sexta-feira, maio 03, 2013

Batman - A Trilogia...

Dia 123 - Felipe Pereira 117
Uma das poucas coisas as quais trago até hoje o arrependimento é de não ter visto Batman Begins no cinema. Pior ainda... Eu vou contar uma história muito triste pra vocês. Um dia, quando eu tinha 13 anos de idade, meu irmão chegou pra mim e perguntou: “Felipe, cê quer ir ver o que? Batman Begins ou Quarteto Fantástico?” Cara... isso não se faz. Garotos de 13 anos de idade são incapazes de tomar decisões desse porte. Pelo menos não decisões corretas. E é com o coração pesado que eu me lembro de ter escolhido ver Quarteto Fantástico. Na época eu adorei aquele lixo. Teria dado 5 luas sem pensar duas vezes. Mas hoje, vendo o que eu deixei de ver na tela grande... Revendo Batman Begins... Revendo Quarteto Fantástico (aliás, que exercício infeliz é rever Quarteto Fantástico, que filme pra envelhecer mal! E o segundo então, caramba... A Jessica Alba tá um trabuco de feia...), eu morro um pouco por dentro...
Então, hoje, vamos juntar forças e fazer uma análise sobre toda a trilogia do Sr Chistopher Nolan, A Lenda.
A começar por...


Batman Begins - 2005
Dir: Christopher Nolan.
Elenco: Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson.

Batman Begins, de 2005, não só zerou o que havia sido feito com Batman nos cinemas, não só deu início a uma nova franquia, ele resgatou o morcego do fundo do poço, lançou Christian Bale ao estrelato e alçou Christopher Nolan ao posto de Deus. Aliás, que nome bacana de se pronunciar, Christopher Nolan...
O filme conta a história de Bruce Wayne, gênio, milionário, playboy, filantropo, detetive, treinado em mais de cem artes marciais mortíferas... E como esse jovem ricaço sem rumo na vida se tornou um ícone de esperança e heroísmo para o povo da cidade mais desgraçada do mundo da DC Comics (um apontamento: DC é a sigla para Detective Comics. Logo DC Comics quer dizer Detective Comics Comics???): Gotham. Uma cidade devastada pelo caos e pelo crime organizada, cheia e dominada por assassinos, traficantes e cafetões, tudo o que há de ruim e de errado habita em Gotham City, lado a lado de pessoas que só querem tocar suas vidas e cuidar de suas famílias.
Foi numa noite sombria e úmida em Gotham que o jovem Bruce Wayne viu seus pais sendo assassinados bem diante de seus olhos por um ladrão pé de chinelo que tentou roubar as joias de sua mãe. E ao ver, anos depois, o assassino de seus pais saindo livre da prisão, Bruce decidiu tomar uma atitude.
Mas antes disso ele rodou o mundo, conheceu lugares que, do alto de sua torre, ele jamais imaginou existirem, pessoas com quem ele nunca pensou cruzar, conheceu outros tipos de criminosos, tipos que nem mesmo Gotham havia contemplado. Conheceu Henri Ducard (Liam Neeson), um homem que foi até ele quando encontrava-se numa prisão num dos extremos do mundo e o fez uma proposta: transformá-lo em algo que estava além de seus objetivos para que seus objetivos pudessem ser cumpridos. Ducard se ofereceu para treinar Bruce para que ele virasse um membro da Liga das Sombras, uma sociedade secreta de assassinos treinados que tem como objetivo levar a ordem ao mundo, mesmo contra sua vontade. Uma sociedade milenar que atuou em momentos chave da humanidade, como o incêndio de Roma (Sodoma e Gomorra, quem sabe). O objetivo? Basicamente o mesmo de Bruce: combater o crime e a corrupção, mas com métodos muito mais efetivos e extremos. Recomeçar tudo do zero.
Batman Begins conta a mesma história contada um milhão de vezes em filmes, animações e quadrinhos baseados nas aventuras do morcego. Mas adiciona elementos novos, dramaticidade, se aprofunda no psicológico do homem por trás da máscara, dá a ele uma motivação mais plausível que apenas punir aqueles como o assassino de seus pais, dá ares mais universais, transforma-o num mito, numa entidade como nenhum filme e poucas histórias foram capazes de fazer.
Os inimigos, quando surgem, são em parte, elementos narrativos. Ducard, ao revelar seus métodos e sua real identidade, Ra’s Al Ghul, o imortal, ganha em Bruce/Batman um rival mortal, disposto a todo custo a combater seu plano de fazer a Gotham o mesmo que foi feito a Roma: queimar tudo e reiniciar do zero. O Espantalho, Dr Jonathan Crane, é visualmente assustador, mas nada mais é que um vilão de segunda, um bucha de canhão que retorna em todos os outros filmes da franquia e sempre se ferra. O outro inimigo é a própria cidade, insistindo em se afundar mais e mais na própria sujeira e loucura, apenas no fim contemplando uma luz de esperança...
Os personagens clássicos recebem uma cara nova, uma importância maior que o usual, James Gordon (Gary Oldman, impecável), até então não comissário, o mordomo Alfred (Michael Caine dando inicio a uma parceria inquebrável com Nolan), que é mais que humor cínico e piadas britânicas (ou humor britânico e piadas cínicas), o armeiro Lucius Fox (Morgan Freeman). E o surgimento de novos personagens, como o interesse romântico do herói, Rachael Dawes (Katie Holmes, que estava fazendo tudo, menos atuando e é um dos poucos problemas do filme).

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The Dark Knight - 2008
Dir: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart

Em Batman – O Cavaleiro das Trevas, de 2008, tudo o que foi feito em 2005 é maximizado em milhões de vezes, o lado psicológico do herói é explorado ainda mais, a ação, que no primeiro já era frenética, quadruplica, Batman é tratado pela população de Gotham e por seus criminosos como algo místico, uma entidade superior de outra dimensão. Algo tão palpável quanto a teoria de Elvis ainda estar vivo. E ele inspira a população, de um jeito um tanto errado e equivocado, mas inspira. Caras com fantasia de Batman saem na rua afim de bater de frente com a máfia, que vai ganhando mais e mais espaço e poder. Sujeitos armados, dispostos a matar em nome do herói... Exatamente como na HQ de Frank Miller. E eis que, no meio disso tudo, surge uma força imparável que vai de encontro a um objeto imóvel: O Coringa, o mais brilhante e genial psicopata do século XXI até então. E toda aquela questão de profundidade psicológica simplesmente não se aplica a ele por que ele seria capaz de enlouquecer qualquer um que se dispusesse a analisá-lo. O Coringa surge destruindo tudo, espalhando o caos e disseminando o medo e a dúvida. Aqui o vilão não é mais um elemento de roteiro, ele é quase um protagonista! Heath Ledger atinge o ponto máximo e jamais novamente atingível ponto de sua carreira antes de ter uma morte trágica e até hoje lamentada.
O Coringa e O Batman são duas forças totalmente opostas, duas forças implacáveis em rota de colisão. Batman com seu objetivo de salvar a cidade da destruição e o Coringa com objetivo nenhum. Um cão correndo atrás de um carro... Ele só quer destruir, causar dor e corromper. Aqui conhecemos Harvey Dent, um promotor de justiça honesto e verdadeiro que tem um relacionamento amoroso com Rachael (Maggie Gyllenhaal, substituindo Katie Holmes) a amada de Bruce e que cruza o caminho do Coringa de uma forma trágica e irreversível. O Coringa não só mata Rachael, mas ele faz questão de destruir Harvey e transformá-lo no monstro que ele tanto se empenhava em combater: um criminoso. O Duas Caras.
The Dark Knight fez ainda mais pelo morcego.
Fez também pelo cinema. Depois desse filme, durante um longo período (que ainda dura, aliás), todo filme de herói tinha de ser realista, sombrio e dramático. O que nos rendeu o Homem-Aranha mais insosso da história...

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The Dark Knight Rises - 2012
Dir: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy

Então chega Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge em 2012. Enquanto TDK foi uma unanimidade, TDKR dividiu opiniões. Mesmo eu fico dividido em certos pontos do filme. Há falhas estúpidas no roteiro, dá até dor de falar... Mas eu não consigo desgostar do filme, continuo achando incrível. Pra mim seu principal problema foi o seu capítulo anterior. O filme anterior é inacreditável, insuperável eu diria. Ser melhor que TDK é uma missão impossível. Ainda mais sem o Ledger, sem o Coringa... Que inimigo depois do Palhaço do Crime poderia assustar mais?
A aposta foi Bane (Tom Hardy), um sujeito criado para um momento extremamente específico das HQs do morcego. Uma montanha de músculos que nutria um ódio inacreditável pelo herói sem aparente razão alguma. Para ele Batman é um colosso a ser derrubado, apenas isso. Para ele nenhum homem deveria conquistar tanto poder... Apenas ele. E ele chega em Gotham oito anos depois dos acontecimentos narrados na última vez que revimos o herói. Batman está velho e aposentado, Gotham está em paz, não precisa mais de heróis. Todos os criminosos estão atrás das grades e a cidade prospera... Isso não dura. Bane chega e põe tudo abaixo. Diferente do Coringa, Bane tem um plano traçado, tem uma estratégia infalível e tem meios para pôr em prática. Ele chega e Batman está fora de ação e de forma, ossos quebrados, músculos desfiados, andando de bengala, ninguém o vê e ele não sai de casa há oito anos. As pessoas inventam histórias sobre Bruce Wayne, ele acaba virando uma daquelas lendas regionais que as pessoas contam para assustar os filhos... E quando o inimigo, um membro renegado da Liga das Sombras, atraca, o herói precisa voltar à ação...
E o embate entre eles não poderia ser mais desastroso. Bane destrói o Batman de todas as formas, física e mentalmente e o manda para uma prisão no meio do nada, para morrer.
E ele renasce, ou melhor... Ressurge.
“Batman - Ressurge” tem suas falhas, tem suas conveniências descabidas de roteiro e exige um nível violentíssimo de suspensão de descrença, mas não é nem de longe inferior a nenhum outro da trilogia. Por uma razão simples: ele não é só verniz, é invenção. Não é só pancadaria, tem algo por baixo daquilo, tem uma filosofia, respeita uma mitologia e cria novas. Adiciona ao que já foi contado, dá novos rumos e cria possibilidades antes impensáveis! E o melhor de tudo: faz do jeito certo. O mesmo foi feito em Superman – O Retorno e acabou terrivelmente mal... Mas aqui... Aqui é outra coisa, meu irmão... Aqui é o fechamento de uma das maiores sagas da história do cinema, aqui você vai ter que fazer vista grossa pra algumas coisas? Sim, mas vai valer a pena. Batman – TDKR é o mais próximo das HQs dos três filmes, visualmente, falando, conceitualmente falando... Tem cenas inteiras tiradas da história do Frank Miller, quadros copiados de A Queda do Morcego, aparatos que não davam as caras nas partes anteriores aqui surgem... O Morcego, aquela geringonça assustadora que passa voando entre prédios, inspira mais medo que qualquer outra coisa...
Aqui vemos o ressurgir e o partir de um herói...
E seu final não poderia ser mais digno.
No fim das contas, o que podemos fazer é enxugar a cara, aceitar que acabou (ou não) e dizer:
Muito obrigado Christopher Nolan (e companhia). E Hans Zimmer, não esqueçamos desse “pequeno” detalhe.

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2 comentários:

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