Michel 60. Dia 65.
Hoje é o aniversário de um dos maiores guitarristas de todos os tempos: David Gilmour. Em homenagem, analisarei um dos discos mais amados - por mim - do Pink Floyd: "The Division Bell" (1994).
"For millions of years mankind lived just like animals. Then something happened which unleashed the power of our imagination: we learned to talk."
Essa é parte de uma fala de Stephen Hawking, um dos maiores e mais brilhantes físicos de todos os tempos. Para quem não sabe, Hawking sofre de uma doença degenerativa que lhe retirou a capacidade de movimentação, locomoção e comunicação. Entretanto, a despeito de uma vida limitada e sofrida, ele ainda influencia a vida de muitas pessoas através da ciência, inteligência e sagacidade.
Hawking se utiliza de um programa de computador e um sintetizador de voz para falar. Sua "voz" é mecânica e destituída de emoção, mas mesmo assim, extremamente alta e extremamente forte, pois nos comunica os pensamentos que ali estão encerrados, naquela mente genial, e que de outra forma, em outros tempos, estariam perdidos.
Comunicação, troca de informações, diálogo... quantos problemas não poderiam ser resolvidos se, em vez de nos calarmos e nos trancarmos em nossas próprias conchas, encerrados em nossas posturas agressivas, apenas conversássemos?
Se apenas disséssemos uns aos outros, com sinceridade, como nos sentimos?
O sentimento de "The Division Bell" é essa perda de capacidade. Aprendemos a nos comunicar, e à medida que a ciência progride, perdemos isto. Mantemo-nos distantes, distintos, isolados, frios. Evitamos olhar nos olhos e nos envolver emocionalmente com outras pessoas por que isso "dá trabalho".
Sim, eu falo por mim. Eu tenho uma certa fobia de me relacionar com as pessoas. E é por isso que o "Division" me bate tão forte.
Lost For Words
Eu preciso, mais do que ninguém, aprender a me controlar, a me segurar, a fluir. Quando eu escuto "The Division Bell", repenso muitas coisas da atual fase e penso: "Mas, ei, esse chefão não é assim tão forte!".
Um disco profundo. Tão vasto, tão claro... como um amanhecer depois de uma noite de insônia. Te enche de uma certa esperança, e de um pouco de medo também. Te mostra que você não é um muro de concreto, mas um rio de lava - e isso, amigos, faz toda a diferença.
Comunicar, assim como silenciar, são artes que ainda não domino. É para isso que tenho a música. É para isso que serve o Pink Floyd.
Senhoras e senhores, cantemos juntos "High Hopes" para o senhor David Gilmour. E que os sinos da discórdia continuem tocando, para que o consenso não seja alcançado sem conflito.
Grandes Esperanças
E que seja bem vinda a tempestade, e tudo aquilo que nos sacode e nos joga na escuridão - pois só assim saberemos o quanto a luz é brilhante.
A Classificação para o disco de hoje? Cinco Galáxias.
Boa noite de quarta feira, meus amigos. Feliz aniversário, Mestre Gilmour.
Embora faça um tempo considerável desde o seu lançamento me arrisco a dizer que este Disco do Pink Floyd é a unica obra dos caras comum a minha geração e a atual, mesmo sem perder de vista que muitos dessa geração ouvem musicas do Pink Floyd, sem saber a real importância do grupo para o cenário musical e sem conhecer a filosofia do trabalho deles. Esse disco é Pink Floyd renovado sem perder a essência que sempre permeou o grupo. Para min não existe musica mais engajada do que a do Pink Floyd, Seja com David Gilmour ou com Roger Walter. Nosso cronista de sempre, mais uma vez nos entrega a essência de um disco certamente muito querido. Parabéns ao aniversariante, parabéns ao nosso cronista.
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