazer-qualquer-coisa" pra ter aqueles que amamos ali perto de nós.
Para amarmos e para sermos amados.
Para que nos adorem.
Para que precisem de nós.
Porque na maioria das vezes e das vozes, somente um feitiço, somente um sortilégio, somente um encantamento negro pode manter perto de nós alguém que amamos demais.
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Ouvir Nina cantar "Ne Me Quittes Pas" é como sofrer uma queimadura de dentro para fora, cortando todos os níveis desde a medula da alma até a casca que vestimos como máscara. É pedir - humilhar-se - para alguém de uma maneira que você jurou que jamais faria. Colocar-se de joelhos, mãos postas, olhos lacrimejantes, segredos desnudos, máscaras depostas:
Por favor, não se vá. Não me deixe mais. Não me abandone mais. Não...
Um desespero, uma impotência, uma dor que nenhuma poesia jamais poderá desnudar e curar. Ela se vai e leva tudo com ela. Fico apenas com o que sobrou: eu mesmo em pedaços que não se encaixam mais.
Este disco é tão perfeito que eu não me atrevo a classificá-lo.
Vamos ficando por aqui. Boa noite a todos.
P.S.: Carlos Alberto, esta é para você.
Até.
Escreveste com sangue velho amigo.
ResponderExcluirCom sangue, com vidro, fumaça.
Absinto é doce diante de todo
esse preto e branco da noite de hoje.
Agradeço.
E também sangro.
Perfeição *-*
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