Dia 171. Michel 156.
Dia desses me bateu uma vontade louca de rever "Apocalypto" por vários motivos: a violência crua, o cinema de Mel Gibson, a maneira diferente de retratar aquele determinado período da história americana e as imensas possibilidades abertas pelo filme.
Enfim, vamos a isso.
"Apocalypto" (2006) inicia-se com a perseguição de uma anta por um grupo de homens no meio de uma floresta na península de Iucatán. Eles falam entre si num dialeto maia, e no decorrer do filme descobriremos que o mesmo se passa na época da chegada dos espanhóis à América.
O clima após a caçada é de felicidade e brincadeira entre os caçadores. No meio daquela algazarra, Pata de Jaguar - o protagonista -, percebe que há mais alguém na floresta com eles, e o clima fica tenso. Um grupo de homens, mulheres e crianças, cansados e abatidos, pede passagem após terem perdido sua terra e tudo o que tinham, procurando "um novo começo".
Após este incidente eles voltam à aldeia, e lá a festa continua. À noite, o ancião conta a história de como os animais e o homem receberam seus dons, e aquilo encanta Pata de Jaguar - que já estava impressionado pelos acontecimentos do dia.
A noite finda, o dia amanhece. Ao som de um latido intermitente, Pata de Jaguar percebe que estão sendo invadidos. Homens, mulheres e crianças estão sendo atacados e feitos de escravos. Mulheres são estupradas e os homens mais aguerridos são mortos.
Pata de Jaguar consegue salvar sua mulher - grávida - e o filho pequeno - Corrida de Tartaruga - ao colocá-los num poço natural, e decide voltar para ajudar seus amigos, mas é capturado por Lobo Zero, o líder do grupo maia de captores, após tentar matar - e quase conseguir - Olho do Meio, o psicopata-mor da história.
Olho do Meio mata Céu de Pedra, pai de Pata de Jaguar, diante de seus olhos. A partir de agora, Pata de Jaguar é chamado de "Quase" por Olho do Meio, já que ele quase conseguiu matar o louco e salvar seu pai.
Os escravizados são conduzidos por um longo caminho até uma cidade maia através da floresta. Vê-se a mudança de paisagem à medida que se aproxima da cidade e, pouco antes de entrarem, passam por uma vila dizimada pela peste. Apenas uma menina está viva no meio de todos os mortos, cheia de úlceras por todo o corpo e o rosto. Ela então começa a falar de uma profecia: sobre o Jaguar, sobre o sol negro, sobre o fim do mundo. Os maias saem assustados e impressionados com o que foi dito pela menina, que fica para trás.
Ao chegarem à cidade, as mulheres são vendidas no mercado, e os homens são conduzidos até uma pirâmide onde estão sendo feitos sacrifícios humanos em nome de Kukulkan, a Serpente Emplumada. Dois são sacrificados - uma cena extremamente violenta e realista, onde o coração é extraído dos sacrificados ainda em vida, e a cabeça é-lhes decepada em seguida -, e então chega a vez de Pata de Jaguar.
Um eclipse solar acontece, e deixa a todos em pânico, mas o sacerdote avisa a todos que isso é apenas um aviso do deus: ele já está satisfeito. Os homens então são poupados, mas para encarar um destino tão assustador quanto: tem início uma caçada humana. Dois a dois, é dada aos homens capturados a chance de correrem em direção à floresta e retomarem sua liberdade, mas enquanto fogem são atingidos pelas costas por lanças, pedras e flechas.
Pata de Jaguar é atravessado por uma flecha à altura da cintura, mas quando o filho de Lobo Zero tenta atacá-lo para acabar com sua vida, ele o mata com a ponta da flecha e foge para a floresta.
Tem início aqui uma perseguição frenética através da floresta. Pata de Jaguar, apesar de ferido, vai deixando-os para trás até que, ao se esconder numa árvore, vê-se perseguido por um jaguar. Ele corre como louco, e é perseguido de perto pelo belíssimo animal negro e por um dos maias, que pula na frente do animal e é prontamente atacado e devorado por ele.
A perseguição continua, e Pata de Jaguar vê-se obrigado a pular do alto de uma enorme cachoeira, chegando até "sua" floresta. Lá debaixo ele lança um desafio aos seus perseguidores, que pulam também atrás dele.
Pata de Jaguar vê que não há necessidade de temê-los em seu próprio território, e passa a matá-los um a um com armadilhas preparadas por ele utilizando animais e coisas da floresta: uma colmeia de vespas atirada no meio do grupo, uma serpente peçonhenta, dardos envenenados nas costas de um sapo amarelo...
Após alguns instantes de perseguição, Olho do Meio é morto por Pata de Jaguar com uma de suas clavas de obsidiana, e Lobo Zero é pego numa das armadilhas feitas para pegar antas, atravessado por estacas de madeira.
Ainda restam dois perseguidores, que seguem-no até a praia, onde vemos uma das cenas mais chocantes do filme: navios enormes e pequenos botes cheios de espanhóis com suas armaduras e cruzes.
Os perseguidores ficam atônitos diante daquela visão - como nós também ficamos -, e Pata de Jaguar aproveita para resgatar a mulher e os dois filhos - sim, ela deu à luz dentro do poço alagado pela chuva.
No fim, seguem para dentro da floresta. A mulher de Pata de Jaguar, Sete, pergunta, ao olhar para a praia através da trilha:
- O que são eles?
- Eles trazem homens - diz Pata de Jaguar.
- Devíamos ir até eles?
- Devíamos ir para a floresta. À procura de um novo começo.
Eles seguem por entre as folhas enquanto o filme termina - e a história continua.
* * *
Um filme emocionante, bonito, cruel e extremamente chocante. Por mais que vejamos o sangue e as cabeças rolando pelas mãos dos maias, sabemos que os espanhóis - e os europeus em geral - foram tão ou mais cruéis para com o povo pagão da América à época do "descobrimento". Essa violência não é mostrada aqui, mas fica implícita em tudo o que já vimos e ouvimos, e o que dá prosseguimento à história.
Mel Gibson, ousado e louco, fez um filmaço.
Valeu e até mais!
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