quinta-feira, abril 18, 2013

007 - Operação Skyfall

Ressurreição...
Dia 108 - Felipe Pereira  105
Skyfall - 2012
Dir: Sam Mendes
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem.

Sean Connery começou a coisa toda. Com seu jeitão de canalha, com seu humor cínico, ele deu o pontapé inicial no que viria a ser um dos mais fantásticos e duradouros personagens do cinema. Depois dele veio o George Lazenby, com aquele seu jeito de... nada (e o sucesso da franquia não se deve a ele em absolutamente nada). Depois dele ainda vieram Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan... Cada geração tem o James Bond que merece e, que me desculpem os que tiveram o Lazenby como Bond... Mas
Daniel Craig não dá moleza pra ninguém! O sujeito pode ser rude, pode ser grosso, pode ser feio como for, pode até ser loiro... Mas ele é James Bond, sim senhor! E é em Skyfall que ele se firma de uma vez por todas como tal.
No mais recente filme da saga do agente da Rainha, James Bond é dado como morto na mais longa e uma das mais eletrizantes sequências de abertura da história da franquia e, quando um inimigo poderoso e extremamente audacioso inicia uma série de ataques terroristas tendo como alvo o MI6, ele precisa voltar à ativa, após meses de aposentadoria involuntária.
Mas ele já não é o mesmo. Bond dá sinais de velhice e desgaste, ferido e impreciso, um verdadeiro bisturi cego, o agente tem de praticamente reaprender a fazer tudo o que ele já sabe... Ou partir pra pancadaria contra seu inimigo exatamente como está: despreparado.
O inimigo, o terrorista e ex-agente do MI6, Raoul Silva só vai dar as caras depois de uma hora de filme (e vai fazer valer cada minuto da espera) e, até lá, Skyfall vai desenvolver e aprofundar mais e mais a personalidade de seu velho Bond.
O James Bond de Skyfall é o mesmo dos dois filmes anteriores, Cassino Royalle e Quantum of Solace, mas há algo de diferente nele, é o mesmo Bond violento e carrancudo, mas há algo a mais, algo de familiar.
Durante essa mais de uma hora que se passa antes do vilão irromper em cena, Skyfall é lento e contido, mesmo em suas cenas de ação, é econômico, minimalista e extremamente belo, visualmente e conceitualmente falando. É um misto de clássico e moderno, o novo e o surrado, uma mistura perigosa, certeira e inusitada. Inusitada por parte do diretor, Sam Mendes, acostumado a dirigir obras mais artísticas do que um 007 deveria ser, trabalhos premiados e reconhecidos. Mendes é Cult, tudo o que menos se espera do Bond mais agressivo de todos. Agressivo e violento, mas que aqui se mostra tão elegante e classudo como deve ser.
E eis que surge em cena, após quase dois terços de filme, Raoul Silva, interpretado por um insano e demoníaco (e hilário e cativante) Javier Bardem, na sua atuação mais visual, mais espontânea e notável de todas. O vilão de Bardem é inspirado, violento, dramático e cruel, um homem deformado, traído, deixado para morrer. Um vilão especializado em tudo o que Bond acha que sabe fazer de melhor. Mentir, fingir, matar... Ressuscitar. Silva chama atenção pela extravagância, pelo barulho...
Chama atenção por que é impossível se concentrar em qualquer outra coisa quando o monstruoso nêmese de James Bond surge em tela. Você quer conhece-lo melhor, você quer ouvir o que ele tem a dizer, quer saber seu passado. Ao mesmo tempo em que você o odeia, você quer ver aonde ele vai parar, o que ele vai fazer depois. Silva é algo totalmente diferente de tudo o que já se viu de mau em relação à franquia. E é clássico por isso, por que é diferente, por que é mau de verdade. Não é o dinheiro, não é a maldade, não é o caos e o medo. É a mensagem.
É para Bond o que o Coringa do Ledger foi para o Batman, um oponente tão louco e psicótico quanto ele.
Skyfall é uma retomada! Durante toda a trama vão sendo dadas pequenas pistas vão sendo mostrados pequenos elementos e detalhes que dão ideia do que há por vir no fim da aventura de Bond. O retorno de
Q, dessa vez vivido por Bem Wishaw, numa participação curta porém excelente, é (ao menos até o fim do filme) a maior de todas as pistas que são dadas. Outra é a música tema, Skyfall da Adele, é um tema clássico de 007, o vilão vai pelo mesmo caminho, exótico como Jaws, enigmático e sádico como Blofeld...
No final, na última cena, na última grande e minimalista revelação (entendedores entenderão), você percebe o que sutilmente vinha sendo sugerido durante duas horas e meia... Mendes esfrega na sua cara a grande novidade do novo velho Bond...
É um círculo que começa a se fechar quando Skyfall chega ao fim... James Bond está voltando ao clássico, está voltando ao Connery, ao Brosnan, James Bond está se tornando o James Bond de sempre.
Carros...
mulheres lindas...
Batida, não mexida...
Bond, James Bond.
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