terça-feira, abril 30, 2013

O COZINHEIRO, O LADRÃO, SUA ESPOSA E O AMANTE (1989)

 Bitch, como alguém reúne tanta esquisitice em um só filme!

Janiê Maia Saintclair 05. Dia 120


                The Cook, The Thief, His Wife & Her Lover (O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante) é um filme inglês de comédia dramática. Dirigido por Peter Greenaway e lançado em 1989 e estrelado por Helen Mirren (Georgina Spica), Michael Gambon (Albert Spica) e Richard Bohringer (Richard Borst).
            Como começar a crítica de um filme diferente, exótico, muiiiiito exótico? Calma galera, não estou dizendo que o filme é ruim, longe disso, é uma obra-prima, que tem de ser reconhecida pelos cinéfilos afora (euzinha). E como uma boa cinéfila, devo dizer que tal filme divide opiniões, críticas positivas e negativas. Como ilustra o pôster do filme, três adjetivos aparecem: excelente, excitante e extraordinário. Primeiro vamos fazer uma sinopse, depois explicarei o porquê destes três adjetivos e a razão de não concordar com um deles. Respondendo ao pensamento de vocês adoro filmes cults, que marcaram décadas, por isso tenho me dedicado a resenhar acerca deles ultimamente, os filmes mais atuais ficam por conta do meus colegas do 01PorDia!!!
            Vamos lá! A história gira em torno de três personagens bastante complexos, desprezíveis de certa forma. O gângster Albert (Michael Gambon) janta todas as noites no restaurante Le Hollandais, isso porque ele é proprietário do local. É um mafioso tosco que vive em companhia de seus capangas e de Georgina (Helen Mirren), sua esposa. Cansada dos modos violentos e grosseiros do marido (que diga-se de passagem é um horror um homem daqueles), ela inicia uma paquera com o bibliotecário Michael (Alan Howard), um solitário frequentador do restaurante.
Daqui começa o excitante desenrolar da história, porquê enquanto Albert canibaliza um prato após o outro em sua mesa, os dois amantes aproveitam a deixa, devido distração da gula deste, para fazerem sexo às escondidas no banheiro e na dispensa do restaurante. E tudo isto com a cumplicidade do chefe de cozinha francês, Richard (Richard Bohringer). Quando Albert descobre a traição da esposa, desfecha uma cruel vingança contra Michael, que por sua vez será vingado por Georgina.


O título do filme é tão grande que tive de lhe dá um subtítulo pessoal, para não ficar cansativo, o chamaremos de Lover (amante). Quatro aspectos o tornam uma obra prima: fotografia e cenário que mescla cores, combinadas com a textura gastronômica do ambiente em que se passa o enredo; o elenco que dá vida aos personagens de maneira magnânima e o roteiro super mega esquisito, que dá uma originalidade. Talvez esta menção de esquisitice, fosse o “prato” principal da divisão de opiniões de críticos de cinema, de um lado estavam aqueles que consideraram Lover um clássico, digno de honra, outros por sua vez o execraram, afirmando ser um filme tão fora do comum e sem nexo, que fica difícil dá uma nota.
O elenco é a chave mestra, não posso deixar de ressaltar o talento dos três protagonistas, na verdade ainda há o ladrão, mas este não roubou muito a cena, que pena era seu trabalho fazer isso. Ironias a parte, a talentosíssima Helen Mirren está como sempre perfeita, bela, sedutora e vulgar como Georgina, que tem um apetite insaciável das duas formas. Vocês me entenderam!!!  Alan Howard, interpretando Michael, representa um amante intelectual que sempre está solitário mas na companhia de um bom livro. Isto o torna sexy para Georgina, inteligente, bonito e insaciável também, combinação fire. A atuação dele é bem profunda chegar a dá pena de tanta melancolia. Mas ninguém foi tão perfeito em sua atuação como Michael Gambon, interpretando um mafioso nojento, no sentido literal da palavra. Ele está simplesmente soberbo ne pele de Albert, sadista, grosseiro e insaciável apenas em uma forma, não do jeito dos amantes!
Bem, eu tenho que dá meu parecer, e o meu é este, Lover não é um filme ruim, é um filme bom, beirando a excelência, é este aspecto dos três que não concordo. Sinceramente, excelente ele não é, é uma obra prima sim, porque conserva elementos bastantes complexos do tão elementar diretor Peter Greenaway. Peter é um artista plástico de vanguarda, que acumula as funções de fotógrafo, pintor, instalador e filósofo. É isso que o torna sublime e caricato, ele simplesmente sintetizou todo seu interior num filme. E quando falo exotismo, não é exagero ou metáfora, é real, a ambientação fotográfica do filme é tão sombria e nojenta que causa arrepios, não de nojo em si, mas expurgo! É uma comédia negra, e dramática! Talvez essa estranheza se deve por eu ter conhecido a obra deste diretor um dia desses, sinceramente não me habituei.
Eu sei que ele até é parecido com Lars Von Trier (meu ídolo) no sentido da inquietude dos personagens. Mas fica difícil engolir, cenas de comilança, boca suja de comida, arrotos, sexo num banheiro, na cozinha e etc., sem falar na sacada sadista e arrepiante do final! Meu status quo não aderiu ao grande Peter, mas sou justa, é um filme muito interessante. Mas aviso, só assista se tiver estômago, for maior de idade e paciência! É um filme parado, sem cenas de emoção ou reflexão metafísica não existe uma temporalidade definida, e pode parecer meio vazio de gestos e significados. Chocante é a palavra definitiva de O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante. Chego à conclusão que, o que o torna indigesto para muitos é a junção comida e sexo, é ambíguo, mas sem esta conotação se torna pouco provável. Erotismo fast-food? - Onde está a minha mulher? - A sua mulher é assunto seu!
Bjoooooossss!


Janiê Maia Cunha Saintclair

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