sábado, março 23, 2013

Tropas Estelares

Dia 82 - Felipe P. 79
Starship Troopers - 1997
Dir: Paul Verhoeven
Elenco: Casper Van Dien, Denise Richards, Dina Meyer

Eu tinha uns sete ou oito anos, estava vendo televisão num domingo à tarde, Rede Record, família inteira na sala, começa um filminho família na TV, um negócio que eu adorava sem nunca ter visto na vida, adorava a ideia, adorava o visual, eu nunca tinha assistido mas sabia uma ou outra frase de efeito e achava o máximo. Ver Robocop às três da tarde de domingo provavelmente tenha sido um dos maiores traumas da minha infância, talvez até da minha vida. A cena em que o ainda completamente humano Alex Murphy é fuzilado por uns quatro caras ao mesmo tempo, se desfazendo em sangue e pedaços de carne, tão explicitamente quanto possível, tão visual e sadicamente, foi tão agressiva e tão detalhada, só quem viu faz ideia...
Paul Verhoeven, seu desgraçado. Você não tem limites.
Paul Verhoeven, diretor alemão, fez grande sucesso no mundo todo quando chegou a Hollywood despejando litros e litros de sangue, violência e adrenalina. Dominou os anos oitenta e noventa, foi da ficção científica ao thriller erótico e transformou todos eles em clássicos. Robocop, O Vingador do Futuro, Instinto Selvagem (talvez não tão clássico assim, mas tem a cena da cruzada de pernas e tal) e, meu favorito, o menos lembrado e reconhecido: Tropas Estelares.
Pegue Star Wars, adicione sangue, cinismo e esteroides, marines espaciais e insetos assassinos gigantes, humor negro e doses cavalares de violência, misture tudo e você tem Starship Troopers. Baseado em um livro de 1959 do autor Robert A. Heinlein, mesmo autor de Planeta Vermelho, o filme fala sobre um grupo de soldados treinados para combater uma raça alienígena que ameaça e, em certo momento quase vitimou a humanidade. Os caras são mandados para o espaço, recebem o treinamento militar mais barra pesada do universo e vão armados até os dentes em planetas invadidos por baratas alienígenas gigantescas pra cair no pau com as criaturas. 
Nisso entra nosso herói, Johnny Rico (interpretado pelo terrível, porém aqui funcional, Casper Van Dien), que se alista nas tropas para ficar por perto da namorada Carmen Ibanez (a então linda Denise Richards) e, por suas habilidades físicas, acaba virando um dos soldados mais notáveis e, de tabela, um dos heróis da coisa toda.
Tropas estelares foi lançado em 1997, mas tem toda a cara e a carga de um filme dos anos oitenta. Aquela violência sem limites, os efeitos práticos, os litros e litros de sangue falso e os heróis brucutus quase imortais, além de obviamente as criaturas monstruosas que vieram do espaço.
É uma ficção científica bombada e banhada em sangue, mas tem lá seu cunho social e sua crítica política corrosiva, algo sempre presente nas obras de Verhoeven.
O interessante aqui é ver como 16 anos depois o filme não envelheceu quase nada (claro que há sempre uma atuação que fica ultrapassada, um efeito que fica defasado), passa fácil na regra dos 15 e diverte e impacta do mesmo jeito. As cenas espaciais continuam convincentes e as batalhas contra os insetos são sensacionais.
O filme é quase exatamente como eu tinha na memória! Apenas duas coisas me surpreenderam, duas coisas das quais eu tinha esquecido completamente:
O humor cretino, por que o filme não se leva muito a sério e pra mim ele era não só muito sério como assustador pra cacete. E, essa foi absurda, Neil Patrick Harris exatamente igual aos dias atuais no papel de um telecinético, sendo que eu não fazia ideia que existia esse tipo de gente na história. 
O que ficou meio deslocado, tão ou mais deslocado que os tk em Looper, meio fora de contexto.
Mesmo assim, rever esse clássico subestimado dos anos 90 foi uma experiência sensacional e eu recomendo. O filme passa fácil, sem fazer considerações, sem “mas” nem “é preciso levar em conta”.
Filmaço, FC de primeira.
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