Dia 82 - Felipe P. 79
Starship Troopers - 1997
Dir: Paul Verhoeven
Elenco: Casper Van Dien, Denise Richards, Dina Meyer
Eu tinha uns sete ou oito anos, estava vendo televisão num
domingo à tarde, Rede Record, família inteira na sala, começa um filminho
família na TV, um negócio que eu adorava sem nunca ter visto na vida, adorava a
ideia, adorava o visual, eu nunca tinha assistido mas sabia uma ou outra frase
de efeito e achava o máximo. Ver Robocop às três da tarde de domingo
provavelmente tenha sido um dos maiores traumas da minha infância, talvez até
da minha vida. A cena em que o ainda completamente humano Alex Murphy é fuzilado
por uns quatro caras ao mesmo tempo, se desfazendo em sangue e pedaços de
carne, tão explicitamente quanto possível, tão visual e sadicamente, foi tão agressiva
e tão detalhada, só quem viu faz ideia...
Paul Verhoeven, seu desgraçado. Você não tem limites.
Paul Verhoeven, diretor alemão, fez grande sucesso no
mundo todo quando chegou a Hollywood despejando litros e litros de sangue, violência
e adrenalina. Dominou os anos oitenta e noventa, foi da ficção científica ao
thriller erótico e transformou todos eles em clássicos. Robocop, O Vingador do
Futuro, Instinto Selvagem (talvez não tão clássico assim, mas tem a cena da
cruzada de pernas e tal) e, meu favorito, o menos lembrado e reconhecido:
Tropas Estelares.
Pegue Star Wars, adicione sangue, cinismo e esteroides, marines
espaciais e insetos assassinos gigantes, humor negro e doses cavalares de
violência, misture tudo e você tem Starship Troopers. Baseado em um livro de
1959 do autor Robert A. Heinlein, mesmo autor de Planeta Vermelho, o filme fala
sobre um grupo de soldados treinados para combater uma raça alienígena que ameaça
e, em certo momento quase vitimou a humanidade. Os caras são mandados para o
espaço, recebem o treinamento militar mais barra pesada do universo e vão
armados até os dentes em planetas invadidos por baratas alienígenas gigantescas
pra cair no pau com as criaturas.
Nisso entra nosso herói, Johnny Rico
(interpretado pelo terrível, porém aqui funcional, Casper Van Dien), que se
alista nas tropas para ficar por perto da namorada Carmen Ibanez (a então linda
Denise Richards) e, por suas habilidades físicas, acaba virando um dos soldados
mais notáveis e, de tabela, um dos heróis da coisa toda.
Tropas estelares foi lançado em 1997, mas tem toda a cara
e a carga de um filme dos anos oitenta. Aquela violência sem limites, os
efeitos práticos, os litros e litros de sangue falso e os heróis brucutus quase
imortais, além de obviamente as criaturas monstruosas que vieram do espaço.
É uma ficção científica bombada e banhada em sangue, mas
tem lá seu cunho social e sua crítica política corrosiva, algo sempre presente
nas obras de Verhoeven.
O interessante aqui é ver como 16 anos depois o filme não
envelheceu quase nada (claro que há sempre uma atuação que fica ultrapassada,
um efeito que fica defasado), passa fácil na regra dos 15 e diverte e impacta do
mesmo jeito. As cenas espaciais continuam convincentes e as batalhas contra os
insetos são sensacionais.
O filme é quase exatamente como eu tinha na memória!
Apenas duas coisas me surpreenderam, duas coisas das quais eu tinha esquecido
completamente:
O humor cretino, por que o filme não se leva muito a
sério e pra mim ele era não só muito sério como assustador pra cacete. E, essa
foi absurda, Neil Patrick Harris exatamente igual aos dias atuais no papel de
um telecinético, sendo que eu não fazia ideia que existia esse tipo de gente na
história.
O que ficou meio deslocado, tão ou mais deslocado que os tk em
Looper, meio fora de contexto.
Mesmo assim, rever esse clássico subestimado dos anos 90
foi uma experiência sensacional e eu recomendo. O filme passa fácil, sem fazer
considerações, sem “mas” nem “é preciso levar em conta”.
Filmaço, FC de primeira.
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