Dia 159 - Felipe Pereira 153
Cloverfield - 2008
Dir: Matt Reeves
Elenco: Lizzy Caplan, Jessica Lucas, T.J. Miller
Cloverfield é um filme que eu vejo uma vez ao ano, junto
com Pulp Fiction (O MELHOR FILME DO MUNDO), Clube da Luta, a Trilogia Bourne,
Shawn of The Dead, Inception, Scott Pilgrim e, agora também, Vingadores. É uma
listinha bem eclética, eu não escolhi os títulos que a compõe, eles apenas estão
lá, tendo como único fator comum o fato de serem obras fantásticas.
Em Cloverfield – Monstro, do diretor Matt Reeves, um
grupo de jovens dá uma festa de despedida para um amigo que irá trabalhar no
Japão. O último dia do cara na cidade resulta numa festa daquelas que tendem a
fugir ao controle, cheia de gente que ele nunca viu na vida, enquanto um amigo
do cara, um tipo meio tapado, filma depoimentos e votos de boa viagem para o
cara.
Quando, do nada, tudo treme, luzes se apagam e ouve-se
som de explosões. Todo mundo corre para cima do prédio pra ver o que tá havendo
e, de repente, uma bomba é detonada no meio de Manhattan, estilhaços voam em
todas as direções, alguns atingem o prédio do cara em cheio, pessoas da festa
se ferem, o prédio quase vai abaixo e, enquanto isso, vemos tudo por meio das
lentes da câmera do amigo do cara, tudo em primeira pessoa, com a câmera
sacudindo feito louca.
Sem foco, com uma resolução sofrível, sendo entrecortada
por gravações anteriores, causando um misto de realismo, desespero e enjôo, uma
sensação de desconforto inicial que quase te faz querer abandonar o filme.
É como em Sinais, aquele trecho de dez segundos no
Brasil, com a câmera na mão, só que durante uma hora e meia.
E de repente lá está metade da ilha de Manhattan no meio
da rua, ferida e desnorteada. Mais um ataque terrorista? A paranoia americana
aflora ao máximo, teorias surgem, pessoas tentam ajudar as outras e, de
repente, a cabeça da Estátua da Liberdade vem voando, arrancada e dilacerada,
em direção a eles...
É uma cena grotesca em seu simbolismo, algo que os filmes
catástrofe sempre trazem consigo, é como profanar um símbolo sagrado: a
destruição da estátua... O diferencial é que aqui acompanhamos isso pelas
lentes de uma câmera de mão, não pelas TVs.
O grupo decide se mover, não parece seguro ficar ali: não
há luz elétrica, não há informação, a cabeça da liberdade ali, desfigurada no
chão... Não demora e as ruas estão cercadas de paramédicos, policiais, gente
ferida de maneiras horríveis...
Até aí é tudo um ataque terrorista pouco convencional...
Até a cena da ponte...
Quando uma multidão desesperada tenta cruzar a Golden
Gate e o que parece ser um enorme tentáculo parte-a ao meio e tudo é filmado
pela câmera que acompanha o grupo principal.
O Pânico se instaura, a desordem se propaga como fumaça:
saques, invasões a lojas e casas, fugas desesperadas, sabe-se lá o que mais
acontece ali, quando tudo o que conhecemos como normal ou natural se esvai
diante dos seus olhos...
E em meia hora de filme não sabemos ainda o que acontece
ao certo até que o grupo vê, na televisão de uma loja que está sendo saqueada,
a real situação da ilha: não é ataque terrorista, não é terremoto, não é fúria
divina. É nada mais que um monstro colossal e totalmente diferente de qualquer
coisa antes vista que está destruindo a cidade.
O contexto de Cloverfield é, em sua essência, extremamente
lovecraftiano. PH Lovecraft criou um universo inteiro para si, um universo que
era frequentemente perturbado por criaturas que estavam além de nossa
compreensão. Um universo moldado por contos independentes que se ligavam de
forma a constituir um universo completo de mitos e maldições seculares... O que
todos eles tinham em comum (ou ao menos maioria – trocadilho infame –
esmagadora deles) é que as criaturas colossais milenares que atormentavam a
Terra não faziam ideia do que é a Terra ou as coisas que a habitam. Elas simplesmente
se viam numa situação desconfortável em um lugar extremamente apertado, o que
quase sempre consistia num massacre ou numa onda de insanidade coletiva e um
final realmente trágico.
Cloverfield é um Lovecraft moderno, no tempo das câmeras
digitais, na época em que as pessoas gravam tudo, 24 horas por dia.
O tal monstro parece tão interessado na humanidade quanto
Deus, tão ciente de sua existência e de seu medo quanto o próprio. Ele não
parece querer ferir ninguém, não parece querer causar metade daquela
destruição, ele tava lá, de passagem e uns caras jogaram umas bombas nele. O
decorrer do filme é um longo e lento tropeço da criatura, Clover, que acaba por
causar uma destruição descomunal!
E o final é o mais lovecraftiano possível.
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