sexta-feira, março 01, 2013

Rome - Danger Mouse e Daniele Luppi, ou: Era Uma Vez No Oeste In These Days...

Michel 55. Dia 60.

Há algum tempo atrás, era uma vez, o oeste era selvagem e desconhecido. O interior seco, desértico e poeirento era, muitas vezes, desprezado em função do conforto e da segurança que o litoral providenciava. O que há em nós de cômodo e tranquilo busca a placidez do barulho do mar, apenas o mar - pois que o vento que circula no deserto incomoda os silêncios que há em nós.

Mas eis que veio o Herói Solitário, em busca de paz ou de esquecimento, ou de vingança. E ele se fez pólvora e chumbo e habitou entre nós.

Há montanhas nevadas ao longe, e planícies a perder de vista. Há depressões e cânions, e há o deserto - o longo, vasto e ilimitado deserto, cheio de mistérios em sua infinitude, com seus animais e plantas peculiares e sua rejeição natural e visceral por tudo o que é humano.

A não ser que se aprenda a viver ali. A não ser que se veja, por entre olhos semicerrados, a beleza que jaz naquelas extensões, na poeira, no vento, nas nuvens esparsas. Saber valorizar a sombra, saber respeitar o raro riacho; conhecer o tempo do coiote, entender o chocalhar da cascavel.

Saber quando usar a arma, quando queimar o celeiro, quando alvejar o xerife, quando dizer adeus à bela Susan - que jurava ter encontrado um Homem de verdade no meio daquela vastidão, mas que se vê como apenas mais uma estação no caminho daquele homem escuro e determinado rumo ao acertar de contas que pode levá-lo à morte, não importa o que ela diga.


"Rome" (2011), do produtor musical Danger Mouse e do compositor italiano Daniele Luppi, é uma dessas pérolas que surgem e que se perdem do grande público. Por quê? Por que não traz a eles grandes interesses. Não é música para ser vendida: é para ser degustada. Visualizada. Internalizada.

E o bacana? Jack White e Norah Jones nos vocais das principais faixas do disco. Fantástico! Cada um melhor sintonizado com as músicas, perfeito no que se pede deles... um deleite!




Uma trilha sonora perfeita para um faroeste spaghetti de Sergio Leoni nos dias atuais. Músicas que embalariam numa boa o Clint Eastwood e seus personagens silenciosos e sem nome ou os icônicos heróis de John Wayne.

Agora, criem em suas cabeças um farwest movie com seu ator preferido no papel principal (Leonardo DiCaprio ou Viggo Mortensen), um bom diretor, com mão forte e pesada para filmes secos e duros (Irmãos Cohen), um bom elenco de apoio (Cristoph Waltz, Jodie Foster, Anthony Hopkins, Jeff Bridges), e essa trilha sonora.

Cara, que viagem.


Um disco para ser ouvido regado a um bom uísque, com bons amigos, jogando baralho. Um deles, pelo menos, precisa estar fumando. (Pablo Negócio e/ou Assis Oliveira). :)

Amigos leitores: um disco de responsa. Uma história bem contada, com começo, meio e fim. Gravado com instrumentos antigos, com uma sonoridade retrô, soa atemporal e orgânico, como uma promessa de chuva.







Desejo a todos um bom fim de semana e juízo. Desejo também que não se deixem levar por suas atribuições, nem deixem que seus trabalhos se confundam com suas vidas.

Aqui fala o que restou do Ladrão de Almas.



Um comentário:

  1. Companheiro... acho que você ja morou no deserto e não nos informou
    Gosto dessa trilha, e o que me levou a ela? Claro! a bela e talentosa Norah Jones.

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