Dia 90 - Felipe Pereira 88
Ontem estava lendo uns comentários sobre o Lollapalooza
(nem sei por que, eu não costumo me torturar lendo esse tipo de coisa, mas o
título da matéria era tão pedante e sensacionalista que eu tive de ler) e,
entre outras idiotices, o colunista musical de um desses grandes conglomerados
de notícias (que eu não vou dizer que foi a Folha) falou que não compreendia a
razão do sucesso do Black Keys, afinal de contas era apenas uma banda de rock
que não tem nada demais. Ok, pensei eu, o cara tem o direito de manifestar a
opinião (eu desenvolvi de uns tempos pra cá essa mania de ser extremamente
compreensivo), afinal de contas uma das coisas pelas quais mais se brigam nesse
país é a liberdade de expressão. Mas não, quando questionei o sujeito ele se
revelou um verdadeiro imbecil.
Mas, depois de muito ruminar, aqui estou eu para explicar
a razão do sucesso do The Black Keys, pelo meu ponto de vista (afinal, desta
vez eu estou no meu direito de falar merda).
Pra mim a principal razão do sucesso do TBK é justamente
o fato de eles não fazerem nada demais! Esse é justamente o objetivo. Existem
bandas que valem pelo espetáculo, grandes e excelentes bandas que são O espetáculo em si, o conjunto
da obra, pacote completo, bandas que fazem uso de teatralidade e pirotecnia pra
impressionar e algumas fazem isso muito bem. MUSE, por exemplo, é uma dessas e uma das melhores, diga-se de
passagem. Queen fazia isso também e
isso realmente adiciona muito à performance de uma banda. U2 de uns tempos pra cá passou a tentar fazer isso e fracassou vergonhosamente. E existem
bandas que fazem apenas o bom e velho feijão com arroz: voz, guitarra e
bateria. E isso dá um charme à coisa toda. Dá pra ser espetacular sem tantos
fogos de artifício, uma coisa mais analógica, se é que você me entende.
Foo Fighters, por exemplo.
O Keys é um dos grandes expoentes da nova geração. O Rock
velho, surrado e mal humorado, flertando com o blues, sem ousar demais, mas sem
cair na repetição, na mesmice. É uma banda que você ouve pela primeira vez e já
se sente familiarizado com a sonoridade, uma daquelas que você ouve e fica com
a música na cabeça.
Mas acima de tudo, acima de qualquer justificativa que eu
possa dar, o mais importante do Keys é que eles fazem o que fazem com
qualidade.
O disco mais recente dos caras, El Camino, é a
extrapolação disso tudo. Pra começo de conversa ele abre com uma das melhores e
mais grudentas músicas dos caras: Lonely
Boy. Refrão fácil, guitarra alucinada, bateria... eu não sei como elogiar
um baterista, afinal de contas tudo o que ele faz é batucar num prato, mas...
Ele é ritmado.
O disco como um todo é uma compilação de canções
grudentas e espertas, umas mais animadas, umas mais comedidas e Little Black Submarines, uma das coisas
mais tristes, bonitas e eletrizantes que se pode ouvir em vida.
Aí temos Dead and
Gone, uma daquelas músicas que te fazem querer ter uma banda de rock só
para tocá-la; Gold On The Ceiling,
não tem como ouvir sem assobiar junto; Money
Maker, tema de mafioso de filme do Guy Ritchie; Hell of a Season, com uma levada meio oitentista, Stop Stop, aquelas músicas que tocam
nos filmes durante uma transição em timelapse que mostra a cidade escurecendo e
as luzes dos carros e dos prédios; Nova
Baby é como seria uma música do Strokes se eles não estivessem tocando
tecnobrega; Sister e Run Right Back são apenas ótimas e Mind
Eraser é fenomenal!
Finalizando e ainda remoendo, a razão do sucesso do TBK é
que os caras fazem Rock. Bom, velho e rabugento. The Black Keys é o Batman do
rock atual: não é o que nós queremos, é o que nós precisamos.
É um guardião silencioso...Um protetor zeloso. Um
Cavaleiro das Trevas. Tá, viajei.
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