quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Abismo do Medo

Dia 59 - Felipe P. 58
The Descent - 2005
Dir: Neil Marshall
Elenco: Shauna Macdonald, Natalie Mendoza, Alex Reid

Num cenário de terror genérico com histórias repetitivas e estéticas comuns, certos filmes se destacam pela regra do “menos é mais”. Abismo do Medo é um desses.
Lançado em 2005 sob a direção de Neil Marshall, o longa narra a história de seis amigas que gostam de viver radicalmente: rios selvagens, cavernas, escaladas, essas coisas.
Um dia uma delas perde o marido e a filha num acidente que até hoje, revendo o filme uns quatro anos depois de tê-lo visto pela primeira vez, eu não consigo compreender a ligação com o resto da história.
Eis que um ano após o acidente, as seis decidem se reunir para explorar uma caverna que, apenas uma delas sabia, nunca havia sido explorada por ninguém. Ou pelo menos, ninguém saiu vivo de lá.
Indo direto ao ponto, as seis entram na caverna, algo dá errado e ocorre um desabamento que as faz ficar presas lá dentro, o que serve pra dar um ar de tensão e urgência logo de início. Te deixa apreensivo. Esse ponto por si só é angustiante. A sensação de claustrofobia que Marshall emprega é de doer. As personagens passam por todo tipo de sofrimento, desde soterramento a ter de se enfiar em espaços pequenos, ficando presas, tendo de vencer o desespero. A pouca iluminação utilizada durante o filme inteiro só torna as coisas ainda mais opressivas. Abismo do Medo seria um thriller de sobrevivência sensacional se narrasse a história das seis passando por essa experiência maluca dentro da caverna, mas, não fosse suficiente, elas logo descobrem que não estão ali sozinhas. Alguma coisa as observa.
Algumas coisas, pra ser mais exatos.
As coisas ficam realmente sérias quando essas coisas param de observar e passam a ataca-las. Dotadas de uma força e uma violência monstruosa, a princípio pouco se vê do que se trata, mas não demora até que faça suas primeiras vítimas.
Nada se sabe nem se explica sobre as criaturas, não são dadas respostas e muito menos perguntas são feitas, quando os bichos chegam, não há tempo pra enrolação. A grande surpresa é que, depois dos primeiros ataques, a mulherada para de chorar e parte pra briga usando o que tem em mãos. E aqui está o charme do filme. As personagens, apesar de levemente estereotipadas (umas como mocinhas de comédias românticas, outras como mulher macho) mantém sua humanidade. Mesmo batendo de frente com as coisas, elas choram abraçadas, se ferem pra caramba, não perdem sua feminilidade e se mantém verossímeis. São mulheres badass e tem uma boa desculpa pra isso, mas não deixam de ser mulheres, e isso é muito bacana.
O filme é escuro a maior parte do tempo, sendo iluminado apenas pela lanterna do capacete das aventureiras, o só torna o clima mais pesado, revelando quase nada do visual das criaturas. O pouco que aparecem, é sob a luz de bastões luminosos, ganhando um visual estilizado e assustador, meio humanoide, meio primitivo, dá a entender que são criaturas que vivem na escuridão há milhares de anos, se adaptaram ao ambiente.
Eles não enxerga, apenas farejam e escutam muito bem. E matam. Isso eles fazem como ninguém.
Apenas duas coisas me incomodam profunda e negativamente em Abismo do Medo: seu começo sem sentido com o acidente, totalmente desligado com o resto da trama, que serve de absolutamente nada além de gerar um trauma desnecessário para a protagonista; e seu final, que talvez na época de seu lançamento, fosse inovador, mas acabou virando um tremendo lugar comum.
Tirando isso, The Descent é uma das coisas mais assustadoras lançadas nos últimos anos. Um terror verdadeiro e sem base oriental, sem garotinhas com cabelo na cara nem nada dessas besteiras.
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