O MAGO DAS BALAS
Se o bom e velho Max Payne tivesse aproveitado seu gênio
para a lírica disparando palavras em tinta em lugar de balas, seguramente a
vida o teria tratado melhor, no entanto nos é que seriamos os prejudicados por
sermos privado de desfrutar de jogos como esse de uma saga que vamos
acompanhando por mais de uma década.
Retroativamente temos os dois
últimos lançamentos que lembramos com carinho e que nos motiva a pensar que as
boas estórias em jogos de ação não são impossíveis.
Chega Max Payne 3 com uma pequena mudanças de mãos, da REMEDY para a
ROCKSTAR. A expectativa de que nos entregassem um grande produto a exemplo de
Grand Thef Auto IV (do qual não sou grande fã) e Red Dead Redemption (desse sim
sou fã). Não podíamos esperar nada menos do que vimos.
O Max de sempre mostrado como
nunca. O obstáculo que sempre levará a Rockstar a temer que qualquer jogo que
lancem que não se chame GTA, terá sempre um comentário prévio de “certo que é
como GTA”. Ou com o temor também de nossa parte enquanto jogadores, que
transformassem a saga Max Payne em algo parecido a um GTA com tempo de bala não
aconteceram.
É um Max Payne adaptado aos
tempos de hoje, e não só adaptado em sua mecânica, melhoramentos gráficos, e
física, mas também um salto de qualidade gigantesco, como se espera de um título
da Rockstar. Ainda é Max Payne então? Entre a mudança radical que sofre o
protagonista e a ambientação longe de Nova York que visitamos nos dois
primeiros títulos da saga, tudo parece indicar que Max Payne 3 tem de Max Payne
o nome e muito mais do mesmo. Um excelente jogo de todo modo. Um Max que vive
preso ao seu passado e que deseja ainda pagar por seus erros, mas que parece
ter superado bastante a morte de Mona, sua filha, e a perda de sua família, mas
isso apenas para quem se lembra dos jogos anteriores. Algo grave por parte dos
roteiristas que nem em Flashbacks nos conta sobre a transição entre o antigo e
o novo Max. Max faz muitas menções ao passado que criou a sua personalidade
atormentada e isto apenas para nos fazer desfrutar de novos tiroteios sobre os
telhados nevado de New Jersey contra bandos de mafiosos e que é parte do que
poderiam esperara os grandes fãs da saga. Porem tanto para eles como para quem
quer uma nova experiência em forma de shooter em terceira pessoa pode encontrar
em Max Payne um produto quase redondo.
É quase impossível não perceber
o Max como uma versão amarga de John McClane, de DURO DE MATAR
vivido Bruce Willis no cinema. Um
cara duro, cínico, um cachorro velho e fodido com a agravante de um severo
vicio por álcool e analgésicos, que lhe permitem conter tanto sua dor exterior
como interior. Porem não por muito tempo. Um homem atormentado, suas palavras e
gestos deixam claro isso. Tentando ser o mais profissional possível no que faz
esperando com isso consertar seu trágico passado. Tenta, porem não sai de todo
bem acabando, atormentado, viciado... Uma trama absorvente desde primeiro
minuto de jogo, que ansiamos por descobrir como ele acabará, mesmo com os
roteiristas do jogo tentando nos transmitir apenas sensações do que virá, esse
é o espirito de Max Payne que segue impoluto e
com uma grande e espetacular melhora de designe gráfico, com qual
podemos perceber por dentro de cada personagem a partir de suas expressões que
nos é mostrado com um nível de interpretação que se sobressai.
Desta vez JAMES McCAFFREY,
não é apenas a voz de Max, mas também será a imagem, sua cara, seu corpo, suas
expressões e suas animações. O Jogo não
foi de todo dublado para o Português e essa decisão me alegrou muito. A
indústria de dublagem não faz um trabalho à altura de Pulp Fiction todos os dias, e foi melhor, para não estragar uma
grande interpretação em linha com o que costuma oferecer a Rockstar.
As sequencias que amarram as
fases do jogo desta vez não serão vinhetas estáticas, mas ainda assim conservam
o estilo “comics” dos lançamentos anteriores, elas irão se formando à medida
que avançamos no jogo e serão intercaladas com frases e palavras soltas, estás
também em inglês, para dar mais ênfase à ação e não as legendas, estas sim
estarão em Português ou inglês. Os americanos que culturalmente são avessos a
legendas em produtos estrangeiros, ficaram fulos com isso, mas qual é a graça
de se ser estrangeiro em uma cidade que não conhecemos como São Paulo e não se
sentir perdido, ou perceber a barreira que a língua impõe. Um lugar onde
qualquer um representa uma ameaça, um lugar onde uma simples criança conhece o
caminho para um bordel. Vemos futebol e
musica, o espirito do Brasil, tanto o bom, comercial e turístico como o pior
dos piores da vida nas ruas, drogas, prostituição e demais infortúnios que se
como brasileiros longe das metrópoles do sul não vivenciamos, mas conhecemos
por meio da TV nossa de cada dia. Toda essa crueldade e violência, infelizmente
fazem parte do encanto de Max Payne 3, uma crueza inesperada também para nós
brasileiros, mas também terrivelmente real. Um mundo onde não parece existir o
bem nem o mau, mas apenas interesses pessoais e egos que predominam por cima
dos demais, sem justiça nem lei aparente.
Podemos perceber Max Payne 3
como um jogo e também como uma estória interativa com uma alta e incessante
carga de adrenalina adaptável ao jogador por meio de seus níveis de dificuldade
e de pontaria. Uma torrente de ideias e situações que vão forjando o caráter de
Max, cada vez mais perdido e cada vez mais decidido. Tudo isso nos mostra que
um Shooter em terceira pessoa também pode ter uma grande estória, nem todos
queremos ser um marine ultra musculoso “esgrimindo” seus “unga unga” contra
bichos espaciais. Max Payne não é um soldado, precisamente, e seu controle é
menos ágil que um shooter de cobertura e isto nos põem sempre em desvantagem
contra as diversas facções armadas que temos que enfrentar. Para compensar temos
que aprender a usar bem o recurso “Bullet Time” e uma boa mira, por que esse
não é um jogo que nos deixa esperar escondido até que um inimigo levante a
cabeça pra ser acertado. Se passarmos muito tempo escondido os inimigos irão
nos flanquear e isso será muito pior. Esconder-se é uma opção apenas para recarregar
as armas e tomar um analgésico. No resto do tempo será disparar e desfrutar do
baile de balas e da física, algo que faz de Max Payne 3 algo superior a muito
do que já vimos até agora. Pode ser que não tenha uma potencia gráfica bruta
como um UNCHARTED 3, porem a nível de animações, a Rockstar deu um passo além e
a possibilidade de ver tudo em câmara lenta ajuda no espetáculo. Cada inimigo
reage de forma única a cada impacto de bala. Os inimigos reagem a cada disparo
recebido, seja ele letal ou não, de uma forma diferente. Queda e morte
realistas e não mecânicas ou pré renderizadas e, sobretudo a modelagem de Max,
que reage organicamente a tudo a sua volta como tendo peso real. Tente
mergulhar de cabeça contra uma parede e vera sua animação mudar a câmara lenta
para proteger sua cabeça com os braços, se saltarmos de lado, veremos como ele
se curva para cair de ombros e não perigosamente de costas. Um autentico
espetáculo, digno de ver que se soma a um Max que vai se sujando, suando e
sangrando a medida que avança pelo nível.
Acabou o bolso infinito de
armas, agora poderemos escolher duas armas curtas ou uma longa com uma curta de
uma forma mais inteligente e realista. Teremos que troca-las poucas vezes
durante a ação apenas recolhendo pelo cenário a munição adequada. Como todo
shooter moderno, Max Payne 3 tem sua parcela de erros. Quebrar o ritmo de uma
fulga opondo-se a ela com um excesso de inimigos é um deles. Pode ser
interessante pontualmente, mas não sempre, como ocorre.
Ate o próximo mês
Eu não costumo comentar nossas próprias pastagens, mas esse jogo é sensacional. Do pouco que joguei, achei espetacular.
ResponderExcluirUma penas que não comente nossas postagens seus comentarios são muito valorosos. E dê mais uma chance ao jogo, vá até o fim. Vale a pena.
ResponderExcluirO problema é hardware.
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