sexta-feira, maio 03, 2013

PULSE - Pink Floyd, ou: Da essência mesma das coisas.

Michel 117. Dia 122.

 Pink Floyd é épico. Seu rock é mítico. Sua música pertence a um outro espaço-tempo, onde as coisas têm uma textura mais próxima de sua essência mesma, e onde a verdade é um pré-requisito necessário para a existência do Universo.


Falar de Pink Floyd exige paixão e entrega exige conhecimento de si mesmo e paixão pela música que usa pessoas como instrumentos e instrumentos como profetas. Experimentar Pink Floyd nos aproxima de uma religiosidade há muito esquecida, que nos conecta com aquilo que em nós é sagrado e primordial, sem nos fazer esquecer em momento nenhum de nossa animalidade e de nossa pequenez diante da majestosa intensidade e magnificência da Vida.


E esse sentimento de transcendência, essa atemporalidade, essa eternidade... essa coisa sublime e inominável que em nós por vezes se revela como vazio, outras vezes como transbordar, disso o Pink Floyd está cheio.

Hoje falamos disso tudo, e de onde podemos nos banhar, imergir e dissolver. O nome do disco é PULSE.
Gravado durante a turnê Europa-EUA do disco Civis íon Bell e lançado em 1995, PULSE é daqueles discos lendários que te conduzem a um mundo diferente, mais verdadeiro, mais real. Tudo aqui é mais intenso, mais colorido, mais cheio de si, mais acessível. É como se através da música pudéssemos nos conectar diretamente à essência das coisas sem a mediação dos sentidos e sem as errôneas interpretações do pensamento viciado pela rotina.


É como ter um Jardim do Éden particular ou poder reviver a infância quando quisermos, sem a pressão descontrolada e neurótica da vida adulta. Uma linha direta com o quê em nós é imutável e verdadeiro.

É raro ver uma apresentação ao vivo de uma boa banda em que não se perca algo. PULSE é uma dessas raridades. Pink Floyd em estado puro, sem invenções, sem alterações - ou seja, alto nível aqui é padrão. A banda - mesmo sem Waters - ainda é A Banda. Gilmour é ainda uma das guitarras mais violentas, viscerais e lindas de toda a história do Rock, Wright ainda manda ver nos teclados, Mason ainda tem o toque da bateria mística.

Pink Floyd destilado num grau de pureza quase impossível de ser suportado.


Se você - alienígena ou recém-acordado de um coma de quarenta anos - não conhece Pink Floyd e quer começar por algum lugar, PULSE é uma boa pedida. Por ser uma apresentação ao vivo de imensa qualidade e uma coletânea de músicas da mais alta responsabilidade, torna-se um bom ponto de partida.

Sugestão: pegue sua filha caçula no braço, dance e cante com ela "Shine On You Crazy Diamond" enquanto ela vibra e endoida sob efeito do som. Sinta-se orgulhoso, imensamente orgulhoso de sua prole nesse momento, enquanto lembra de seu filho de seis anos que curte, todos os dias, no carro a caminho da escola, as melhores músicas do mundo.


Porque família que curte Pink Floyd unida permanece unida mesmo que o Muro de Berlim continue de pé e as estrelas do céu se apaguem uma a uma.
Boa noite e até a próxima.

Um comentário:

  1. "Porque família que curte Pink Floyd unida permanece unida mesmo que o Muro de Berlim continue de pé e as estrelas do céu se apaguem uma a uma." GENIAL!

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