Dia 112 - Felipe Pereira 109
Garden State - 2004
Dir: Zack Braff
Elenco: Zack Braff, Natalie Portman, Peter Sarsgaard.
Ontem eu fiz um breve estudo sobre o cinema indie com o
intuito de usar isso contra um filme que eu não curto: Extermínio. Fiquei
arrependido, fiquei com remorso, sentimento de culpa, não consegui dormir
direito, tudo mentira! Enfim, eu sou um baita fã do cinema independente. Óbvio
que há exemplares toscos do gênero, mas há coisas excelentes e, em certo ponto
da minha vida, o cinema e a música independente tiveram grande importância. Pra
falar a verdade eles tem grande importância até hoje. Suas cenas de beijo em
aeroportos, braços abertos, cabelos ao vento, fotografia saturada e trilha
sonora inteiramente formada por bandas desconhecidas...
O cinema Indie tem seu valor, eu não retiro o que eu
disse ontem acredito que tudo depende do contexto empregado, não é só juntar
uns elementos e colocar cena de gente dançando e fazendo pose, até por que John
Hughes fazia isso muito antes de ser cool. E fazia de uma maneira incrível.
Eis que em 2004 Zack Braff, um até então ator de comédias
(indie) e protagonista da série médica de comédia Scrubs, decide colocar as
mãos na câmera e dirige um dos meus filmes (indie) favoritos: Garden State, que
no Brasil atende por Hora de Voltar, o que não deixa de ser uma verdade.
Na trama Andrew Largeman (o próprio Braff), um ex-ator
fracassado que hoje trabalha como garçom num restaurante vietnamita, recebe uma
ligação do pai dizendo que sua mãe morreu na noite anterior e que ele precisa voltar
à cidade natal para o velório. Chegando à cidade Andrew encontra velhos amigos,
revê familiares, encontra desconhecidos e desafetos e, obviamente, encontra uma
garota.
A garota.
O nome dela é Sam, ela tem a cara da Natalie Portman. Animada,
extrovertida, comunicativa, epilética e mentirosa compulsiva, Sam dá uma revirada
na vida do cara e acaba se tornando extremamente próxima a ele sem que ele
mesmo perceba isso. Mas isso só acontece com meia hora de filme, até lá o
sujeito passa por um bocado de situações interessantes, algumas até bastante
surreais, mas a maioria delas são muito o tipo de coisa que acontece direto com
a gente e nós não percebemos o quanto elas são cinematográficas :)
Isso ou eu tendo a agregar um valor exagerado à vida
comum.
O lance é que o sujeito tem um milhão de dívidas morais
pendendo em sua cidade natal, coisa pesada do passado, sentimento de culpa que
não diminuiu ao se isolar na cidade grande, coisas que ele foi empurrando com a
barriga pra resolver depois e acabou ficando pra depois e depois e depois até
que uma hora chegou o famoso Tarde Demais. Dramas de família, amigos que se
afastaram, aquelas pessoas com quem você anda junto até os dezesseis e vê de
novo quando tem vinte e tudo o que consegue dizer é o bom e velho “bora marcar”.
É como um Tudo Acontece em Elizabethtown com mais que
rostos bonitos (até por que o que o Orlando Bloom tem de “beleza” o Zack Braff
compensa em talento) e músicas bacanas. Garden State tem tudo isso e uma
história (que é praticamente a mesma) mais bem amarrada e executada.
E tem cena de aeroporto, braços abertos, música
desconhecida, fotografia saturada, tudo em seu devido lugar em seu devido
tempo, na medida certa pra causar aquele arrepio certeiro quando começa a tocar
uma música que só você e meia dúzia de pessoas conhece...
E além de tudo, tem uma dose muito bem sacada de humor,
coisa bem sutil.
Tipo o cara que ficou rico por ter inventado o velcro
silencioso e o Jim Parsons fazendo papel de Sheldon Cooper num momento
completamente nonsense (armadura de cavaleiro e tudo o mais).
No mais, os deixo com Garden State, senhoras e senhores.
Por pouco eu não destruí a próxima Postagem de cinema do Michel Euclides, muito
pouco mesmo. :)
Eu juro que isso não foi combinado.
-
PS: o blogspot decidiu me sabotar, então hoje não tem trailer :) Mas fique com essa música da trilha sonora e... sabe aquele arrepio que eu falei?
Caso queira ver o trailer, clique aqui: http://www.youtube.com/watch?v=u82n0e1mgmQ
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar no 01Pd! Seja bem vindo e volte sempre!