Dia 113 - Felipe Pereira 110
Cassino Royale - 2006
Dir: Martin Campbell
Elenco: Daniel Craig, Eva Green, Judi Dench e Mads Mikkelsen.
É incrível o quanto Cassino Royale se mantém em forma
mesmo depois de quase dez anos. E é incrível o quanto ele ainda se mantém como
o mais frenético filme da nova franquia 007, mesmo focando uma boa parte de
suas duas horas e vinte num alucinante jogo de pôquer, se é que em algum
momento de minha vida eu, que não entendo absolutamente nada de pôquer, pudesse
dizer que uma partida de biriba é alucinante.
O filme conta como se deu a primeira grande missão do
agente secreto James Bond como agente zero-zero. Seu primeiro (e segundo e
terceiro e quatro e...) assassinato, sua primeira bola fora, a primeira (e a
segunda e a terceira...) Bond Girl, o primeiro Bond, James Bond.
É um 007 bruto e arrogante, mal humorado, violento,
agressivo, impulsivo, irresponsável e consideravelmente menos eloquente e mais
porradeiro que de costume. Em sua primeira aparição como agente da Rainha, Daniel
Craig dá a seu James Bond, rejuvenescido e repaginado, um ar de trator de
construção civil, um sujeito que não pode ser parado nem mesmo por paredes,
cabeça dura, obstinado e extremamente físico. Um cara que não pensa duas vezes
antes de invadir uma embaixada num país estrangeiro descendo chumbo em quem
aparecer na frente.
Sua primeira missão: investigar um traficante de armas que
está envolvido numa trama mundial que visa dominar o mundo um lucro absurdo
e ilegal vendendo armas a preços imorais a milícias de países subdesenvolvidos.
Um vilão mais contido e real que o costumeiro, um cara que chora sangue e encontra
numa partida de pôquer envolvendo grandes personalidades a possibilidade de
obter um lucro monstruoso para financiar seu pequeno negócio. Sem planos
mirabolantes, sem satélites, sem caras com dentes de ferro ou tubarões com
lasers na cabeça (não, pera...) o novo mundo no qual se passa 007CR
é mais pé no chão e realista em suas motivações e em sua ação, mas não menos
inverossímil quando necessário. Rever CR depois de ver Skyfall num intervalo de
tempo tão pequeno só mostra o quanto James Bond evoluiu, se moldou com a
passagem de tempo entre os dois pontos, o inicial e o atual, e o quanto o
personagem está sendo respeitado (tanto o novo quanto o clássico) e bem desenvolvido.
Cassino Royale é dirigido por Martin Campbell, um sujeito
que é especialista em tirar James Bond do limbo quando o agente precisa de uma
revolução (ou, no caso, de uma ressurreição). Primeiro foi em Golden Eye, agora
em Cassino Royale. E o mais interessante: Campbell é um diretor limitadíssimo
que só funciona em seu máximo ao dirigir 007. Em todos os outros filmes de sua
carreira ele beira a mediocridade. E em alguns momentos ele atinge-a em cheio. Mas o cara desencavou dois dos melhores Bonds da franquia: Pierce Brosnan e Daniel Craig. Isso é motivo de orgulho para uma vida inteira. Coisa pra se contar aos netos.
Mas em suas duas incursões de salvação no mundo do espião
britânico, Campbell brilha como poucos. 007CR é o mais subversivo
dos filmes da franquia, o que mais a agride, o que mais ignora sua mitologia. E
isso não é problema em momento algum.
Ação frenética, violência explosiva, James Bond loiro, Bond
Girl que transita entre linda e traiçoeira (Eva Green...(suspiro)) com uma
facilidade assustadora, um vilão psicopata e extremamente convincente (o Le
Chiffre de Mads Mikkelsen é memorável) e mais ação frenética, pancadaria e O
jogo de cartas mais tenso do cinema! Nenhum filme teve um jogo tão
esquizofrênico e tenso como a partida de Cassino Royale. NENHUM! Só quem viu
sabe do que eu tô falando.
Em sua primeira missão James Bond se mostra bruto e cínico
como nunca. E arranca de volta a dignidade da saga na base da porrada! Um dos
007 mais importantes da franquia. Um dos melhores, top 3 fácil, fácil.
Cassino Royale é ação do começo ao fim, com um ritmo
perfeito, um elenco intocável e o melhor tema da nova fase: You Know My Name,
pela poderosamente rouca voz de Chris Cornell.
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