Dia 108 - Felipe Pereira 105
Skyfall - 2012
Dir: Sam Mendes
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem.
Sean Connery começou a coisa toda. Com seu jeitão de
canalha, com seu humor cínico, ele deu o pontapé inicial no que viria a ser um
dos mais fantásticos e duradouros personagens do cinema. Depois dele veio o
George Lazenby, com aquele seu jeito de... nada (e o sucesso da franquia não se
deve a ele em absolutamente nada). Depois dele ainda vieram Roger Moore,
Timothy Dalton, Pierce Brosnan... Cada geração tem o James Bond que merece e,
que me desculpem os que tiveram o Lazenby como Bond... Mas
No mais recente filme da saga do agente da Rainha, James
Bond é dado como morto na mais longa e uma das mais eletrizantes sequências de
abertura da história da franquia e, quando um inimigo poderoso e extremamente
audacioso inicia uma série de ataques terroristas tendo como alvo o MI6, ele
precisa voltar à ativa, após meses de aposentadoria involuntária.
Mas ele já não é o mesmo. Bond dá sinais de velhice e
desgaste, ferido e impreciso, um verdadeiro bisturi cego, o agente tem de
praticamente reaprender a fazer tudo o que ele já sabe... Ou partir pra
pancadaria contra seu inimigo exatamente como está: despreparado.
O inimigo, o terrorista e ex-agente do MI6, Raoul Silva
só vai dar as caras depois de uma hora de filme (e vai fazer valer cada minuto
da espera) e, até lá, Skyfall vai desenvolver e aprofundar mais e mais a
personalidade de seu velho Bond.
O James Bond de Skyfall é o mesmo dos dois filmes
anteriores, Cassino Royalle e Quantum of Solace, mas há algo de diferente nele,
é o mesmo Bond violento e carrancudo, mas há algo a mais, algo de familiar.
Durante essa mais de uma hora que se passa antes do vilão
irromper em cena, Skyfall é lento e contido, mesmo em suas cenas de ação, é
econômico, minimalista e extremamente belo, visualmente e conceitualmente
falando. É um misto de clássico e moderno, o novo e o surrado, uma mistura
perigosa, certeira e inusitada. Inusitada por parte do diretor, Sam Mendes,
acostumado a dirigir obras mais artísticas do que um 007 deveria ser, trabalhos
premiados e reconhecidos. Mendes é Cult, tudo o que menos se espera do Bond
mais agressivo de todos. Agressivo e violento, mas que aqui se mostra tão elegante
e classudo como deve ser.
E eis que surge em cena, após quase dois terços de filme,
Raoul Silva, interpretado por um insano e demoníaco (e hilário e cativante)
Javier Bardem, na sua atuação mais visual, mais espontânea e notável de todas. O
vilão de Bardem é inspirado, violento, dramático e cruel, um homem deformado,
traído, deixado para morrer. Um vilão especializado em tudo o que Bond acha que
sabe fazer de melhor. Mentir, fingir, matar... Ressuscitar. Silva chama atenção pela extravagância, pelo barulho...
Chama atenção por que é impossível se concentrar em qualquer outra coisa quando
o monstruoso nêmese de James Bond surge em tela. Você quer conhece-lo melhor,
você quer ouvir o que ele tem a dizer, quer saber seu passado. Ao mesmo tempo
em que você o odeia, você quer ver aonde ele vai parar, o que ele vai fazer
depois. Silva é algo totalmente diferente de tudo o que já se viu de mau em
relação à franquia. E é clássico por isso, por que é diferente, por que é mau
de verdade. Não é o dinheiro, não é a maldade, não é o caos e o medo. É a
mensagem.
É para Bond o que o Coringa do Ledger foi para o Batman,
um oponente tão louco e psicótico quanto ele.
Skyfall é uma retomada! Durante toda a trama vão sendo
dadas pequenas pistas vão sendo mostrados pequenos elementos e detalhes que dão
ideia do que há por vir no fim da aventura de Bond. O retorno de
Q, dessa vez
vivido por Bem Wishaw, numa participação curta porém excelente, é (ao menos até
o fim do filme) a maior de todas as pistas que são dadas. Outra é a música
tema, Skyfall da Adele, é um tema clássico de 007, o vilão vai pelo mesmo
caminho, exótico como Jaws, enigmático e sádico como Blofeld...
No final, na última cena, na última grande e minimalista
revelação (entendedores entenderão), você percebe o que sutilmente vinha sendo
sugerido durante duas horas e meia... Mendes esfrega na sua cara a grande novidade
do novo velho Bond...
É um círculo que começa a se fechar quando Skyfall chega
ao fim... James Bond está voltando ao clássico, está voltando ao Connery, ao
Brosnan, James Bond está se tornando o James Bond de sempre.
Carros...
mulheres lindas...
Batida, não mexida...
mulheres lindas...
Batida, não mexida...
Bond, James Bond.
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