Ezequiel 25:17: O caminho do homem justo está cercado por todos os lados. Pela iniquidade dos egoístas e a tirania dos maus. Bendito aquele que, em nome da caridade e boa vontade, Guie os fracos através do vale das trevas,Pois ele é verdadeiramente o guardião de seus irmãos e localizador de crianças perdidas. E eu vou derrubar sobre ti com grande vingança e raiva furiosa. Aqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá que meu nome é o Senhor, quando minha vingança cair em cima de você.
Dia 83 - Felipe P. 80
Pulp Fiction - 1994
Dir: Quentin Tarantino
Elenco: John Travolta, Samuel L. Jackson, Tim Roth, Amanda Plummer, Bruce Willis, Ving Rhames, Uma Thurman.
Eu queria começar esse texto dizendo que as opiniões
contidas nesse site dizem respeito a quem as escreve. E quem as escreve deve
responder por elas, o que não impede ninguém da equipe de tomar partido em
defesa dos outros membros. Mas que fique bem claro, a minha opinião representa
a minha opinião e eu respondo por ela.
Só esclarecendo. :)
Prepare-se, aí vem.
Os críticos dizem que o melhor filme já feito é Cidadão
Kane. O IMDB diz que é Um Sonho de Liberdade. Há quem diga que é O Rei Leão. Eu já
vi alguém dizer que é Mercenários. Eu digo que é Pulp Fiction. O Melhor Filme
Já Feito!
Eu já mencionei aqui o quanto eu sou fã do Tarantino? Já
falei do quanto eu fico empolgado só de falar dos filmes do cara? Já? Não foi
suficiente!
Pulp Fiction é Tarantino em seu máximo! É o roteiro
escrito por um cara que acabou de tirar o dedo da tomada, no ápice de sua
insanidade e de sua criatividade, seu maior ato de coragem, talvez nem tendo
consciência de tamanho absurdo ele levava às telas de cinema.
Eu vi Cães de Aluguel, eu vi Kill Bill, eu vi Bastardos
Inglórios e adorei todos, mas precisei ver Pulp Fiction para me apaixonar pelo
trabalho desse desgraçado.
A ideia de PF. é contar uma história só, com vários
núcleos de personagens (sempre em duplas), onde não haja protagonistas nem coadjuvantes.
Uma história só, totalmente segmentada e remontada de forma a ganhar ritmo e coerência,
e de forma que os personagens interajam entre si e que cada ato que eles
cometam repercuta de uma forma ou de outra nos outros segmentos. É como uma
Árvore da Vida do crime.
A grande trama, como um todo, conta várias pequenas
histórias. Uma delas é sobre um gangster, Vincent Vega (John Travolta) que
recebe a missão de tomar conta da esposa do chefe Marsellus Wallace (Ving
Rames, quase uma entidade mística) enquanto ele está fora da cidade. A esposa
se chama Mia, interpretada por Uma Thurman, e é tratada como algo intocável,
alguém por quem Marcellus chegaria a matar. Outra é sobre uma dupla de gangsters,
Vincent Vega e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) que liga todas as tramas em
uma e em certo ponto tem seu próprio (e espetacular) segmento. Outra é a
história de um pugilista, Butch (Bruce Willis), que é intimado por Marcellus a
perder uma luta decisiva e desobedece, passando a ser caçado pelo chefe do
crime e se envolvendo juntamente com ele numa das tramas mais
inacreditavelmente inusitadas, surpreendentes e doentes do cinema. E por fim um
casal de assaltantes vividos por Tim Roth e Amanda Plummer na sequência que
abre e encerra o filme de uma maneira sensacional.
Tudo conectado como uma grande e fragmentada história
genial, recortada e montada da única maneira que ficaria compreensível, da
única maneira que faria algum sentido. Se fosse montado de outra forma, de
forma linear, Pulp Fiction seria um Crash – No Limite com mais talento e
carisma, mas seria uma obra perfeitamente simples.
Tirar o elemento temporal, desconstruir a estrutura de
começo meio e fim, dá uma liberdade criativa tão grande a Tarantino que ele
pode manipular sua obra como bem entender, inserir nela referências a filmes
seus que sequer existiam até então, fazer links com obras que ele dirigiu e
escreveu e com obras que ele ainda dirigiria (há quem defenda a teoria de que,
exceto por Jackie Brown, todos os trabalhos escritos e dirigidos pelo QT teriam
ligação. Incluindo Bastardos e Django), personagens que protagonizam segmentos
e fazem figuração em outros, que morrem e nem por isso deixam de existir, elementos
insignificantes que ganham importância vital, é como tentar e obter êxito em
inserir ordem no caos!
E o Pulp Fiction como um todo, seja tecnicamente, seja
afetivamente, seja como for, é brilhante. A direção é impecável, os atores são
impecáveis, o roteiro é monstruoso, tudo feito com uma naturalidade (em certos
momentos é como se não houvesse uma câmera ligada), com uma maturidade para um
cara que estava apenas em seu segundo longa-metragem, com direito a atores
gigantescos fazendo ponta (olha o Cristopher Walken fazendo 3 minutos de cena, Steve
Buscemi fazendo um garçom que mal mostra a cara, Harvey Keitel que chega e some
e não aparece mais).
Há quem diga que que banaliza a violência, que valoriza
as drogas, eu digo que isso é besteira. É ficção, você tem que estar livre das
amarras do mundo quadrado em que vivemos. Não valoriza nem banaliza porra
nenhuma, pelo contrário, passa uma mensagem bem firme e clara pra quem quiser
ver mensagens. Drogas fazem mal e balas matam, se seus pais não te ensinaram
isso não é o cinema que tem que fazer!
O objetivo aqui é contar uma grande história e apresentar
personagens fantásticos, a ambição aqui é outra.
A ambição aqui é a de ser o maior filme de todos os
tempos e, meus parabéns, Senhor Quentin Tarantino. Você conseguiu.
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Brilhante!
ResponderExcluirValeu!
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