sexta-feira, março 01, 2013

Argo

Dia 60 - Felipe P. 59
Argo - 2012
Dir: Ben Affleck
Elenco:  Ben Affleck, Bryan Cranston, John Goodman, Kyle Chandler, Alan Arkin.

Argo começa com uma bela aula de história, explicando detalhadamente todos os pontos mais importantes e tudo o que culminou na Crise dos Reféns no Irã, em 1979, quando um grupo de americanos ficou preso por estudantes e militares durante a Revolução Iraniana. Uma mistura de cenas reais e cenas recriadas de modo extremamente realista faz com que você poucas vezes saiba o que é real e o que é recriação, o que garante um realismo incrível à trama (real) absurda do filme.
A história conta os esforços de um agente da CIA, vivido por Ben Affleck, em resgatar seis dos 52 diplomatas americanos feitos reféns. Os seis haviam fugido da embaixada americana no exato momento em que os manifestantes a invadiram e fizeram as capturas e acabaram por se abrigar na casa do embaixador Canadense.
O plano do personagem de Affleck, Tony Mendez, envolve forjar uma produção cinematográfica com o intuito de se infiltrar no país e resgatar os seis, trazendo-os de volta como a equipe de produção da ficção científica Argo, um STAR WARS genérico que a equipe de inteligência bolou do zero.
E isso envolve arranjar do zero toda uma equipe de produção verdadeira para o longa. E detalhe: fazer o estúdio responsável acreditar que está produzindo um filme de sucesso, fazer a imprensa acreditar que Argo é um filme de verdade e, acima de tudo, fazer o povo americano acreditar na mentirada toda para, só então, fazer os inimigos acreditarem na história.
É uma coisa tão absurda que nos créditos finais eles fazem questão de mostrar documentos reais comprovando a veracidade da trama.
Vamos deixar de lado a política, a burocracia e todo o mimimi criado em torno de Argo, inclusive o mimimi que serviu de divulgação do longa, vamos falar de cinema.
Que pedante...
Ignore.
Argo vem arrastando prêmios dos mais variados em todos os lugares, é uma obra já aclamada pelo público e pela crítica, todos atestam que é uma grande produção, mas talvez haja um pequeno exagero, talvez haja um grande exagero nisso tudo. Eu sempre fico com um pé atrás quando filmes fazem barulho demais, quando público e crítica concordam de forma tão uníssona, sempre acho que é bajulação gratuita. Ainda mais quando se trata de um filme dirigido por Ben Affleck, um sujeito que até uns tempos atrás todos amavam falar mal, todo mundo tinha uma opinião bem formada sobre o sujeito.
Ele virou um diretor de cinema e as pessoas de repente começaram a babar o ovo do cara, isso não me entra na cabeça. No filme anterior dele foi a mesma coisa, eu fui cheio de expectativa e vi um bom filme, três luas, três e meia talvez.
Aí chega Argo e, tudo de novo outra vez, a badalação, a coisa toda, Globo de Ouro, aquela chateação de “Argo, Fuck Yourself” que parecia o “Pede Pra Sair” do Ben Affleck, todo mundo repetindo essa hashtag dos infernos e, bem eu decidi tirar minhas próprias conclusões.
A minha conclusão é boa e velha máxima de Affleck é um péssimo ator, mas agora nós decidimos (nós do meio crítico (hahahahhahaha)) repaginar essa afirmação e dizer que “Ben Affleck é um ator limitado, porém esforçado” e, basicamente, isso é tudo o que dá pra falar da atuação do cara.
Como diretor, ele está num bom momento, seu terceiro filme e, a cada novo, vem ganhando notoriedade. E ele pode até fazer questão de estar à frente da câmera, mas é atrás dela que ele manda bem. E eu posso dizer que, sem medo de morder a língua, o cara é um puta diretor.
Em seu ato final, Argo se eleva a um nível de tensão explosivo, você fica imóvel olhando pra tela, com a sensação de que algo vai dar errado de uma forma irremediável, de que se chegou tão longe por razão nenhuma, de que tudo vai desmoronar a qualquer momento...
E isso vai sendo construído de uma forma lenta, burocrática, aquela trama de mentiras, de pessoas fingindo ser o que não são, trancadas dentro de um carro atravessando uma multidão furiosa, fingindo que está tudo bem, só mais um dia de trabalho.
É um nível de tensão tão grande quanto em Invasores de Corpos. E tão bem amarrado e construído quanto na obra de Jack Finey.
Argo é a história de como um filme ruim salvou o dia de uma forma tão inacreditável que tiveram de fazer um filmaço pras pessoas acreditarem naquele absurdo.
E essa é a minha conclusão sobre esse absurdo:

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